A ainda presidente volta a
subir no palanque golpista da CUT e acusa de Temer de pretender fazer o que ela
já fez: cortar programas sociais
Reinaldo Azevedo
Nem Lula compareceu ao enterro
da última quimera de Dilma Rousseff, neste domingo, no Vale do Anhangabaú, onde
a CUT comandou a patuscada que se queria antigolpista. Consta que o chefão está
rouco. Tomara que fique bem para assistir, gozando de plena saúde, à derrocada
do PT.
Uma das maiores mistificações
políticas da história do país — ousaria dizer que é a maior — se desmoraliza de
forma espetacular. Esse casamento exótico entre o arranca-rabo de classes, o
populismo rasteiro e a cleptocracia conduziu o país à maior crise de sua
história.
Dilma estava lá, como se sabe,
com o seu uniforme vermelho. O azul é para as entrevistas à imprensa nacional e
estrangeira. E anunciou o aumento médio de 9% para o Bolsa Família e a correção
de 5% da tabela de Imposto de Renda. O que isso significa? Aumento de dívida
pública num país quebrado. Bom para quem cobra do governo juros de 14,25% ao
ano.
Ou por outra: Dilma mantém
pobres os pobres e enriquece os banqueiros. Obra de gênio. E, diz ela, inimigos
dos desvalidos seriam seus adversários.
Como de hábito, demonizou
Eduardo Cunha, voltou a falar em golpe e disse que Michel Temer, seu sucessor —
cujo nome não foi pronunciado —, pretende acabar com o Bolsa Família. Mandou
ver: “Eles fazem isso numa tentativa de nos paralisar. Enquanto fazem isso, o
governo está fazendo a sua parte”.
Trata-se de uma farsa de
vários modos. Levantamento feito pelo DEM, com base em dados oficiais, que não
tem como ser contestado pelo governo, divulgado em reportagem de O Globo neste
domingo, evidencia que Dilma, ela mesma, teve de passar o facão nos programas
sociais no Orçamento de 2016. Ou por outra: como a sua política econômica
quebrou o país, mergulhando-o na recessão, o que fez despencar a arrecadação,
os pobres vão pagar o pato.
Corrigidos já os valores
gastos em 2015 pelo IPCA (10,67%), há áreas, como é o caso da construção de
creches, que vão ter uma queda de 87% em 2016. No ano passado, foram gastos R$
4,2 bilhões; neste, estão previstos R$ 502 milhões. Querem mais? Pois não!
– o programa Minha Casa Minha
Vida perdeu 74% das verbas na comparação com o ano passado. O valor inicial de
R$ 15,6 bilhões foi reduzido a R$ 7 bilhões;
– no Pronatec, a diminuição
foi de 59%;
– programas de segurança e
saúde, como o de combate ao crack e Rede Cegonha, tiveram redução superior a
20%;
– o programa Minha Casa Melhor
foi extinto;
– nem o Bolsa Família escapou.
Em valores corrigidos pela inflação, houve uma queda de 5,7%: de R$ 30,4
bilhões para R$ 28,7 bilhões.
Também houve uma queda no
Fies, o programa que financia cursos universitários na rede privada. No caso, a
queda foi menor: de apenas 5%. Vejam como é mesmo “social” este governo! Na
hora de passar o facão, pune com rigor maior os mais pobres: corta mais nas
creches do que no ensino universitário. É o socialismo à moda petista.
Dilma não está caindo, todo
mundo sabe, apenas porque pedalou, embora este seja o fato jurídico que
caracteriza o crime de responsabilidade. Politicamente, ela está sendo
espirrada do Planalto porque praticou um brutal estelionato eleitoral em 2014.
E continua no ramo. Ao acusar
o seu agora adversário e sucessor de pretender cortar recursos dos programas
sociais, esta senhora tenta omitir o óbvio: foi ela a cortar drasticamente os
benefícios que eram destinados aos mais pobres. Está provado.
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