quarta-feira, 25 de maio de 2016

No Rio, a esquerda pode ficar fora do segundo turno para prefeito

Cesar Maia
       
1. Pesquisas diversas mostram que Crivella mudou de patamar, saindo do entorno dos 20% para o entorno dos 30%. Aferições mais ajustadas sobre estas pesquisas, incluindo diversos cruzamentos, indicam que o piso de Crivella tradicionalmente em torno dos 15%, agora está acima dos 20%.
       
2. Crivella tem passado ileso das polêmicas e dos confrontos, seja do impeachment, seja da crise estadual. O foco da oposição no prefeito e seu candidato supõe que a máquina e os recursos elevarão o patamar deste, hoje em 5%. E esquecem de Crivella. Crivella já conseguiu o apoio do Solidariedade, o que torna sensível seu tempo de TV. E virão outros de menor tempo de TV que, somados, aumentarão a visibilidade dele.
     
3. A ideia anterior, que Crivella perderia para qualquer um no segundo turno, deveria ser revista, até porque seja qual for seu adversário, nesse caso, a tendência é que os que não forem para o segundo turno apoiarem Crivella, seja quem for. Assim, num segundo turno, um candidato de esquerda ou de direita enfrentando Crivella, os demais apoiarão Crivella.
       
4. As pesquisas mostram também que o risco de um candidato dito de esquerda não ir para o segundo turno é crescente. Freixo, depois de ter obtido 23% dos votos totais (incluindo brancos e nulos) no primeiro turno, em 2012, aparece agora em todas as pesquisas pouco acima dos 10%. Isso mostra que parte de seus votos em 2012 foram dos que não querendo votar em Eduardo Paes votaram em Freixo por ser o mais próximo ao favorito.

5. A saída do PT da prefeitura não ajudou Freixo, ao contrário. O primeiro movimento do PSOL foi lavar as mãos e não querer nada com ninguém, afirmando seu isolamento. Mas a apresentação do nome de Jandira Feghali (pelo PT/PCdoB) deve estar trazendo preocupação ao PSOL. Feghali tem muito mais cancha, retórica e contundência de campanha que Freixo. E com o tempo de TV do PT ainda mais. Se Marina Silva entrar de corpo e alma na campanha do Rio, Molon, seu candidato, deve subir uns pontinhos. Mesmo que fique no patamar dos 5%, esses votos estarão sendo extraídos da dita esquerda.
       
6. Com isso, Feghali ganhará entusiasmo ao perceber que pode ultrapassar Freixo. As cotoveladas serão inevitáveis. Se ambos caírem – o que é provável- para o patamar dos 10%, também Molon será motivado. Com isso, em campanha, inevitavelmente haverá um triângulo de cotoveladas: um passará a atacar o outro. Isso corresponde à lógica da história do Tigre com dois homens correndo para ver quem o Tigre alcançará primeiro.
       
7. E, claro, os outros três candidatos já lançados, do PMDB, do PSDB e do PSD: cuja probabilidade de chegar em segundo aumentará muito no caso da pulverização da dita esquerda, transformarão aquele triângulo em hexágono, formato do ringue da UFC.
       
8. A coluna de Fernando Molica, no jornal O DIA, informa, dia 21/05: “Pré-candidato do PSOL à prefeitura, Marcelo Freixo aceitou participar de encontro com o PCdoB e o PT para definir uma estratégia para a esquerda nas eleições municipais. Organizado pelo grupo Fora do Eixo, o evento, marcado para o próximo dia 3, quer reunir também partidos como a Rede, do pré-candidato Alessandro Molon.”
       
9. Faz todo o sentido, pois há sempre a memória de um slogan carimbado pela história da própria esquerda: “A esquerda só se une na prisão”. 
Título e Texto: Cesar Maia, 25-5-2016

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