domingo, 23 de agosto de 2015

Acorda Alice, para ver o flautista...

Jonathas Filho


Numa curiosa aldeia chamada “Das Wunderland” havia uma rainha que abdicou, mas permaneceu sentada na poltrona do mando como investida no cargo... só fazendo o coletivo de cágados ou fumando seus charutos preferidos. Continua enxugando o gelo que lhe é dado pelos aldeões, mas se mantém reticente e não sai. Garante que não sai do trono, fala que está tudo bem e que não há nada para... temer.

A pobre criatura, coitada... não consegue verbalizar o que seus neurônios tentam lhe informar, mormente porque ainda desconhecem os sinais de “off” ou de “on” nos circuitos das sinapses e então não “ligam” as informações cognitivas, e com isso a coitada se confunde e perde a conexão a todo instante, deixando “su pueblo vergonzoso” e criando várias lagunas quando fala. Seriam lacunas?

Em represália ao gelo, resolveu que não iria autorizar aos aldeões idosos, a dose de água extra que sempre ocorre após o meio do ano. Essa dose extra era esperada ansiosamente pelos moradores desta louca-lidade, que por obra de San Peter of the Sky estava com suas lagunas com muitas lacunas, ou seja, cheias de espaços vazios d’água. Apesar de isso ocorrer somente nessa época, os pobres aldeões idosos, se recebessem uma quantidade maior de água; tinham a vã pretensão de poder lavar as suas dívidas acumuladas e que não eram poucas.

O estranho... muito estranho mesmo, é que nessa louca-lidade se pode lavar moedas em grande quantidade em qualquer época do ano. Dívidas não.

Continuando lavando a roupa suja, soube-se que o mentor dessa barbaridade foi um monstruoso serviçal... um vizir chamado leviatã que tem privilégios e que vergonhosamente já tinha recebido a sua própria cota de água, entretanto, egoisticamente, ele não queria que os idosos aldeões recebessem as cotas deles. Pode?
                                   
Com medo da “grita” que já se assomava pelos também estranhos caminhos dessa aldeia, a rainha de copas e de outros certames esportivos, resolveu mandar o monstro serviçal abrir a torneira, entretanto ainda não se sabe se essa água virá em dose única ou em doses homeopáticas como ele malvadamente sugeriu.

Já que o assunto é roupa suja, esses velhinhos lembram a todo instante o que ocorreu com as reservas de carvão do Preto Bráz que estavam sob a guarda e aos “cuidados” de vários roedores - agora consideradas pelos idosos aldeões como perigosos ratos Pirotécnicos – porque, depois de quase tudo “queimado”, eles estão aparecendo nas histórias cantadas pelos menestréis, acompanhadas pelo doce som dos alaúdes.

Tudo isto foi causado pela coragem de um flautista garboso. Apesar de não levar a vida na flauta como na outra fábula, este flautista é revestido da mais decente competência, correção, imparcialidade e está amparado pelas leis da aldeia e pela sagrada Justiça, e tocando sua flauta tem atraído um enorme bando de ratazanas de grosso calibre para a limpeza, colocando-os num recipiente de lavar cheio de grades. Tudo está sendo lavado, enxaguado e espremido com turbinas que tem um poderoso sopro, um tipo de jato.

Nessa alquímica aparelhagem, entra-se rato e depois de algum tempo, sai-se roto... sem um centavo sequer.       

Alguns desses roedores já aprenderam o idioma conhecido como dedurez e estão sendo premiados e já estão se programando para a prova de vestibular para a Faculdade Xisnove. Até um ex-Grão-Vizir manhoso e autodidata como é, no conforto do cárcere pode estar na “encolha” aprendendo para tentar uma vaga também. Quem sabe? Estudar nunca é demais!

Muita sujeira acumulada já desceu pelo ralo da improbidade, mas graças à diligente ação dos Agentes da Pro-Filaxia, que providenciaram a colocação de um filtro na boca da canalização que leva toda sujeira ao esgoto, várias contas numeradas em diversos paraísos fiscais estão ficando retidas nessa rede.

Mas, ainda falta muita “roupa” para ser lavada e os idosos aldeões estão indóceis esperando esse Flautista atrair mais roedores de outros depósitos de víveres, utilidades e bens dessa aldeia. Até um grande depósito com o pomposo nome de Bens Notáveis Desta Estranha Sociedade já tem data e hora para escutar o agradável som da flauta desse que trabalha como um mouro... Seria como um moro ou como um muro?

Há até uma campanha instalada entre os idosos aldeões que mandaram pintar nas suas puídas camisetas o slogan “Je Suis Moro, chega de desaforo.

Dizem as boas línguas que esse judicioso flautista lembra o famoso jurista italiano Aldo Moro que mostrou sobejamente que Justiça e proteção à Pátria se fazem quando se quer. Dizem também que um representante dessa aldeia, que está sempre procurando, levou duas enormes ratazanas ao libelo e pode ser que esse elegante janota, num ato de limpeza ética, investigue outros roedores.

Tem roedores de barba que estão colocando esses pelos brancos de molho. Vai que...

Será isso tudo uma fábula? Será isto é uma obra de ficção ou qualquer semelhança com a realidade será por mera coincidência?
Você decide! 
Título e Texto: Jonathas Filho, não vive na flauta... 23-8-2015

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