Cesar Maia
1. A expressão Micropolítica é
um desdobramento de uma teoria que ganhou expressão no século XIX: a
microssociologia. Microssociologia, cujo maior expoente foi o francês Gabriel
Tarde, tinha – e tem – como coluna vertebral a ideia que a opinião pública se
forma a partir da opinião dos indivíduos e dos fluxos de suas interações.
2. As escolas estruturalistas
– Marx e Durkheim – ganharam hegemonia no século XX (apagando a
microssociologia). Foi assim até a ascensão da interação eletrônica que, partindo
de um simples correio eletrônico, ganhou projeção e amplitude com as redes
sociais. A equipe de comunicação política de Margareth Thatcher foi a primeira,
nos tempos recentes, a usar a micropolítica para transformar suas ideias em
opinião pública e, assim, atuar eleitoralmente e em governo.
3. O marketing político, como
meio de atingir as massas, é a negação da micropolítica. Por isso a equipe de
Thatcher ficou isolada no uso desse método no ciclo de hegemonia do marketing
político de massas. A explosão das redes sociais impôs ao marketing político
outra leitura do indivíduo como ator político e eleitoral, e dessa forma
relançou a micropolítica que volta a ser um método hegemônico de formar opinião
pública.
4. A economia neoclássica
passa a ser um vetor de explicação da dinâmica econômica a partir do século
XIX. Foi a expressão do liberalismo renovado. Os cursos de economia passaram a
ter dois vetores: a microeconomia e a macroeconomia. No entanto, são vetores
teóricos que não se excluem na medida em que o indivíduo na microeconomia é um
ser genérico que representa a demanda seus estímulos e desestímulos através dos
preços, etc.
5. A versão recente da
microeconomia é o empreendedorismo. Nesse sim, o indivíduo tem nome e
sobrenome. Nesse sentido, passa a ser um terceiro lado do triângulo:
microssociologia, micropolítica e microeconomia. Uma vez fechado este
triângulo, as visões socialistas da política, da economia e da comunicação de
massas perdem crescentemente a hegemonia que tiveram até bem pouco tempo.
6. As redes sociais são –
nesse sentido – um método que sempre que usadas pelos socialistas, pela
esquerda, só fazem reforçar a hegemonia metodológica da micropolítica e de seu
triângulo constituinte. O marketing político finalmente entendeu que além da
tela da TV as pessoas deveriam ser alcançadas cada vez mais pela interação
direta, seja ela pessoal, seja ela eletrônica.
7. Essa ultrapassagem do
triângulo Micro, sobre o triângulo Macro é recente e seu tempo histórico é
mínimo, é como um ponto do tempo. Nesse sentido, a tendência é que os elementos
teóricos constitutivos do Micro, o triângulo SPE (sociologia, política e
economia) ganhem profundidade e sofisticação e se tornem a cada dia mais e mais
hegemônicos, cada dia mais Poder.
Título e Texto: Cesar Maia, 29-1-2016
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