Manifestantes resolveram levar
a sério o atual secretário de Haddad... E ele certamente preferia o tempo em
que era tratado como um inimputável político
Reinaldo Azevedo
Dia desses, afirmei que Lula
fazia um discurso covarde ao posar de valentão para militantes petistas no
Piauí. Sugeri que fizesse o seu discurso na Avenida Paulista. É claro que ele
não fará!
Neste sábado, Eduardo Suplicy,
que ficou 24 anos no Senado pelo PT, hoje secretário de Direitos Humanos da
Prefeitura de São Paulo, decidiu passear na Paulista. Foi à Livraria Cultura,
um dos endereços mais frequentados da Avenida.
E foi hostilizado.
Manifestantes, brandindo o Pixuleco, gritavam “vergonha, vergonha!” No Piauí,
Lula comparou os que repudiam a roubalheira havida nas gestões petistas a
nazistas perseguindo judeus. A cada vez que diz coisas indecorosas como essa, a
situação só piora.
Sob palavras de ordem como
“Suplicy, vergonha nacional” e “Chora petista, bolivariano, a roubalheira está
acabando”, o secretário de Fernando Haddad teve de sair do local. Ele ainda
tentou responder, mas não foi bem-sucedido.
Já foi o tempo em que Eduardo
Suplicy divertia seus confrades no Senado com pantomimas como cantorias e,
digamos, versos do Mano Brown. Aquele país entorpecido está morto.
Um outro (país) veio à luz com
a revelação dos crimes do petrolão e com o estelionato eleitoral praticado por
Dilma Rousseff, de forma, de fato, nunca antes vista. Vejam este vídeo:
Leiam aqui, vou escrever pela
enésima vez: já disse que não tenho simpatia por esse tipo de manifestação.
Devem-se evitar situações que possam degenerar em eventual confronto.
Mas é evidente que o petismo
está esticando a corda, como se buscasse a radicalização da divergência até o
embate físico. A cada vez que a senhora Dilma Rousseff, o senhor ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, e, claro!, Lula afirmam que uma resposta
constitucional e legal, como é o impeachment, é coisa de golpistas, o que se
faz é romper a chance da convivência pacífica entre os diferentes.
Eles sabem que isso é uma
mentira grosseira. Em vez de essa gente pedir desculpas ao país pelo engodo e
pelo estelionato, o que se vê é ainda mais arrogância. E isso, evidentemente, é
coisa de quem não quer o diálogo.
Deixo aqui, mais uma vez, uma
recomendação: esse não é o melhor caminho. Desde que o sr. Suplicy esteja numa
livraria, ou em qualquer outro lugar, como simples frequentador, acho que tem
de ser deixado em paz. Deve ser contraditado no caso de articular um discurso
político — e, ainda assim, em termos mais suaves.
E que a ficha dos petistas
caia: desta vez, o embuste não sairá barato.
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