sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Aeroporto

José Manuel

Aeroporto, um filme americano de 1970, baseado na obra homônima de Arthur Hailey, foi um dos maiores sucessos de bilheteria mundial.
Foi tão retumbante o seu sucesso, pois iniciou a era dos filmes catástrofe, que teve mais três versões filmadas como a de Aeroporto 75, Aeroporto 77 e Aeroporto 80.
Este último inclusive utilizou como aeronave um moderníssimo, à época, e inesquecível Concorde.

Muito poucos sabem, o primeiro filme foi rodado tendo como avião um Boeing-707, alugado pela Universal Pictures junto à empresa Flying Tiger Line. Ele serviu para a realização de cenas que mostravam o exterior. Após o término das filmagens, o avião foi devolvido à Flying Tiger Line e tempos depois vendido. A partir de então o avião teve vários donos, até ter um trágico fim em 21 de março de 1989, num acidente no Brasil, na cidade de São Paulo, quando era operado pela Transbrasil.

A queda do Boeing 707 prefixo PT-TCS, cargueiro, ocorreu às 11h54 da manhã, quando perdeu altitude e sustentação, colidindo com casas e um pequeno prédio, três mil metros antes da aproximação da pista do aeroporto internacional Franco Montoro em Guarulhos.

Continha no momento do acidente aproximadamente quinze mil litros de combustível e incendiou-se imediatamente. Estava carregado com vinte e seis toneladas de produtos eletrônicos provenientes da zona franca de Manaus, e ocasionou a morte dos três tripulantes da aeronave, vinte e duas pessoas em terra e causado ferimentos em mais de cem pessoas.

Há uma relação entre o que acabo de escrever e o que ocorre em nossas vidas quarenta e cinco anos depois do lançamento do primeiro filme Aeroporto.

Primeiro, o filme foi lançado em 1970, mesmo ano em que comecei a minha vida profissional como tripulante da Varig.

O filme teve quatro versões, e por incrível que possa parecer nós já fizemos três versões de um protesto em greve de fome e num aeroporto.

O B-707 veio parar exatamente na Transbrasil, empresa que está arrolada também nos processos com o Aerus.

A nossa luta não irá esmorecer apesar de todas as possíveis "armações" que têm sido feitas contra nós. A cada uma nova ficamos mais experientes e sabedores de como reagir, pois estamos ficando experts em nos safarmos com dignidade.

Duas hipóteses irão ocorrer daqui para o futuro, e assim como na versão cinematográfica talvez tenhamos que fazer um quarto protesto, que poderá também não acontecer.

Mas a certeza absoluta que temos é que conhecemos os dois pilotos que estão no comando há treze anos de uma aeronave também com sobrenome brasil, que em voo cego vem cometendo toda a série de imprudências, e já está na final curta de um pouso em emergência, em que imitando a ficção do cinema talvez não consiga chegar à pista tão almejada.

Apenas esperamos que o final desse voo que já se desenha no horizonte, como mais uma catástrofe, não tenha o mesmo número de vítimas, do mesmo acidente do protagonista que fez o filme lá nos idos de 1970.
Título e Texto: José Manuel, como tripulante, sempre de prontidão a um novo chamado da escala, 28-8-2015


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Um comentário:

  1. Heitor Rudolfo Volkart28 de agosto de 2015 às 23:12

    JM, lembro me bem do primeiro filme, foi quando deixei Porto Alegre, para residir no Rio, e posteriormente entrar na Varig. Gostaria de acrescentar ao final de sua redação, que neste pouso de emergência, que esta prestes, os dois Pilotos sobrevivam e após o Hospital, venham parar na Cadeia. Um Abs.

    Heitor Rudolfo Volkart

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