terça-feira, 28 de julho de 2015

Zona Euro e o velho Papaçordismo nacional...

Tavares Moreira
A recente convulsão político-financeira da Grécia constituiu uma óptima oportunidade para revisitarmos a imensa capacidade criativa bem como a incorrigibilidade dos cultores do Papaçordismo nacional…

Desde aqueles que viram na crise grega e no seu desfecho o fim da Europa ou do projecto europeu, aos que advogam a necessidade de uma reforma profunda do Euro (sem qualquer especificação, para se perceber melhor…), houve de tudo nestas semanas de grande agitação.

Recordo-me ainda bem (já aqui tenho referido) do modo essencialmente folclórico com que este Papaçordismo interpretou  a nossa adesão ao Euro:  um grande feito nacional – ter sido capazes, aparentemente sem esforço, de participar na carruagem da frente do Euro – que se impunha festejar, festejar (leia-se gastar)…

… não havendo à época quase ninguém que tivesse chamado a atenção para as exigências que a partilha de uma moeda comum com países que tinham uma forte tradição de disciplina financeira/monetária nos impunha, nomeadamente no plano orçamental.

Chegou-se ao ponto de um alto responsável pela política económica se ter aventurado a proclamar publicamente, em Fev/2010, a irrelevância do endividamento externo numa zona monetária como a do Euro, contrariando, com toda a autoridade, os avisos tontos de alguns, bem poucos por sinal, que já na altura chamavam a atenção para os riscos do excessivo endividamento do Estado e dos privados.

Para este Papaçordismo nacional, a disciplina que a zona Euro exigiu/impôs à Grécia é inaceitável: a zona Euro deveria ter permitido que a Grécia continuasse a ser gerida à revelia das regras financeiras que são a essência de uma união monetária credível, não restando  aos demais países  outra solução que não fosse curvar-se perante as fantasias e os caprichos dos novos dirigentes gregos, dispensando-lhes todo o apoio financeiro, a fundo perdido se necessário…

… não fazer isso foi trair o projecto europeu, reduzindo a cinzas os valores da solidariedade e da cooperação, elementos básicos desse projecto!

Não há emenda possível para o Papaçordismo nacional…daqui a 10 anos estaremos exactamente na mesma! 
Título e Texto: Tavares Moreira4 – Quarta República”, 27-7-2015

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