sexta-feira, 3 de junho de 2016

ABC: Argentina, Brasil e Chile: desgaste dos presidentes

Cesar Maia
               
1. Os presidentes da Argentina, Brasil e Chile enfrentam em 2016 uma onda de impopularidade. Em primeiro lugar Dilma e provavelmente Temer até que se possa avaliar a partir de seu primeiro mês de governo. Com a suspensão de Dilma da presidência, militantes saíram às ruas para protestar. E a partir das substituições feitas pelos Ministros, e Diretores de Autarquias, Fundações e Empresas, engrossou o número de participantes. E ainda virão muito mais substituições. Esses protestam, mas principalmente lutam pelos cargos que perderam e que sonham em retornar se no último julgamento no Senado Dilma não for impedida definitivamente. Dilma tinha e tem menos de 15% de aprovação nas pesquisas.
               
2. Michele Bachelet – presidente do Chile – intensificou sua curva de impopularidade quando veio a público o tráfico de influência de seu filho e nora. As reformas propostas por Bachelet ao Congresso do Chile produziram reações, em especial a reforma educacional e a tributária. E a economia chilena mudou de patamar de crescimento. Com a queda nos preços do Cobre – o petróleo chileno – a economia sofreu forte impacto. O patamar anterior que oscilava entre 4% e 6% do PIB, passou a 2% e menos nos últimos 2 anos. No dia do discurso anual no Congresso (23/05), os protestos ganharam violência no estilo black-block. Nos dias seguintes, se deslocaram para a capital Santiago, sendo massificados, mas sem as violências ocorridas em Viña del Mar. Porém, um pequeno grupo de estudantes burlou a segurança e gritou palavras de ordem dentro do Palácio de La Moneda (presidencial). A aprovação de Bachelet caiu para 22% semana passada.
               
3. A aprovação do presidente Macri também caiu e de forma significativa. Nesse momento, os que aprovam e os que desaprovam estão no mesmo patamar dos 45%, bem menor que há 2 meses atrás. Macri provavelmente contava com isso. Aplicou um choque de tarifas públicas e liberou o câmbio. A inflação de 4 meses subiu para 19% e a taxa de desemprego mantém-se muito alta. Macri recuperou credibilidade internacional mas os reflexos disso chegam ao cotidiano das pessoas em médio prazo. A aliança vitoriosa de Macri sofreu um arranhão pela esquerda com dúvidas da deputada Elisa Carrió que o apoiou.

4. (Natalio Botana, politólogo-historiador argentino - La Nacion, 27)
4.1. Nas últimas semanas as ruas estão gritando. As mobilizações vêm acontecendo, o espaço público é agitado por protestos, enquanto os profetas da oposição anunciam crises e colapsos. Embora esta não seja a imagem que as pesquisas mostram, os desafios trazidos pelos efeitos da inflação e do aumento dos impostos vem mostrando que, em muitas ocasiões, o Governo passa a impressão de que caminha a reboque dos acontecimentos.
           
4.2. A disputa, na forma figurada de uma tempestade em um inverno antecipado, soma-se a três condições que a nova administração vem enfrentando desde 10 de dezembro: a terra arrasada deixada pela experiência kirchnerista em assuntos econômicos e morais, a profunda crise política e econômica que aflige o Brasil, e a catástrofe climática causada pelo fenômeno El Niño que afeta o setor mais dinâmico da nossa economia. Talvez esse jogo de iniciativas e respostas, em tempo ou não, seja inevitável porque o país está envolvido em uma grande disputa pelo poder: uma disputa pelo poder perdido, pelo poder ganho e pelo poder a recuperar ou preservar. 
Título e Texto: Cesar Maia, 3-6-2016

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