quinta-feira, 13 de agosto de 2015

PT já entrou na fase de ampliar as afrontas para testar nossos limites

Luciano Henrique

Eu não tenho me impressionado com os 7% de popularidade de Dilma Rousseff. A meu ver, o PT ainda está bem vivo na guerra política, e é exatamente por este motivo que temos que caprichar o máximo possível no dia 16/8. Mas em seguida também precisaremos rever nossos conceitos, pois ultimamente têm ocorrido algumas coisas absurdas, em favor do PT, com a consequente falta de ações táticas direcionadas por parte da direita.


A Marcha das Margaridas, que reúne cerca de 30 mil pessoas em Brasília na manhã desta quarta-feira (12), segundo estimativa da Polícia Militar, chegou à Esplanada dos Ministérios e ao Congresso aos gritos de “Fora, Cunha!”.

Organizada pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), a marcha é composta principalmente de mulheres agricultoras de vários Estados do país. Há também estudantes universitárias, sindicalistas e grupos feministas. O público vindo de outros Estados ficou alojado no estádio Mané Garrincha, de onde partiu no início da manhã.

Por volta das 10h, o ato começou a circundar o Congresso, com a orientação de “virar as costas” para o Parlamento, sob palavras de ordem contra a regulamentação e a ampliação das terceirizações –projeto recentemente aprovado pelos deputados–, críticas à redução da maioridade penal e às discussões sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

“Marcha, mulher, marcha / molha os pés mas não faz a unha / viemos de todo o Brasil / pedir a cabeça do Cunha”, cantava uma manifestante do alto do carro de som. Presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) declarou guerra ao governo e vem impondo à presidente várias derrotas na Casa.

Na rua, faixas contra a violência doméstica, de “Não ao racismo” e de “Golpe não”. O ato, que recebeu patrocínio de R$ 855 mil de empresas estatais como a Caixa e o BNDES, serviu como uma espécie de desagravo em favor da presidente.

Está aqui: o PT consegue usar quase 1 milhão de reais de verbas estatais para financiar um evento político em favor de seu partido e isto não gera indignação suficiente diante uma afronta tão inadmissível, onde falamos do uso de dinheiro público para atacar os opositores do partido.

Alias, para quem diz “Que direita? Cadê direita?”, basta lembrar o inferno na Terra, em termos de pressão política, lançado sobre Álvaro Dias na eleição de Fachin, e sobre vários deputados na questão da redução da maioridade penal. Então, a direita existe. Todavia, ela não consegue pensar nas questões mais importantes do PT, e nem disputar os frames mais relevantes. Por exemplo, quando o PT fecha com a Globo e ainda gasta os tubos com a BLOSTA, não há um décimo (e estou sendo generoso) da indignação lançada contra Fachin. Por que isso acontece? Porque essa direita escolhe suas questões, e, por causa dessas escolhas, dificulta um jogo fácil.

Como resultado, vemos, impunemente (e tudo financiado com nossos impostos), artigos como este, intitulado “Eduardo Cunha tem que sair da presidência da Câmara”, escrito por Luis Nassif:

São visíveis os sinais de descontrole de Eduardo Cunha, por enquanto presidente da Câmara Federal.
Não se avalie apenas pelo olhar alucinado, que não consegue se fixar em nenhum ponto, pela fala descontrolada, pelos tiros que dispara a esmo, contra qualquer alvo que o descontente. Ele está clara e ostensivamente desequilibrado.

Fosse um piloto de avião, seria interditado. Se policial, tirariam suas armas até se submeter a um teste psicotécnico. Estivesse internado, seria confinado em uma área reservada a pacientes de alto risco.

Esse descontrole não recomenda que seja mantido à frente da Câmara, principalmente depois que for denunciado pelo Procurador-Geral da República.

No cargo, ele pode armar barganhas, inclusive atropelando o regimento, como se observou no caso da votação da Lei da Maioridade Penal. Além disso, possui poder de retaliação e já demonstrou pretender utilizar as instituições públicas para livrar-se da denúncia.

Testemunhas apontam-no como um sujeito perigoso – daí a importância de ser apeado do cargo, inclusive para que a Polícia Federal possa monitorá-lo, impedindo ações de retaliação contra testemunhas.

Não se trata de um parlamentar comum, mas de uma ameaça pública – e ameaça individual aos seus adversários.

É para baixarias deste tipo, típicas de um jornalista golpista de quinta categoria, que o PT torra o nosso dinheiro. E tudo com nossa cumplicidade e falta de indignação, ou seja, validação.

E quando reclamamos de algumas escolhas da direita, surge com rapidez de um tiro o seguinte argumento: “Ei, Luciano, não temos os mesmos meios que a esquerda”.

Mas isto já revela uma contradição: esse mesmo direitista que reclama de não poder gerar resultados por “não ter os mesmos meios que a esquerda” recusa-se a pedir demandas como (1) Fim da publicidade estatal desproporcional para a BLOSTA, (2) Proibição de anúncios de empresas estatais monopolistas, (3) Definição de critérios isonômicos para o restinho que sobrar do dinheiro estatal de anúncios, (4) No geral, redução de 10 vezes o valor estatal hoje gasto em anúncios. E esta deveria ser apenas a demanda inicial dentre as propostas realmente estratégicas.

Seja como for, a escolha da direita por não disputar as questões mais importantes está gerando um cenário onde, mesmo com uma popularidade baixíssima, o PT resolveu tentar até onde vai o sangue de barata da direita. 


Título, Imagem e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 13-8-2015

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