Luciano Henrique
Se na execução do discurso
político o PT ainda é imbatível – na velocidade com que rotulam seus oponentes,
que dificilmente reagem em tempo e volume adequados -, nas táticas de
bastidores eles tem se enrolado dia após dia. É um deslize atrás do outro.
O mais recente movimento
bizarro tem sido o seletivismo exacerbado do PGR Rodrigo Janot [foto] – também
chamado de “passador geral de régua” de Dilma -, que requisitou a prisão
de Renan Calheiros, presidente do Senado, do senador Romero Jucá, do
ex-presidente da República e ex-presidente do Senado, José Sarney e do
presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha.
A ideia aparentemente era
ajudar a desconstruir a imagem das lideranças do PMDB e tentar reverter o
impeachment de Dilma. Em uma matéria espetacular, a ISTOÉ mostrou como o Janot
é seletivo ao ponto do surreal. Ele simplesmente se recusa a requisitar a prisão de gente como Aloisio Mercadante, Jacques
Wagner, Jorge Viana, José Eduardo Cardozo e principalmente Dilma Rousseff.
Não vale a pena questionar o
pedido de prisão dos caciques do PMDB, mas investigar os motivos pelos quais
Janot está protegendo gente que jogou jogos muitos mais pesados de obstrução de
justiça contra a Lava Jato. Dilma chegou a nomear Lula para obstruir a Justiça.
Viana chegou ao cúmulo de chamar Sérgio Moro de bandido e ainda tentou
organizar uma forma de Lula desacatar o juiz para transformar tudo em “questão
política”. Nem mesmo assim Janot quis pedir a prisão deles. Evidentemente, algo
está fedendo aí…
Como resultado, os caciques do
PMDB e demais políticos não aliados ao PT, que já perceberam o seletivismo,
resolveram se unir, e mesmo que Teori aceite os pedidos de Janot, eles serão barrados
no Congresso. Politicamente, ficou fácil para o Congresso barrar as eventuais
prisões em razão do seletivismo.
Se Janot tivesse sido
imparcial – e mandado prender também os caciques do PT, especialmente Dilma -,
os líderes investigados do PMDB não teriam encontrado território tão fácil. Ao
mesmo tempo, nem mesmo Teori parece querer comprar a briga, uma vez que o
próprio pedido de prisão emitido por Janot demonstra inconsistências e falta de
provas, sendo claramente exposto como o uso do cargo de PGR para fins
partidários. Em suma, Janot foi precipitado e jogou todas suas fichas.
O jogo político agora expõe
Janot em situação de fragilidade. Sua jogada muito provavelmente dará em água,
e os caciques do PMDB seguirão livres. Mas enquanto isso, ele terá longos meses
pela frente nos quais poderá ser desconstruído como o “passador geral de régua
do PT”. A cada dia que ele se recusar a pedir a prisão de Dilma e seus aliados
principais do PT poderá ser exposto como um funcionário público atuando em
oposição à Justiça. E observem: ele ganha salário para defender a Justiça, não
um partido.
Como apenas os petistas e seus
sicários possuem bandidos de estimação, é uma situação tranquilíssima para
qualquer republicano dizer: “Quem prendam os quatro do PMDB, mas e a Dilma? E o
Mercadante? E o Wagner? E o Viana?”. Todo republicano adquiriu o direito moral
de ficar ininterruptamente com o dedo em riste na cara do Sr. Janot. Ou ele
pede a prisão de meia dúzia de líderes petistas (incluindo Dilma) ou então deve
ser desconstruído publicamente como inimigo da Justiça, da Lei, da Constituição
e, enfim, do povo brasileiro.
Em resumo, com seu ato
desesperadamente partidário ele não conseguiu trancafiar os adversários do PT.
Mas conquistou para si próprio e o partido uma pressão desnecessária neste
momento. O jogo de Janot pode se tornar então uma bela dor de cabeça para o PT.
Agora a prisão dos líderes petistas passa a ser um imperativo moral. Qualquer
recusa a emitir os pedidos de prisão, por parte de Janot, é um cuspe na cara do
povo brasileiro. A nós cabe apenas colocar o dedo na ferida. Nós podemos ir
para a ofensiva, enquanto Janot criou uma situação onde ele e o PT só podem
ficar na defensiva.
É nisso que deu a afobação de
Janot. É este momento que os adeptos da democracia e da liberdade devem
aproveitar.
Caro Luciano, creio que sua análise quanto a este Senhor, está certíssima, sempre tive minhas desconfianças quanto a Ele ser indicado por Dilma, e hoje, vemos que ele diz não dever nada a ninguém, mas as atitudes não demonstram isto. Que Vergonha!!
ResponderExcluirAbs
Heitor Volkart