sexta-feira, 15 de maio de 2015

Humanidade ou Robumanidade no futuro?...

Valdemar Habitzreuter

As ciências avançam indefinidamente em seu caminho de desvendar os mistérios das leis da natureza e dão oportunidade ao homem de criar todo um aparato de proteção e progresso frente aos problemas da vida. O mistério da vida intriga os cientistas e, inclusive, tentam criá-la em laboratório. Conseguirão? Tentam dar vida a máquinas. Conseguirão? Perguntas que, hoje, responderíamos com um categórico ‘não’.

Diriam os crentes em Deus que este mistério não será revelado ao homem, justamente para preservá-lo, diriam eles, de não cair em tentação de arrogar-se ser ele - o homem - um Deus. Mas, se Deus é um ente inteligente, ou a ‘Pura Inteligência’ (segundo Aristóteles), e fez o homem partícipe dessa Inteligência, então não há por que não utilizar essa inteligência para galgar sempre mais alto a montanha do saber e dominar as leis da natureza.

Assim, assiste-se, hoje, sempre mais pesquisas e tecnologia bem-sucedidas criando mecanismos e máquinas robóticas que ajudam o homem/mulher a facilitar a vida. Essas máquinas são como seres pensantes ao executar tarefas. São, por assim dizer, possuidoras de inteligência, uma inteligência artificial, vindo à lúmen pela engenhosidade do homem.

Pode-se discutir, se essa inteligência, num futuro, poderá igualar-se à inteligência natural do ser humano. No entanto, a criação da inteligência artificial - não idêntica, propriamente, à inteligência humana -, que desempenha um raciocínio lógico e é autônoma para interagir no mundo, isso hoje já é viável e já está acontecendo numa escala inicial. Mas os cientistas se dedicam a algo mais, criar uma máquina vital emocional pensante. Impossível? Para a maioria de nós sim, será impossível. Mas não para muitos cientistas.

O Instituto de tecnologia de Massachussetts (MIT) é o centro de pesquisa o mais atuante e avançado a se dedicar na criação da inteligência artificial. É lá que renomados cientistas se entretêm em dar movimentos autônomos a robôs e de conferir-lhes inteligência. E querem avançar mais, querem produzir homúnculos artificiais tão sencientes e autônomos quanto o próprio homem. Já pensou, caro leitor, um robô com um emaranhado de conexões neurais artificiais produzindo pensamento, idêntico ao cérebro humano e ter vida própria?

Os estudos avançam. Filósofos, psicólogos, biólogos tentam dar sua contribuição. Mas, por ora as perspectivas não são animadoras. E não é por menos, dar vida e inteligência a uma máquina é de uma complexidade tamanha que ainda não está ao alcance do homem, pois ele mesmo ainda não sabe o que é propriamente a vida e como se originou; não sabe como se produz o pensamento no cérebro humano e o que é a consciência. Portanto, como introduzir isto numa máquina se não se apreende o conteúdo desses conceitos?

Mas, e se um dia o homem vier a desvendar todos esses mistérios? Seria capaz, então, de dar emoções, consciência às suas máquinas e serem auto reprodutoras? Uma máquina vital, pensante e autônoma não seria mais vantajosa em comparação ao frágil corpo humano que tem apenas umas dezenas de anos de vida? Estaria o homem disposto a abdicar de sua espécie e dar lugar a uma nova? Por que não, se a evolução da vida dá chances para novas espécies eclodirem com maior capacidade de se adaptar às novas exigências ambientais?

Pelo andar da carruagem, o homem parece sentir-se cansado de sua humanidade por tantas desgraças, desavenças e incertezas de sobrevivência, e procura orientar-se para uma nova ordem de vida que não se atém somente a esta restrita humanidade ora em curso, mas alçar-se a um outro patamar e perpetuar-se numa nova espécie. Assim, como da animalidade pura irrompeu a humanidade, desta, por sua vez, poderá irromper a robumanidade – uma humanidade máquina, com perspectivas imortais.

Como ficaria Deus nesta história toda? Irado com toda esta pretensão do homem? Acho que não, ele aplaudiria e diria: agora me retiro, pois a humanidade saiu da minoridade para a maioridade independente. Adeus! Que a robumanidade seja feliz! 
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 15-5-2015

4 comentários:

  1. Valdemar, teu texto me trouxe à lembrança algo que tenho aqui a tempos.
    Custei a achar mas encontrei
    E se for assim?
    Valeria a pena ver?

    http://www.kubrick2001.com/index.html
    Clique em idiomas e começa

    Abraço
    Ivan Ditscheiner

    PS: Não só Valdemar, mas obvio quem quiser ver

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  2. Caro Ivan, gostei. É bem sugestivo, o filme Odisseia no Espaço. Vem de encontro ao post acima. Na verdade, estamos sendo cada vez mais dirigidos por máquinas. Vc já se tocou o que é a internet? É uma máquina abstrata universal sem sede. Uma máquina inteligente. Quem é o dono? Ninguém. Ela está aí difusa em todas as sociedades como um corpus anonimus orientando nossas vidas. É um deus virtual a quem recorremos para nossas necessidades comunicativas, para execução de tarefas as mais diversas, e, sobretudo, estarmos ligados em rede e desfrutar da globalidade cultural, sem barreiras e fronteiras. Esta máquina saiu da inteligência do homem. Assim também a vida robótica com inteligência artificial está em gestação. Daqui a milênios, quem sabe esta inteligência não estará acima da inteligência humana... Mas, cadê o nosso amigo epicurista Rochinha, enciclopédia ambulante, para nos dar suas opiniões valiosas?...
    Valdemar

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    Respostas
    1. Não recordo se escrevi, mas lá vai, a inteligência artificial poderá ser milhões de vezes mais rápida que a humana, mas decidir entre o lógico sim e não, não pode levá- la a vitória e a decisão correta.
      O homem é mais perspicaz e eclético aos imprevistos, sua base de cálculos é baseada na realidade do momento nunca na lógica.
      Pra parar o Messi é fácil coloca ele no gol.

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  3. Vocês provocam mas gostam.
    Jamais a AI derrotará um humano.
    A IBM teve que fazer um computador especial para vencer Kasparov.
    O deep blue perdeu 2 e empatou 3.
    O deep blue 2 venceu e a UBM não deu revanche.
    O deep blue 2 era imenso, na caso dos 33 giga flops.
    FLOP é os cáculos por segundo.
    A china te um na casa dos 34 PETA flops, com 16 mill nódulos de dois processadores INTEL IVY Xeon de 3 cores cada com 88 gigabites de memória cada um, é um andar imenso.
    Só pra comparar:
    GIGA FLOPS É 10 ELEVADO A 9
    PETA FLOPS É 10 ELEVADO A 15

    Para competir com Kasparov montaram um 33 giga flops, o maios do mundo tem 34 peta flops.
    A diferença é do tipo de duas pedras discutindo suas idades uma de 300 milhões e a outra de 15 milhões.
    O homem pensa nas táticas de vencer, o computador analisa as táticas de não perder.
    Nisso somos imbatíveis.
    Você pode montar as táticas mais ferrenhas de defesa, aí vem um tal de Lionel Messi e as derruba.
    bom dia


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