João Pereira Coutinho
Quando o Syriza ganhou o
referendo na Grécia, os otários festejaram por aí: finalmente, o governo de
Alexis Tsipras fazia um manguito à ‘austeridade’ com uma vigorosa lição
democrática. No dia seguinte, o governo do manguito esticava o braço e já
andava a pedir esmolas aos credores, aceitando a ‘austeridade’ toda.
Os otários mudaram de
‘narrativa’. A capitulação da Grécia e a traição ao seu povo era culpa dos
alemães, que pressionaram o imaculado governo Tsipras a engolir todos os sapos
sob ameaça de uma saída do euro.
Sabemos agora que, afinal,
Tsipras andou a preparar nos bastidores essa saída do euro e um regresso ao dracma,
com o apoio de Moscovo. Sem sucesso.
Os otários portugueses, se
tivessem vergonha na cara, recolhiam-se em meditação e não abriam o bico tão
cedo sobre a ‘austeridade’ ou ‘os nazis’ dos alemães. Mas, por outro lado, se
eles tivessem vergonha, dificilmente seriam os otários que são.
Título e Texto: João Pereira Coutinho, Correio da Manhã, 27-7-2015
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