segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Dilma e a teoria do violino

Cesar Maia

1. Uma conhecida e repetida assertiva política aplicada à economia é que a boa política econômica é aquela da Teoria do Violino, quando um governo segura a economia com a esquerda e toca com a direita.
        
2. Isso, em geral, ocorre quando a economia está em equilíbrio e vai bem. Dessa forma, um governo de esquerda se garante contra oscilações brutas e perda de controle. Mas com a economia em crise, um governo de esquerda deixa de ser destro e assume sua natureza de canhoto.
       
3. Com Lula empurrado pela economia internacional, com vento a favor e a economia arrumada em seus fundamentos (fiscal, cambial e monetário), a Teoria do Violino funcionou até 2008. Quando veio a crise financeira global de 2008, o violino caiu e quando voltou a ser tocado obedeceu a lógica do canhoto.
       
4. Dilma assumiu segurando o violino como canhota. Segurava com a direita para fins de comunicação e agradar a elite e a mídia, mas tocava com a esquerda e de forma cada vez mais intensa, insinuando acordes fortes da Quinta Sinfonia de Beethoven.
       
5. Com a crise se tornando explícita e profunda pós-eleição de 2014, Dilma, sem saber o que fazer, chamou Joaquim Levy para assumir o violino. Ela seguraria com a esquerda e ele tocaria com a direita. Não durou um ano.

6. E não há como durar mais. A esquerda - política, petista e sindical - não quer servir de apoio ao braço do violino. E a direita econômica não quer mais ser usada para acalmar os empresários, os economistas e a opinião econômica e política internacionais. 
     
7. O violino de Dilma caiu no chão. Ninguém quer segurar. A oposição propõe impedir o violonista de tocar. E Dilma só tem uma política: conseguir que tenha autorização para segurar o violino até 2018. Mas sem saber que mão o vai segurar e que mão o vai tocar.
       
8. Daqui para frente a orquestra tocará um concerto para violino…, sem violino. Ou se preferir: não há como essa orquestra tocar mais. 
Título e Texto: Cesar Maia, 11-1-2016

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