José António Rodrigues Carmo
É o costume!
Após cada massacre às mãos dos
fundamentalistas muçulmanos, desaguamos no folclore emocional.
Inventamos slogans, acendemos
velas, pintamos os perfis, choramos lágrimas, de crocodilo ou não, fazemos
manifes e, passada a onda, voltamos a enterrar a cabeça na areia, até ao
próximo golpe.
Rapidamente esquecemos os que
morreram ou ficaram mutilados, bem assim como a dor real dos seus familiares e
amigos, para quem a dor jamais será apenas folclore e moda.
E daí a momentos já estamos
outra vez a repetir, acéfalos, que nada disto tem a ver com o Islão, que temos
de ser tolerantes, que temos de aceitar que cresça entre nós uma cultura que
sempre gerou, gera e gerará violência, intolerância e destruição.
Todavia este fenómeno é
compreensível no cidadão comum, que, sentindo a impotência e o medo, se refugia
em rituais catárticos
O que realmente inquieta, é
ver os responsáveis políticos, que escolhemos para cuidar dos nossos
interesses, a embarcarem no mesmo tipo de manfestações.
A responsável pelas Relações
Exteriores da UE chora em público num país muçulmano, os responsáveis pela UE
acendem velas e dizem-se tristes, cada um eles, quando lhe metem um microfone à
frente, debita o habitual rol de vulgaridades emocionais e faz apelos.
O nosso 1º ministro vai até ao
ponto de referir que é normal e que devemos dar-nos por felizes por serem tão
poucos os atentados.
Estes responsáveis, ao
carpirem em público as suas impotências, revelam não ter a mínima ideia da
mentalidade terrorista. Para os jihadistas, observar e ouvir estas
manifestações de bla bla bla inconsequente e vitimizador, é fonte de uma
alegria imensa, e a sua motivação aumenta na mesma medida.
Nada como observar a dor de
quem odiamos, para nos sentirmos bem.
E, mais uma vez, também aqui,
estes politicos de plástico que vamos elegendo, mostram não ter a mínima ideia
do tipo de ameaça com que estamos confrontados.
Não os elegemos para carpirem
mágoas, para chorarem em público, para acenderem velas, para fazerem
proclamações de dor e sofrimento na TV,, mas sim para usarem o poder que lhe
delegámos, tendo em vista proteger as nossas vidas e o nosso bem-estar.
Não têm de se queixar em
público, para enorme satisfação dos jihadistas, mas sim desencadear contra o
fenómeno toda a força disponível.
Não têm chorar sobre o leite
derramado, mas sim agir para evitar que se derrame o leite.
Cada vez mais olho para estes
tempos e estes politicos, e vejo as inquietantes semelhanças com a decadência
do Império Romano.
Não por acaso, foram os
bárbaros que acolheu no seu interior, fugindo aos conflitos no leste, que
acabaram por conquistar Roma, perante a indiferença dos seus politicos.
Quem não conhece a História,
acaba por repeti-la.
Título
e Texto: José António Rodrigues Carmo,
Facebook, 23-3-2016
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