segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Que mistério é esse?...

Valdemar Habitzreuter

Tempo. Duração. Mas, o que é isso, o tempo? Sabemos que tudo tem uma duração no tempo. No entanto, não vemos o tempo, é algo intocável. Apenas verificamos que envelhecemos, as coisas envelhecem, e isto significa que há um passamento, um movimento que mal notamos. É isso o tempo?

Parece que estamos envoltos num mistério insondável. As coisas aparecem, se desenvolvem e desaparecem. Isto tudo num determinado espaço de tempo ou duração. Assim, as coisas que vemos e tocamos acontecem espacialmente e duram algum tempo. Isto podemos averiguar em nós mesmos: nascemos, crescemos e temos um fim. É isso a nossa duração.

A palavra-chave a compreender em relação ao tempo, pois, é duração. Esta palavra é até um tanto paradoxal se nos ativermos à sua etimologia: vem do latim durus, significando duro, rijo, sólido, resistente ao tempo. Mas não é o caso aqui quando dizemos que as coisas duram; isto é, têm um começo e um fim, são duráveis, embora possam ser duras e resistentes, mas serão inexoravelmente finitas.

Portanto, o termo duração poderá nos esclarecer o que é o tempo. Em primeiro lugar notamos que é a consciência que alcança o significado de durar, porque no íntimo de cada um de nós sentimos isto: duramos; e esta duração a percebemos como um ato criador; isto é, há algo em nós, uma força, um élan vital que nos transforma dia após dia e nunca somos os mesmos do dia anterior ou da hora, minuto ou segundo anteriores. Acontece em nós um amadurecimento, uma evolução contínua culminando na morte. Tivemos nossa duração. E isto também percebemos nas coisas.

Num segundo momento temos que considerar a duração em si mesma, não mais nós que duramos ou as coisas que duram. Simplesmente fazer um esforço intuitivo para apreender a duração em si, em seu sentido absoluto; e chegamos à conclusão que ela é infinita: o passado é sem começo e o futuro, sem fim. O tempo, portanto, é infinito.

Assim, pelo conceito da duração, não se deve dividir o tempo em passado, presente e futuro. A duração é um rolo só, em que o presente se avoluma ou incha-se projetando-se para adiante. Isto é, a duração em si é um ato criador, um élan que vai se manifestando em coisas criadas; ou seja, materializando-se; e essa matéria criada tem sua duração finita, enquanto a força criadora - o élan criador –, em sua infinitude, forja eternamente novas criações, onde nada se repete, tudo é novo. (O coqueiro do teu quintal, um dia morrerá, e da semente que deixou brotará outro. Embora semelhante, não é o mesmo, é um novo coqueiro).

A rigor então, poder-se-ia afirmar que a duração é a realidade absoluta dentro da qual a criação acontece. É claro, fica inexplicável o que é ou donde provem esta força ou élan criador que se traduz em duração. Se a isto queiramos chamar de Deus, não estaremos cometendo um absurdo, contanto que esse Deus não tivesse nada de estático ou estivesse fora da dimensão da duração. Seria uma força dinâmica criadora e imanente à própria duração eterna; um Deus inacabado fazendo-se ininterruptamente com seu ato criador.  
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 10-8-2015

2 comentários:

  1. Leio com interesse seus comentários, mas a duração que você tenta atribuir ao ciclo universal é conflitante.
    Devemos nos inteirar que TEMPO é uma invenção humana apar atribuir referências a duração de um ciclo.
    O homem tenta de todos os modos viajar no tempo.
    Até colocou um nome numa partícula fictícia que poderia ser mais veloz que a luz, o "TÁQUION" na hipotética convicção de que ela chegaria ao ponto de partida antes de ter partido. Isso é utopia, não dá para chegar-se ao ponto de partida antes de se ter partido, mesmo que o átimo de tempo tenha sido vencido, essa é uma impossibilidade física. O próprio universo cuida que o passado não exista.
    O universo não tem presente, sempre seus passos são no futuro.
    É fácil discutir nossas velhices.
    Somos convidados a viver em média 70 anos terrestres, difícil entender é o porque do ciclo.
    A humanidade com imortalidade seria um CAOS.
    Já observamos o Caos sem o controle da natalidade.
    Ficamos reféns das possibilidades.
    Vejo alguns disparates no cotidiano.
    Por exemplo:
    Atrás de um volante tem uma pessoa que se diz inteligente, que não obedece os regulamentos de trânsito, que justifica suas transgressões às leis, acusando os governos de industrializar as notificações de multas, quando é apenas um imbecil tentando ser mais rápido ou melhor que os outros, muito preocupado com o tempo.
    Vejamos que Um senador compra carro de 3 milhões e não paga o IPVA porque é senador, ele não está preocupado com o tempo.
    Assim quando discutimos o FATOR PREVIDENCIÁRIO, debatemos o maldito tempo.
    Eu acho que é extremamente necessário adaptar os tempos de aposentadoria e de contribuições. O que era positivo em 1940 já não é produtivo em 2015.
    O tempos estimado de vida aumentou, para um tempo de trabalho diferenciado.
    Eu me aposentei com 42 anos e 26 de trabalho, aproveitei-me da brecha da lei, e creio que todos nós aeronautas o fizemos.
    Saí com 49 anos no PDV.
    Então cumpri 33 anos de serviço.
    A previdência é uma pirâmide monetária, necessita de contribuintes novos a cada dia e para não quebrar precisa atrasar as aposentadorias.
    A solução são as previdências privadas, que também são piramidais.
    Tudo fora da dimensão do tempo.
    Meu pais se aposentou aos 55 com 35 anos de Varig, sem relógios de ouro, sem placas comemorativas, faleceu aos 78.
    Patrocinou por 35 anos e os 23 anos que recebeu, foram em valor maior que sua poupança.
    Por isso Valdemar o tempo é relativo ao ponto de partida até o ponto de chegada.
    E como sou louco, eu afirmo com determinada certeza que a teria da relatividade do Grande Einstein é uma falácia, pois é baseada numa invenção do homem, contra a velocidade da luz que é um teorema do universo.
    A luz sempre terá a mesma velocidade cíclica, não importa a medida de tempo que seja usada.
    O TAI tempo atômico internacional é um segundo como 9 192 631 770 vezes o período da luz emitida pelo isótopo 133 do Césio, no nível fundamental.O TAI varia menos de 1 segundo em 3 milhões de anos.
    Assim existem tantas medidas de tempo fora de nossa entendimento.
    Se o GPS usasse a apenas o TAI ele erraria suas coordenadas em 15 km por dia.
    Então ele é corrigido pela média do tempo comum terrestre e o tempo coordenado geocêntrico, para se atualizar.
    As medidas de tempo dos deuses são completamente desconhecidas.
    bom dia

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  2. Bem, VSROCCHA, é justamente este tempo mensurável, de relógio, dos cientistas que eu quis evitar na abordagem acima. Meu intento foi dar uma compreensão filosófica e mesmo psicológica de tempo como duração. Se observarmos bem, tudo tem uma duração, e a duração em si mesmo é um conceito abstrato que, no entanto, percebemos como real onde as coisas acontecem e duram... Com isso não nego o tempo dos cientistas como uma quarta dimensão do espaco, que é útil para seus cálculos cientificos.
    Um abraço e obrigado pelo comentário
    Valdemar

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