Portugal vendeu esta quarta-feira 300 milhões de
euros em dívida a reembolsar em novembro. A taxa foi negativa: -0,002%
Foto: Steven Governo, Global Imagens |
Edgar Caetano
Portugal vendeu esta
quarta-feira 300 milhões de euros em dívida a reembolsar em novembro. A taxa
média ponderada foi negativa, segundo a Bloomberg: -0,002%. É a primeira vez
que o Tesouro português se financia a taxas negativas, o que significa, na
prática, que os investidores pagam agora um preço pelos bilhetes do Tesouro que
é mais elevado do que o valor que vão receber em novembro, na data de
maturidade.
O último leilão de bilhetes do
Tesouro a seis meses tinha sido em 18 de março, altura em que a taxa média
neste prazo fora de 0,047%. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida
Pública (IGCP) já tinha estado perto de “pagar” taxas negativas numa emissão a
três meses, mas a taxa acabou por ser ligeiramente positiva (no que diz
respeito à taxa média).
Para esta taxa negativa
contribuiu a forte procura, que superou em 4,6 vezes o montante colocado (os
300 milhões). O Observador debruçou-se recentemente sobre esta questão das
taxas negativas no financiamento de vários países da zona euro, lançando neste
Especial a questão: “Porquê emprestar a um país e perder dinheiro?”
Também esta manhã de
quarta-feira, 20 de maio, o Tesouro português emitiu 1.200 milhões de euros em
títulos a 12 meses, que vencem em maio de 2016, pelos quais aceitou entregar
aos investidores uma rendibilidade média de 0,021%, contra 0,094% em 18 de
março. Aqui, a procura superou em cerca de duas vezes a oferta.
Filipe Silva, diretor da
gestão de ativos do Banco Carregosa, diz que “embora não seja um dado
impressionante para quem acompanha os mercados, não deixa de ser uma novidade
Portugal estar a emitir a taxas negativas”. O especialista acrescenta que “este
movimento é, acima de tudo, o resultado do plano de compras de ativos do BCE”,
notando, contudo, que “Portugal continua a ser uma das melhores alternativas de
investimento na zona euro” e que “este nível de taxas é muito positivo para
descer o custo médio da dívida portuguesa”.
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