segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Suplicy vai à Avenida Paulista e não consegue cantar nem Bob Dylan nem Mano Brown. O povo não deixou!

Manifestantes resolveram levar a sério o atual secretário de Haddad... E ele certamente preferia o tempo em que era tratado como um inimputável político
Reinaldo Azevedo

Dia desses, afirmei que Lula fazia um discurso covarde ao posar de valentão para militantes petistas no Piauí. Sugeri que fizesse o seu discurso na Avenida Paulista. É claro que ele não fará!

Neste sábado, Eduardo Suplicy, que ficou 24 anos no Senado pelo PT, hoje secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, decidiu passear na Paulista. Foi à Livraria Cultura, um dos endereços mais frequentados da Avenida.

E foi hostilizado. Manifestantes, brandindo o Pixuleco, gritavam “vergonha, vergonha!” No Piauí, Lula comparou os que repudiam a roubalheira havida nas gestões petistas a nazistas perseguindo judeus. A cada vez que diz coisas indecorosas como essa, a situação só piora.

Sob palavras de ordem como “Suplicy, vergonha nacional” e “Chora petista, bolivariano, a roubalheira está acabando”, o secretário de Fernando Haddad teve de sair do local. Ele ainda tentou responder, mas não foi bem-sucedido.

Já foi o tempo em que Eduardo Suplicy divertia seus confrades no Senado com pantomimas como cantorias e, digamos, versos do Mano Brown. Aquele país entorpecido está morto.

Um outro (país) veio à luz com a revelação dos crimes do petrolão e com o estelionato eleitoral praticado por Dilma Rousseff, de forma, de fato, nunca antes vista. Vejam este vídeo:


Leiam aqui, vou escrever pela enésima vez: já disse que não tenho simpatia por esse tipo de manifestação. Devem-se evitar situações que possam degenerar em eventual confronto.

Mas é evidente que o petismo está esticando a corda, como se buscasse a radicalização da divergência até o embate físico. A cada vez que a senhora Dilma Rousseff, o senhor ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e, claro!, Lula afirmam que uma resposta constitucional e legal, como é o impeachment, é coisa de golpistas, o que se faz é romper a chance da convivência pacífica entre os diferentes.

Eles sabem que isso é uma mentira grosseira. Em vez de essa gente pedir desculpas ao país pelo engodo e pelo estelionato, o que se vê é ainda mais arrogância. E isso, evidentemente, é coisa de quem não quer o diálogo.

Deixo aqui, mais uma vez, uma recomendação: esse não é o melhor caminho. Desde que o sr. Suplicy esteja numa livraria, ou em qualquer outro lugar, como simples frequentador, acho que tem de ser deixado em paz. Deve ser contraditado no caso de articular um discurso político — e, ainda assim, em termos mais suaves.

E que a ficha dos petistas caia: desta vez, o embuste não sairá barato. 
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, VEJA, 26-10-2015

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