quarta-feira, 20 de maio de 2015

Portugal paga taxa negativa para se financiar a seis meses

Portugal vendeu esta quarta-feira 300 milhões de euros em dívida a reembolsar em novembro. A taxa foi negativa: -0,002%

Foto: Steven Governo, Global Imagens

Edgar Caetano
Portugal vendeu esta quarta-feira 300 milhões de euros em dívida a reembolsar em novembro. A taxa média ponderada foi negativa, segundo a Bloomberg: -0,002%. É a primeira vez que o Tesouro português se financia a taxas negativas, o que significa, na prática, que os investidores pagam agora um preço pelos bilhetes do Tesouro que é mais elevado do que o valor que vão receber em novembro, na data de maturidade.

O último leilão de bilhetes do Tesouro a seis meses tinha sido em 18 de março, altura em que a taxa média neste prazo fora de 0,047%. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) já tinha estado perto de “pagar” taxas negativas numa emissão a três meses, mas a taxa acabou por ser ligeiramente positiva (no que diz respeito à taxa média).

Para esta taxa negativa contribuiu a forte procura, que superou em 4,6 vezes o montante colocado (os 300 milhões). O Observador debruçou-se recentemente sobre esta questão das taxas negativas no financiamento de vários países da zona euro, lançando neste Especial a questão: “Porquê emprestar a um país e perder dinheiro?

Também esta manhã de quarta-feira, 20 de maio, o Tesouro português emitiu 1.200 milhões de euros em títulos a 12 meses, que vencem em maio de 2016, pelos quais aceitou entregar aos investidores uma rendibilidade média de 0,021%, contra 0,094% em 18 de março. Aqui, a procura superou em cerca de duas vezes a oferta.

Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, diz que “embora não seja um dado impressionante para quem acompanha os mercados, não deixa de ser uma novidade Portugal estar a emitir a taxas negativas”. O especialista acrescenta que “este movimento é, acima de tudo, o resultado do plano de compras de ativos do BCE”, notando, contudo, que “Portugal continua a ser uma das melhores alternativas de investimento na zona euro” e que “este nível de taxas é muito positivo para descer o custo médio da dívida portuguesa”. 
Título e Texto: Edgar Caetano, Observador, 20-5-2015

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