José Carlos Sepúlveda da Fonseca
Os atentados de Paris
chocaram o mundo!
Imediatamente se reavivou o
debate sobre o terrorismo de inspiração islâmica. Diversos líderes mundiais,
comentaristas, analistas políticos, passaram a repetir à exaustão algo que já
se vai tornando um realejo, sempre que a opinião mundial é abalada por algum
grande atentado, como os de Paris, Nova Iorque, Londres, Madrid, Mumbai, Bali,
etc.: os terroristas não representam o Islã. Será isto verdade?
A questão islâmica pode ser
debatida sob muitos aspectos. Debruço-me, neste post, em apenas um
deles, que considero de fundamental importância: a natureza da crença
religiosa do Islamismo. Já tive oportunidade de abordar em outro post a influência que as correntes
revolucionárias modernas exercem nos movimentos islâmicos que travam sua guerra
cultural e militar contra o Ocidente.
Distorção histórica
Muitos insistem em deturpar a
realidade e a história, afirmando que a religião islâmica é uma religião
pacífica e não agressora. Ora, historicamente falando – e, portanto, não
opinativamente falando – foi o próprio Maomé que, em Medina, reuniu um
exército de 10 mil homens para dar início a uma guerra de expansão e dominação,
que prosseguiria com seus sucessores, visando impor a sua lei pela violência
das armas.
Infelizmente, muitos católicos
são ludibriados pela versão enganosa de que o Islamismo é uma das três grandes
religiões monoteístas, como se estas quase se equivalessem, tivessem uma mesma
origem e constituíssem pequenas variações de uma mesma Fé, de uma mesma
doutrina e de uma mesma prática das virtudes.
Nada mais errôneo do que isso.
E é a partir desse erro que muitos fazem julgamentos equivocados a
respeito da natureza religiosa e dos métodos de ação e proselitismo do Islã.
Uma falsa crença
O Islamismo é uma falsa
religião, muito distante da Fé cristã, e os que matam para impor a sua Lei não
matam em nome de Deus, mas em nome e em coerência com uma falsa crença,
nascida da superstição, das falsas promessas e dos falsos testemunhos. São,
portanto, legítimos representantes da crença islâmica, no seu agir.
Para ajudar os católicos a
formular uma análise adequada da questão islâmica, pareceu-me salutar
transcrever a comparação feita por Santo Tomás de Aquino, na Suma
contra os Gentios (livro I, Capítulo VI), entre a verdadeira Fé e
a crença leviana da seita errônea fundada por Maomé.
Convido, pois, os leitores a
considerar o que diz o grande Doutor:
“35. Aqueles que
aceitam pela fé as verdades que estão fora da experiência humana não crêem
levianamente, como aqueles que, segundo São Pedro, seguem fábulas engenhosas
(2Pd 1, 16).
36. Os segredos da
sabedoria divina, ela mesma – que conhece tudo perfeitamente – dignou-se
revelar aos homens, mostrando-lhes a sua presença, a verdade da sua doutrina, e
inspirando-os, com testemunhos condizentes. Ademais, para confirmar as verdades
que excedem o conhecimento natural, realizou ações visíveis que superam a
capacidade de toda a natureza, como sejam a cura de doenças, ressurreição dos
mortos e maravilhosas mudanças nos corpos celestes. Mais maravilhoso ainda
é,inspirando as mentes humanas, ter feito que homens ignorantes e rudes,
enriquecidos pelos dons do Espírito Santo, adquirissem instantaneamente tão
elevada sabedoria e eloquência.
37. Depois de
termos considerado tais fatos, acrescente-se agora, para confirmação da
eficácia dos mesmos, que uma enorme multidão de homens, não só os rudes como
também os sábios, acorreu para a fé cristã. Assim o fizeram, não premidos pela
violência das armas, nem pela promessa de prazer, mas também – o que é
maravilhoso – sofrendo a perseguição dos tiranos. Além disso, na fé
cristã, são expostas as virtudes que excedem todo o intelecto humano, os
prazeres são reprimidos e se ensina o desprezo das coisas do mundo. Ora, terem
os espíritos humanos concordado com tudo isto é ainda maior milagre e claro
efeito da inspiração divina. [...]
40. Tão
maravilhosa conversão do mundo para a fé cristã é de tal modo certíssimo
indício dos sinais havidos no passado, que eles não precisaram ser reiterados
no futuro, visto que os seus efeitos os evidenciavam. Seria realmente o maior
dos sinais miraculosos se o mundo tivesse sido induzido, sem aqueles
maravilhosos sinais, por homens rudes e vulgares, a crer em verdades tão
elevadas, a realizar coisas tão difíceis e a desprezar bens tão valiosos.
Apesar de que, ainda nos nossos dias, Deus, por meio dos Seus santos, não cessa
de operar milagres para confirmação da Fé.
41. No
entanto, os iniciadores de seitas errôneas seguiram um caminho oposto:
a) Como se tornou
patente em Maomé que seduziu os povos com promessas referentes aos desejos carnais, excitados
que são pela concupiscência.
b) Que formulou
também preceitos conformes àquelas promessas, relaxando, desse modo, as rédeas
que seguram os desejos da carne.
c) Não apresentou
testemunhos da verdade, senão aqueles que facilmente podem ser conhecidos
pela razão natural de qualquer medíocre ilustrado: além disso, introduziu, em
verdades que tinha ensinado, fábulas e doutrinas falsas.
d) Também não
apresentou sinais sobrenaturais. Ora, só mediante estes há conveniente
testemunho da inspiração divina, enquanto uma ação visível, que não pode ser
senão divina, e demonstra que o mestre da verdade está inspirado de modo
invisível. Mas Maomé manifestou ter sido enviado pelo poder das armas, que
são sinais também dos ladrões e dos tiranos.
e) Ademais, desde
o início, homens sábios, versados em coisas divinas e humanas, não acreditaram
nele. Nele, porém, acreditaram homens que, animalizados no deserto,
eram totalmente ignorantes da doutrina divina; e, no entanto, foi a
multidão de tais homens que obrigou outros a obedecerem a uma lei, pela
violência das armas.
f) Finalmente, nenhum
dos oráculos dos profetas que o antecederam dele deu testemunho, visto que ele
deturpou com fabulosas narrativas quase todos os fatos do Antigo e do Novo
Testamento. Tudo isso pode ser verificado ao estudar-se a sua lei. Também
por isso, e de caso sagazmente pensado, não permitiu aos seus sequazes a
leitura dos livros do Antigo e do Novo Testamento, para que, por eles, não
fosse acusado de impostura.
g) Fica assim
comprovado que os que lhe dão fé crêem levianamente.“
Título, Imagem e Texto: José Carlos Sepúlveda da Fonseca, ABIM,
18-11-2015
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