Vanderlei Santos Rocha
Já que o tema é estórias,
acreditem, se quiserem.
O voo da meia-noite para Porto
Alegre era o paraíso dos Extras e GC.
Cheguei cedo, não havia aquela
coisa de lugar marcado, e sentei-me no fundo do avião, B-737, de dois lugares
apenas. Sentei à janela e coloquei a minha bolsa de mão no chão, debaixo da
poltrona em frente
Entra a delegação do Flamengo,
cerca de trinta elementos mais uns gatos-pingados, perfaziam quarenta
passageiros.
Encurtando o tópico, quatro elementos
foram para o fundo do avião. Três deles sentaram do lado esquerdo, e o último
deles, negro, alto, atlético com cabelos que pareciam cotonetes de orelhão,
parou junto ao local em que eu estava e perguntou:
“Será que a dona bolsa me dá
licença?”
Eu pensei com meus
gargomilhos:
“Porra! avião vazio, tem que
ser do meu lado!?”
Eu detesto jogador de futebol arrogante.
Tirei a bolsa, eles
conversavam, riam, gritavam e a algazarra era total.
Bem, eu já estava a fim de
trocar de assento. Quando o personagem em questão perguntou-me se eu não o
reconhecera. Disse-lhe que não.
Então, em alta voz ele gritou:
“EU sou o TONINHO DA SELEÇÃO
BRASILEIRA!”.
Respondi:
“E daí, doutor, técnico ou
massagista, eu pouco ligo para futebol, me interesso por assuntos cultos, não
pago ingressos para a falta de educação e desrespeito à liberdade dos outros.”
Luzes apagadas, trocaram de
lugar em silêncio.
Segunda chance
Voo 100 de Airbus.
Novamente sentei-me nas
poltronas duplas junto à saída de emergência, e novamente fui premiado.
O humorista Castrinho sentou
ao meu lado.
Fiz-me de indiferente, nem
perguntei quem era, nem ele para mim, conversávamos amenidades.
Ele falando do meu sotaque,
pergunta se era gaúcho.
Eu respondo que sim.
Daí ele me questiona se eu
conhecia a piada do gaúcho e as duas facas.
Eu respondo que essa era
ultrapassada, a nova era do gaúcho com as quatro facas.
Ele me pergunta como era.
Eu respondo:
“Uma pra pôr na boca e morder,
duas para fincar na parede, e a última para capar o cara que conta a piada das
duas facas, aí ele segura nas duas que estão na parede. Depois pega a que está
na boca e escalpela o vivente.”
Texto: Vanderlei dos Santos Rocha, 19-7-2016
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Santos Rocha, um Abração!
ResponderExcluirMas Bah! Gaúcho Macho Tchê!!!
Heitor Volkart