terça-feira, 15 de setembro de 2015

"O volume de som do lamento dos inconformados equivale a um pio de uma pequena coruja"

Jonathas Filho
Prezados amigos:

Ao ler o que o colega de voo e amigo, José Manuel, escreveu no seu texto “O Despertar de Uma Consciência”, principalmente na parte em que ele faz, humildemente, uma espécie de confissão com relação a uma tomada de posição imediata contra o estado de coisas que se abateu sobre os funcionários da Varig já aposentados, ou ainda ativos que são participantes do Fundo de Pensão Aerus.

Sim, eu me vejo no texto acima mencionado e aproveito a oportunidade para também fazer a minha MEA CULPA.

Eu tinha voltado a trabalhar depois que me aposentei em 1996 e deveria ter arranjado mais tempo para me dedicar de modo mais intenso e profundo, porque sempre fui um inconformado nesse cenário de agruras que nos atingiu e também aos nossos familiares.

De fato, por desconhecer à época os trâmites judiciais e seus inúmeros meios recursais, eu ingenuamente acreditava que a Justiça nos atenderia rapidamente e consagraria todos os nossos direitos e haveres e assim não esperneei nem gritei como deveria.

Na realidade, foram poucos antes da tragédia anunciada e após a calamidade concretizada que se dispuseram a gritar ou a se propor a tomar atitudes condizentes com o nosso problema; um infortúnio que se apresenta até o momento, sem data para terminar.

Quando todos éramos garbosos funcionários da Varig, a “nossa” empresa parecia que jamais seria destinada ao fim ignóbil que teve e, com raras exceções, percebia-se também que um grande número de funcionários tinha um certo orgulho em se considerar como apolíticos!

Depois que foi sentido todo o mal perpetrado à Empresa e aos seus funcionários na sua iminente derrocada, ainda assim, somente uma parcela muito pequena começou a se envolver com a montanha de problemas advindos da situação pré-falimentar.

Porém, somente após o fechamento da Varig, com a absurda redução do pecúlio mensal do nosso (?) Fundo de Pensão Aerus que complementava nossas aposentadorias e das demissões dos funcionários da ativa sem o pagamento dos seus direitos trabalhistas, foi então que muitos “politizaram” suas consciências e resolveram mostrar as suas caras para reclamar das ignomínias que nos foram impostas e que se abatem até hoje sobre nós.

Entretanto, ainda assim, proporcionalmente ao número de funcionários da Pioneira na ocasião do fechamento, o volume de som do lamento dos inconformados equivale a um pio de uma pequena coruja.

Há quase dez anos atrás éramos mais jovens e por isso deveríamos ter urrado como leões feridos, exigindo os nossos legítimos direitos e ter imediatamente buscado as soluções através de todos os tipos de ações judiciais cabíveis e aplicáveis às feridas que nos fazem sangrar até hoje.

Naquela época, os que ainda estavam na ativa, os elegíveis à aposentadoria, os pensionistas e aposentados, todos que fossem participantes do Aerus, deveríamos ter nos unido em bloco e nos dirigido ao Ministério Público Federal e de lá gritar com a força máxima dos nossos pulmões para que o nosso protesto pacífico denunciasse a subtração de bens e a perfídia, ecoando e reverberando de modo mais eficaz.

Não houve a necessária união e infelizmente assim se passaram quase dez anos, que vivemos como vencedores de algumas ações, que sofreram recursos protelatórios que nos deixaram sem a certeza que receberemos em tempo hábil o que nos foi subtraído, acrescido de todas as indenizações pecuniárias.

Esse “tempo hábil” significa tempo que nos resta de VIDA.

Não carecemos só do dinheiro que pagamos, nos falta também esse tempo porque somos idosos, muitos dos quais doentes. Temos sido golpeados com a dor e semanalmente somos surpreendidos com a partida de colegas e amigos para as suas últimas moradas, mas mesmo assim, ainda que corra só uma gota de sangue nesses nossos corpos, devemos ir em frente e exigir que a Justiça nos alcance ainda com vida.

Que o Universo conspire a nosso favor.
Texto: Jonathas Filho, 15-9-2015

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3 comentários:

  1. Nunca fui inconformado.
    Fui processado pelo diretor do AERUS.
    Até hoje ele busca na justiça o único bem que possuo, minha casa.
    Apesar de ser bem inalienável e impenhorável.
    Porque muito antes de 2006 eu reclamava da flata de informações corretas pelo instituto.
    Alguém lembra das ações da PARANAPANEMA?
    Pois bem, o AERUS vendeu-as por ninharia 90 dias antes do BNDES injetar muitos reais na companhia, e o anúncio já havia sido feito.
    E assim 90 dias depois as ações dessa companhia explodiram nas alturas.
    Eu reclamei com poucos, creio que 2 ou 3 que também foram processados.
    A maioria que reclamou foi do plano 1, pois o engôdo do plano 2 estava a mil maravilhas.
    Fui expulso de uma reunião AERUS X SINDICATO porque mandei o interventor socar no rabo aquelas planilhas e slides de apresentação.
    O maior estelionato que existe em reuniões e assembleias é quando se projetam planilhas e slides que ninguém entende, mas ficam com aqueles olhares imbecis e ignorantes assistindo.
    É muito fácil processar defunto que não tem nem tumba pra ser enterrado.
    Difícil e conseguir retratações de prejuízos adquiridos pelo mal de outros.
    10% é o número de falecidos, querem uma planilha?
    Daqui a 2 anos serão no mínimo 25%.
    Daqui a 6 anos de 60 a 70%.
    Daqui a 10 anos menos de 10% estarão vivos.
    Triste planilha.
    O governo se assumisse todo o embrulho estaria em 15 anos livre de todas as pensões.
    Vejam a magnitude.
    Os culpados estariam todos enterrados junto conosco, mas teriam vivido 1000% melhores que nós.
    Fui, necessito de outro omeprazol para não vomitar mais bobagens minhas.

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  2. Jonathas Filho

    Bom dia amigos, saudações variguianas.
    A proposição do José Manuel, pelo que os meus poucos neurônios puderam perceber, é um convite à ser respondido à pergunta do texto intitulado como “VOCÊ, DO AERUS, SE REVÊ NESTE PEQUENO TEXTO?” e na minha interpretação ao texto dele, me vi como um daqueles que na iminente derrocada da Varig, não se apresentou imediatamente no D.O. para o 1º voo dos protestos e reclamações.
    Quando escrevi que “Há quase dez anos atrás, éramos mais jovens” e poderíamos ter urrado como leões feridos, indiretamente quis falar dessa epidêmica falta de união entre iguais que assola nosso contingente de ex-funcionários da Varig, coisa que até então nenhum sociólogo pode explicar, fazendo menção também pelo não comparecimento de muitos, que no meu entendimento poderiam e deveriam se apresentar para formar juntos, uma corrente única de protestos.
    Mas, me vi também gritando, com o pio de uma pequena ave acompanhado por outras, que em revoada nos aeroportos, ruas e avenidas, continuam tentando fazer o nosso grito ser maior.
    Não entrei no mérito da questão, quanto se houve omissão, descaso, impossibilidades ou qualquer outro sinônimo que se represente as não atitudes de engajamento e sim para o volume de som daqueles que se dispuseram a gritar, comparando com número de funcionários participantes do Aerus, com o volume de som do grito. E repito que até então tem sido um mero piar.
    Acredito que atendi ao apelo do meu mais antigo amigo nessa vida, desde os remotos anos 60 do Colégio Amaro Cavalcanti e embora eu não tenha explanado as agruras que passei e que passo devido ao problema Aerus. Todos nós do Aerus, temos histórias de perdas pessoais, sentimentais, econômico-financeiras, materiais e imaterias que devem ser indenizadas dentro do que for cabível e possível.
    Desejo sim, que possamos nos ajudar mutuamente a recuperar o que nos foi subtraído, com todos os acréscimos legais que tivermos como direito.
    Com um abraço afetuoso,
    Jonathas Filho.

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