Maria Lucia Victor Barbosa
Nos noticiários as TVs apresentam
amenidades, acidentes, notícias do exterior, poucas notas políticas. Tudo
repetido à exaustão. O Brasil de férias quase não toma conhecimento dos
recorrentes assaltos à coisa pública, que vão sendo descortinados por delatores
loucos para salvar a pele. Eles vendaram a alma ao “diabo” do PT e agora estão
pagando com juros e correção monetária.
Enquanto isto o melado com o
qual o PT se lambuzou continua a percorrer distâncias e vai envolvendo figuras
do alto escalão governamental. Parece a lama sinistra que se abateu sobre o
distrito de Mariana soterrando tudo, matando gente, invadindo lonjuras,
contaminando rios, confiscando o azul dos mares. Foi a maior catástrofe
ambiental já havida no País, assim como a avalanche de melado da corrupção da
era PT não tem comparação com as roubalheiras do passado, tal seu grau de
institucionalização e volume.
Interessante é que o autor da
frase, “o PT se lambuzou”, ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, agora
se encontra lambuzado, sendo que outros ministros comeram também bastante do
melado. Pelo menos é o que se lê no O Estado de S. Paulo, de 8 de janeiro de 2016:
“Lava Jato – Além de Jaques Wagner,
Edinho Silva (Comunicação) e Henrique Alves (Turismo) são citados em diálogos
do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, condenado a 16 anos de prisão”.
Também é mencionado no
respectivo jornal o atual presidente da Petrobras, Aldemir Bendine. Ao mesmo
tempo, o notório Cerveró, ex-diretor da Petrobras, menciona Jaques Wagner em
algumas grossas, como diria Lula da Silva, maracutaias.
Nada acontece com o presidente
de fato, que depôs pela quarta vez na Polícia Federal sobre uma generosa medida
provisória que beneficiou um de seus filhos. E enquanto seus outrora “amigos
íntimos”, aqueles que privaram de sua intimidade, que festejaram juntos em
magníficos banquetes, que se divertiram com Brahma em suntuosas viagens estão
vendo o sol nascer quadrado, “o pobre operário” segue indiferente à desdita dos
companheiros de partido e “das zelites”. Não sei se esse traço de personalidade
é próprio da humanidade como um todo ou mais acentuado em certos indivíduos sem
caráter.
Em todo caso, o espertíssimo
ex-presidente da República, grande beneficiado da locupletação geral não sabe
de nada, não viu nada e, se duvidar, não conhece nenhum imbecil que caiu na
esparrela, conforme taxou o senador petista e ora detento, Delcídio Amaral.
Lula da Silva foge dos
“imbecis” como o diabo da cruz. Eles podem contaminar seu projeto de poder.
Afogá-lo no pote de melado. No momento vislumbra-se apenas um fiozinho de
melado a lhe escorrer pela barba. Foi posto por Cerveró que o mencionou quase
que de passagem, a lembrar de que até a sorte acaba um dia nesse mundo de
finitudes. Nada, porém, de previsões açodadas porque Brahma ou Boi até agora
escapou. Ele conta com proteções internas e possivelmente externas, como as do
Foro de São Paulo.
Há de se convir que o PT ainda
detém força suficiente para evitar males piores. Exemplo disto foi o anteparo
do STF que evitou por duas vezes o impeachment de Rousseff, com evidente e
indevida intromissão no Legislativo. Ela ficará por mais três anos sem nenhuma
condição de governabilidade, fazendo discursos que são peças de propaganda
enganosa a se desmanchar na primeira ida das donas de casa ao supermercado.
Enquanto isso o País afundará cada vez mais na recessão e na sua
insignificância de potência regional sul-americana, a ser suplantada pela
Argentina sob a presidência de Mauricio Macri.
Seguem-se outros exemplos do
poder petista, como aqueles que tentam torpedear a extraordinária e inédita
Operação Lava-Jato. É o caso do chamado desmonte da PF através do corte de R$
133 milhões no seu orçamento. Foi votado no Congresso, mas tem evidente dedo do
Executivo. Outro exemplo foi o da medida provisória assinada por Rousseff, que
altera as bases da Lei Anticorrupção. Desse modo, se aprovada no Congresso
empresas corruptas poderão fazer acordos de leniência com a CGU sem precisar
colaborar com as investigações nem prestar contas ao TCU. Também poderão fechar
contratos com o governo e receber verbas públicas. Não faltam também investidas
do ministério da Justiça contra o competente e ilibado juiz Sérgio Moro.
Sem dúvida, o PT resiste
diante do mar de melado que o submerge. Seu grande teste, porém, será nas
eleições municipais desse ano. Se o povo achar que são lícitas as doçuras
corruptas do poder, enquanto amarga a inflação, o desemprego, a inadimplência,
ótimo para os petistas. Se não Lula terá, em 2018, que pensar em outro plano B.
No passado escolheu José
Dirceu, depois Antonio Palocci e deu no que deu. Agora Jaques Wagner era (ou
é?) o plano B, mas comeu muito melado. Dilma, a “faxineira”, vai mantê-lo no
cargo? Certamente, mas nem tomando banho de ervas e sal grosso, Jaques Wagner,
codinome compositor, se livrará do melado.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa, socióloga,
13-1-2016
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