João Lemos Esteves
1. Realizou-se, no passado
fim-de-semana, mais uma edição da Festa do Pontal, iniciativa que marca o
lançamento da pré-rentrée do PSD (isto porque a rentrée propriamente dita,
desde há uns anos a esta parte, se inaugura com o discurso do líder na
Universidade de Verão da JSD). Este ano teve uma novidade histórica: a
participação do líder do CDS/PP, Paulo Portas. As bandeiras que se agitaram na
Quarteira não foram, consequentemente, as bandeiras laranjinhas, mas sim as
bandeiras equitativamente distribuída por tonalidades laranjas e azuis. As
bandeiras da Coligação Portugal à Frente.
2. A primeira observação que
importa fazer é que a mobilização para o Pontal se revelou um enorme sucesso.
As imagens televisivas do evento foram muito impressivas com as mesas animadas
e repletas; pessoas presentes, até para além da área destinada ao Pontal a
aplaudirem os discursos de Passos Coelho e Paulo Portas (até nas varandas das
casas, imagine-se!); Paulo Portas e a Ministra das Finanças aos beijos e
abraços, o que é uma imagem forte para apagar ou fazer esquecer o episódio do
irrevogável. Enfim, há paz, confiança, motivação e alegria realista entre as
hostes da coligação Portugal à Frente. Há motivos para tamanha alegria e
confiança? Bom, é uma alegria realista e contida. Uma alegria dada pela
consciência tranquila de que o Governo PSD/CDS tudo fez para salvar Portugal da
bancarrota – e começar as sarar as inúmeras feridas no nosso tecido económico e
social provocadas pelo PS. Pelo PS liderado por José Sócrates e António Costa.
3. A alegria da coligação é
uma alegria de trabalho cumprido e uma alegria de esperança. Esperança no nosso
futuro colectivo. Esperança nas qualidades, nas capacidades, da vontade
transformadora de cada português. A esperança e o projecto de futuro da
coligação contrastam claramente com o caos, com as divisões, com a falta de
liderança do Partido Socialista. O Partido Socialista está preso ao passado – em
parte por opção; em parte, porque ainda não se conseguiu libertar do trauma da
sua trágica experiência governativa entre 2005-2011. O PS precisa de um longo
tratamento de psicanálise política. O PS precisa de se reinventar. Por isso, os
portugueses têm de fazer um favor aos socialistas: condená-los à oposição mais
uns quantos anos.
4. Por conseguinte, os
discursos de Passos Coelho e de Paulo Portas acertaram na “mouche”, ao
salientar as seguintes ideias-chave:
1) O Partido Socialista, no
seu programa, (que ao contrário do que Costa refere não segue o cenário
macroeconómico em muitos pontos – mas até agora ninguém confrontou Costa com
esse pequeno pormenor) propõe regressar a soluções que já provaram erradas;
2) O Partido Socialista
recusa-se a colaborar com o PSD e o CDS (os dois partidos estruturantes da
democracia portuguesa) na resolução do problema da sustentabilidade da
Segurança Social. Em alternativa, o PS quer, sozinho, levar à privatização,
total e descarada, da Segurança Social. Ou seja: o PS está muito à direita do
PSD!
3) O governo PSD/CDS assegurou
o futuro de Portugal. O nosso futuro; o futuro dos nossos filhos; o futuro dos
nossos netos. Porque, antes de salvar e aperfeiçoarmos o Estado Social, temos
de salvar o Estado. Sem Estado, não há sociedade politicamente organizada. Só o
caos, a caminho da selva, da lei do mais forte. Foi o trabalho de Passos Coelho
e de Paulo Portas que salvaram o nosso Estado do caos e os portugueses do
desespero. Infelizmente, o Povo grego não teve a sorte de contar à frente dos
seus destinos colectivos alguém tão responsável e dedicado ao interesse público
como Pedro Passos Coelho, com o contributo decisivo e muito relevante de Paulo
Portas. Tiveram outra sorte, que é o mesmo que dizer, tiveram o enorme azar de ter
a esquerda irresponsável, demagógica e populista a liderar os seus destinos.
Esquerda irresponsável que mereceu o aplauso de António Costa, como certamente
o nosso estimadíssimo leitor se recordará.
5. A coligação Portugal à
Frente está, por todas as razões já aqui enumeradas, no bom caminho para
derrotar o Partido Socialista. Dizem-nos que, em breve, surgirão sondagens em
que os socialistas caem, sem margem para dúvidas, para a segunda posição.
Passos Coelho e Paulo Portas já encaram a sua vitória como o cenário mais
provável: Passos pediu mesmo aos portugueses uma maioria absoluta para governar
só a pensar nos interesses superiores de Portugal – e evitar dispersar a sua
atenção por politiquices, por questões de mero arranjo partidário.
6. Devemos, no entanto,
alertar para o facto de o discurso da coligação se apresentar como demasiado
curto para chegar à maioria absoluta. Apelar à segurança e ao repúdio dos
portugueses de voltar atrás, voltar aos tempos da irresponsabilidade e
governação trágica dos socialistas, não é suficiente para a maioria absoluta.
7. Para chegar à maioria
absoluta, a coligação tem de alargar o “espaço vital” do seu eleitorado,
chegando a uma franja do centro-esquerda. E este discurso de apenas salientar o
que já foi feito, de enaltecer os serviços mínimos- é manifestamente
insusceptível de congregar o apoio da maioria alargada do eleitorado.
8. Será que Passos Coelho
aparecerá, em breve, com uma nova abordagem e um discurso mais virado para o
futuro? Uma certeza: ainda é possível Passos Coelho e Paulo Portas chegarem à
maioria absoluta. Mas têm de trabalhar para o merecer na recta final da
campanha eleitoral.
Título e Texto: João Lemos Esteves, SOL, 18-8-2015
Pedro Passos Coelho na Rentrée
da Coligação “Portugal À Frente”:
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