Cesar Maia
1. Os que imaginaram que a futura candidatura a presidente do PSDB
estaria entre o senador Aécio Neves e o governador Geraldo Alckmin se enganaram
redondamente.
2. É verdade que Aécio calibra sua retórica desde o palanque da
oposição. É verdade que Alckmin veste com perfeição a farda de um presidente
conciliador.
3. Mas, em Brasília, nos corredores e gabinetes do Senado e da
Câmara quem se movimenta é (José) Serra [foto]. Tornou-se um interlocutor de confiança do
presidente do Senado. Nunca, em toda a sua longa carreira parlamentar, sua
produção legislativa foi tão política e tão diversificada.
4. Seu alcance atinge o interesse de governadores e prefeitos. E
seu foco varia e procura responder tanto às aflições políticas quanto
econômicas da conjuntura.
5. Os ruídos dos bastidores garantem que Serra não está preocupado
em costurar a convenção do PSDB de julho de 2018. O que estaria atraindo a sua
atenção são os detalhes do processo que levou Itamar ao poder.
6. E não exatamente seu impeachment, cuja dinâmica de hoje ele
prefere deixar por conta da Câmara de Deputados. O que interessaria muito a ele
é a dinâmica pós-afastamento ou auto-afastamento de Dilma.
7. Itamar Franco organizou um governo de união nacional, incluindo
o PT. Esse recuou e Erundina rompeu com o PT. Erro fatal do PT. A crise
hiperinflacionária levou a uma solução política para o ministério da fazenda.
Exatamente FHC que, com o plano real, derrotaria Lula.
8. Os ruídos dos bastidores garantem que Serra acredita que numa
crise como a atual só um estadista – político e econômico – poderia geri-la. E
o único nome confiável para o PMDB seria o dele, seja por ter liderado uma
coligação com Camata, vice em 2002, como pela proximidade com Renan e Temer e
por criar a expectativa de que com o novo prazo de filiação de seis meses,
Serra poderia ser candidato pelo PMDB.
9. E Serra sonha em ser o FHC de 2018. E não tem pressa para
definição política, já que se ele liderar a reversão da crise, isso teria um
impacto ainda maior que o Plano Real e sua candidatura e vitória seriam
compulsórias. Não precisará de convenção partidária. É um jogo de ganha-ganha
ou perde-perde que não requer ansiedade.
10. Inclusive porque seu mandato de Senador vai até 2022, quando
Serra terá 80 anos. Só sua saúde e preparo físico o preocupam. Nada mais.
Título e Texto: Cesar Maia, 22-9-2015
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