quinta-feira, 24 de março de 2016

Carpideiras

José António Rodrigues Carmo
É o costume!
Após cada massacre às mãos dos fundamentalistas muçulmanos, desaguamos no folclore emocional.

Inventamos slogans, acendemos velas, pintamos os perfis, choramos lágrimas, de crocodilo ou não, fazemos manifes e, passada a onda, voltamos a enterrar a cabeça na areia, até ao próximo golpe.

Rapidamente esquecemos os que morreram ou ficaram mutilados, bem assim como a dor real dos seus familiares e amigos, para quem a dor jamais será apenas folclore e moda.

E daí a momentos já estamos outra vez a repetir, acéfalos, que nada disto tem a ver com o Islão, que temos de ser tolerantes, que temos de aceitar que cresça entre nós uma cultura que sempre gerou, gera e gerará violência, intolerância e destruição.

Todavia este fenómeno é compreensível no cidadão comum, que, sentindo a impotência e o medo, se refugia em rituais catárticos

O que realmente inquieta, é ver os responsáveis políticos, que escolhemos para cuidar dos nossos interesses, a embarcarem no mesmo tipo de manfestações.

A responsável pelas Relações Exteriores da UE chora em público num país muçulmano, os responsáveis pela UE acendem velas e dizem-se tristes, cada um eles, quando lhe metem um microfone à frente, debita o habitual rol de vulgaridades emocionais e faz apelos.

O nosso 1º ministro vai até ao ponto de referir que é normal e que devemos dar-nos por felizes por serem tão poucos os atentados.

Estes responsáveis, ao carpirem em público as suas impotências, revelam não ter a mínima ideia da mentalidade terrorista. Para os jihadistas, observar e ouvir estas manifestações de bla bla bla inconsequente e vitimizador, é fonte de uma alegria imensa, e a sua motivação aumenta na mesma medida.

Nada como observar a dor de quem odiamos, para nos sentirmos bem.

E, mais uma vez, também aqui, estes politicos de plástico que vamos elegendo, mostram não ter a mínima ideia do tipo de ameaça com que estamos confrontados.

Não os elegemos para carpirem mágoas, para chorarem em público, para acenderem velas, para fazerem proclamações de dor e sofrimento na TV,, mas sim para usarem o poder que lhe delegámos, tendo em vista proteger as nossas vidas e o nosso bem-estar.

Não têm de se queixar em público, para enorme satisfação dos jihadistas, mas sim desencadear contra o fenómeno toda a força disponível.

Não têm chorar sobre o leite derramado, mas sim agir para evitar que se derrame o leite.

Cada vez mais olho para estes tempos e estes politicos, e vejo as inquietantes semelhanças com a decadência do Império Romano.

Não por acaso, foram os bárbaros que acolheu no seu interior, fugindo aos conflitos no leste, que acabaram por conquistar Roma, perante a indiferença dos seus politicos. 

Quem não conhece a História, acaba por repeti-la. 
Título e Texto: José António Rodrigues Carmo, Facebook, 23-3-2016

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