quarta-feira, 24 de junho de 2015

Afinal, onde está o João Santana?

Cesar Maia
           
1. Nos últimos anos, espalhou-se o mito que a publicidade é o mais importante ministério dos governos. A curva de gasto dos governos com propaganda – incluindo publicidade, patrocínios, promoções esportivas e culturais, incentivos fiscais com seus logotipos, marcas em eventos, testemunhais de comunicadores, etc. – é exponencial. Difícil calcular, pois aparece distribuída e não concentrada na rubrica publicidade.
           
2. Aliás, seria uma boa medida os tribunais de contas, ou mesmo uma resolução do senado, determinar que todo esse gasto fique alocado em uma só rubrica. Somando tudo o que se gasta em um ano em propaganda do governo federal, estados, municípios e empresas dos governos, se iria a mais de R$ 10 bilhões por ano, talvez mais próximo de R$ 15 bilhões.
           
3. Uma máxima de propagandistas de governos, de uns 80 anos atrás, já lembrava que “não há um bom governo sem uma boa publicidade, mas também não há uma boa publicidade sem um bom governo”. Outra máxima centenária ensina que “... não se engana todo mundo o tempo todo”.
           
4. A nossa Constituição – até ingenuamente – proibiu publicidade dos governos com o nome dos governantes. Mas se esqueceu de que a vinculação não precisa de nomes, mas de marcas. E mais grave, distorceu o processo democrático na medida em que os governos têm direito a fazer qualquer propaganda e a oposição não. E com o dinheiro dos impostos. Nos Estados Unidos e na Europa governos são proibidos de gastar dinheiro com publicidade.
           
5. “Quero morar na propaganda do governo da Bahia”. Quero Morar na Propaganda do Governo da Bahia fez sucesso no YouTube ironizando com um ‘contra-jingle’ a propaganda do governo. O uso e abuso da TV nas campanhas eleitorais brasileiras tem se aproveitado de um certo alheamento do eleitor com a política e durante os 45 dias de campanha na TV recriam os governos mostrando fatos e feito virtuais, pagando jingles e depoimentos... E elevam a aprovação aos governos que disputam a reeleição.

6. A propaganda pode criar governos virtuais enquanto o eleitor está desatento ou enquanto as mazelas dos governos ainda não estão generalizadas. A propaganda exaltando feitos dos governos medíocres procura convencer o eleitor que o sucesso em outros pontos vai chegar ao eleitor em um pouco mais de tempo.
           
7. Durante anos dos governos Lula-Dilma, o que se via era ambos despachando com o publicitário João Santana para desenhar a publicidade do governo na TV e aumentar ou recuperar, virtualmente, prestígio. E agora? Dilma bate recordes de impopularidade. Lula vai junto e passa a dar entrevistas e fazer palestras dando show de oportunismo – transferindo responsabilidades para Dilma e o PT.
           
8. Afinal: onde está o João Santana?? 
Título e Texto: Cesar Maia, 24-6-2015 
Grifos: JP

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-