segunda-feira, 25 de julho de 2016

A diferença entre viver sozinho e a vida contemplativa

Jurandir Dias

Aristóteles dividia os homens em três categorias, de acordo com a vida que levavam: a vida de prazer, a vida de políticos e a vida contemplativa.[1] Excetuando a vida de políticos, que segundo ele era a classe de homens honrados e virtuosos — muito diferente de nossos dias! — podemos dizer que essa classificação pode ser aplicada hoje. “Os homens de tipo mais vulgar — diz o filósofo — parecem identificar o bem ou a felicidade com o prazer, e por isso amam a vida dos gozos.” [2]

Como sabemos, os contemplativos são aqueles que levam a vida sozinhos, fazem orações, louvam a Deus, estudam e fazem sacrifícios etc., como são (ou deveriam ser) os de algumas ordens religiosas. Contudo, muito diferente desses religiosos, surgiu nos últimos anos a categoria dos que preferem viver sozinhos.

Mais de 8,2 milhões de pessoas no Brasil moram sozinhos em casas ou apartamentos. Segundo uma senhora de 82 anos de idade, ela mora sozinha porque “faz tudo o que tem vontade”. Outra solitária diz: “Estou em paz comigo mesma, então eu não preciso de ninguém. Eu converso com os meus gatinhos.”[3]

Quase 40% das pessoas que moram sozinhas têm mais de 60 anos de idade. Tais pessoas, em sua grande maioria, já foram casadas, ficaram viúvas, ou se divorciaram e mandaram seus filhos para fora de casa.

Segundo a FIPE — Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas — 46% das pessoas que compraram imóveis na capital paulista, nos últimos anos, pretendiam morar sozinhas. Esta tendência contraria a história da humanidade, como observa o filósofo Pondé: “A história da espécie (humana) é muito voltada para a necessidade de viver juntos compartilhando o combate aos riscos.” Poderíamos acrescentar que contraria também o natural instinto de sociabilidade da natureza humana.

Já o jurista Luiz Flávio Gomes comenta: “Isto de morar sozinho vai na linha da cultura vigente desde os anos 80 e que é uma cultura individualista e não mais o coletivo. Ademais, os relacionamentos hoje são líquidos, é passageiro e fugaz, num instante se vai.”

São Gregório Magno, citado por Santo Tomás de Aquino, diz que “a vida contemplativa preserva o amor de Deus e o amor do próximo com toda a nossa força, e repousa da atividade exterior de tal modo que agora, não mais lhe agradando a atividade exterior, e tendo desprezado os cuidados terrenos, a alma é consumida pelo desejo de ver a face de seu Criador“. [4]

Há uma diferença fundamental entre as pessoas que vivem sozinhas e a vida contemplativa descrita pelo grande Santo, pois boa parte delas quer ficar sozinha por puro egoísmo, sem nenhuma referência a Deus. Aliás, estas pessoas levam uma vida como se Ele não existisse. Outras vivem sozinhas porque durante muitos anos praticaram o controle da natalidade e com isso não têm filhos que as possam ajudar. Ou então porque os educaram mal e os filhos se tornaram pessoas desalmadas que não se preocupam com os pais.
Título, Imagens e Texto: Jurandir Dias, ABIM, 25-7-2016

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