terça-feira, 26 de maio de 2015

Vanity projects

Vitor Cunha

Nos Globos de Ouro da SIC/Caras, Diogo Infante, ao receber o objecto dourado, tentou uma piada sobre a inexistência de um Ministério da Cultura. Aparentemente, esta lacuna ministerial prejudica severamente este e outros actores que, mesmo assim, recebem prémios dourados (com ministério até iam à lua).

Ontem, na RTP1, passaram uma gala da SPA que consistia em autores a premiarem outros autores. Estes elaboravam sobre a miséria que é o desinvestimento em cultura, mesmo após a aprovação da enaltecida Taxa Barreto Xavier sobre silício, o 2º elemento mais abundante no planeta Terra logo a seguir ao oxigénio (este ainda não taxado).

Em Cannes, Miguel Gomes apresentava o seu filme de 6 horas, “As Mil e Uma Noites”, sobre a austeridade em Portugal imposta pela Troika, aparentemente sem perceber nem fazer perceber ao público a ironia que é a produção de um filme de 6 horas sobre austeridade.

O que todos estes têm em comum* é a falta de vergonha. A república popular portuguesa, com contribuintes que além de suportarem pensões, rendas, salários, empresas falidas, abortos gratuitos no SNS – só para mencionar as pacíficas -, têm também que suportar estes negociantes da indignação cujo lucro deriva da crítica institucionalizada ao culto da mula de carga que são os contribuintes privados no país dos tolos.

António Costa devia endereçar já estas preocupações e assegurar que não faltarão fundos para a elite autoral poder assegurar a continuidade do trabalho endógamo de autores para o público de autores.

* Não vi o filme do Miguel Gomes, posso estar a ser injusto ao colocá-lo de antemão no rol de hipócritas que obtêm receitas no negócio da crítica da austeridade.
Título, Imagem e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias, 26-5-2015

Comentários:

António Torto
26 Maio, 2015 10:56

Todos refilam mas todos mamam:
São actores (ou será atores?) a atarem num choro desalmado porque querem ainda mais subsídios;
São estagiários que querem ser eternamente estagiários;
São bolseiros que querem continuar bolseiros até à reforma;
São produtores que vivem toda a vida sentados à manjedoura;
São artistas da rádio, TV, que querem boas reformas depois de se terem “esquecido” de descontar para elas;
Etc. etc. etc.
Em resumo, uma cambada de parasitas que querem viver à custa dos trabalhadores e que muito justamente se dizem esquerdistas, eu diria mais, canhotos, é o que eles são.
Defendidos pelos syrisas cá do sítio.

M. Almeida 
26 Maio, 2015 11:18

Victor Cunha,
Sobre o pateta do Infante com saudades do seu PS no governo (aliás perfilou-se logo no apoio a António Costa aquando das primárias, juntamente com o Represas e uns realizadores de cinema e maltinha da cóltura costumeiros do subsidio) acha que disse uma piadinha com muita graça, mas pelo que vi, a sala nem reagiu assim tão entusiasmada. Ainda não perceberam que a maioria já os topou. E pelo que vejo neste link, alguns indignaram-se com o discurso de Filipe Faisca, que , imagine-se, até enalteceu o crescimento da indústria textil e portanto o sucesso da economia do País, e que portanto chocou com o discurso dos subsidio dependentes que andam a vender um País miserável como fez o Miguel qualquer coisa em Cannes. Veja o Trailer.

A revolta dos indignados, que acham que os portugueses não enxergam a realidade e acham que temos todos que ver a miséria que eles, a par de comentadores de serviço andam a vender ao País.
De facto, nada melhor do que os portugueses ouvirem estas coisas por quem trabalha num dos sectores com muito sucesso neste momento em Portugal.

E se lá estivessem outros representantes de outros sectores, diriam o mesmo.
Ora aqui está a razão pela qual António Costa, o PS, e os comentadores ditos da direita à esquerda queriam eleições antecipadas.

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