Portugal tem vivido em
sucessivos ciclos de expansão da despesa até ao estoiro, geralmente liderados
pelos socialistas, com uma segunda fase de contracção sem reformas, sob
condução da direita. A sustentabilidade das contas públicas tem sido o problema
dos últimos quinze anos e deverá manter-se mais uma década: foi acumulada uma
dívida brutal e, sem crescimento, o país não poderá suportar indefinidamente o
peso dessa dívida; o crescimento depende em parte de reformas difíceis que
permitam equilibrar os orçamentos.
Os economistas andam a dizer
isto desde o século passado e os políticos sabem que o problema nacional tem a
ver com o excesso de despesa, mas o facto é que Portugal só muda por imposição
externa. É o que acontecerá de novo. A geringonça não será mais do que um breve
período de expansão orçamental e de aumento de impostos que vai rebentar um
pouco à frente.
O contexto do euro tornou o
problema crónico mais difícil de gerir e os partidos parecem incapazes de
organizar uma resposta que torne o país viável. A fragilidade do sistema
partidário gera a paralisia institucional.
Falta de coragem política para
mudar a situação. Os partidos vivem da criação de intrigas artificiais e as
discussões paupérrimas são de natureza ideológica, evitando-se sempre abordar a
questão central.
Os meios de comunicação
tornaram-se cúmplices desta impossibilidade de fazer reformas e têm horror à
ideia de renovação da classe política, pois alimentam algumas das personagens
que criaram o próprio sistema em que vivemos: as televisões estão repletas de
comentadores que nunca foram além de carreiras políticas medíocres. Falam como
se tivessem sido grandes estadistas.
Título e Texto: Luís Naves, Fragmentário,
9-8-2016
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