Afastada vai divulgar a carta aos
senadores; se voltar, promete não interferir na Lava Jato nem nomear
condenados... Ufa
Reinaldo Azevedo
Há coisas que seriam
certamente engraçadas se não fossem, vamos ver, nem digo trágicas — porque isso
não chega a ser… Se não fossem patéticas. Assim é com a tal carta que Dilma
pretende enviar nesta semana aos senadores, naquele que é seu último esforço
para tentar evitar o impeachment, tão certo quanto 59 votos são mais do que
dois terços do Senado.
No tal texto, informa a Folha, a Afastada vai assegurar a independência da
Lava Jato. Mas esperem! A operação, por acaso, depende hoje de alguma
“garantia” do Poder Executivo? Ainda que Dilma não a assegurasse e caso ela
voltasse ao poder, então a operação estaria em risco? O que o Executivo, esteja
Michel Temer ou ela no poder, teria condições de fazer contra a investigação?
Ah, sim: ela vai
assegurar também que, caso seja posta de volta na cadeira presidencial,
não pretende nomear nenhum condenado para o ministério. Santo Deus! Era só o
que faltava! E há, por acaso, condenados no governo Temer?
Ah, ora vejam! Num rasgo de
humildade, ela deve reconhecer que cometeu erros no governo — duvido que diga
quais… —, mas voltará a afirmar que não cometeu crime nenhum, o que, como já
resta comprovado, não é verdade. Também estaria disposta a admitir que a
situação do país é muito grave, mas que a resposta só pode ser dada por um
governo eleito.
Bem, eu concordo com ela: só
com um governo eleito! Por isso, então, pode ser Temer, não é? Afinal, ele foi
eleito. Ou a ex-soberana pretende lhe cassar a diplomação?
Como maluquice pouca é
bobagem, ela vai mesmo fazer uma defesa enfática do plebiscito para saber se a
população quer a realização de novas eleições. Bem, trata-se de uma vigarice
óbvia. Todos sabem que a resposta, dada a crise política, é “sim”.
O que Dilma certamente não vai
explicar é que tal procedimento, se constitucional fosse — e não é —, teria de
contar com a anuência do Congresso, e hoje isso não aconteceria. Mais: para a
realização do dito-cujo, ela teria de voltar e de renunciar. Como não volta…
Mas ainda que as duas coisas ocorressem, Temer também teria de abrir mão do seu
cargo. Ora, nesse caso, a Constituição já oferece respostas: eleição direta em
90 dias se a dupla saída se der até 31 de dezembro deste ano e eleição indireta
em 30 dias se a partir de 1º de janeiro do ano que vem.
Logo, pergunta-se: plebiscito
pra quê? E daí? Dilma não quer dar atestado de sanidade. Ela só quer ter razão.
No hospício, isso é muito comum.
A Afastada poderia se poupar e
nos poupar do ridículo. Mas não vai. Afinal, ela se orgulha de ser uma pessoa
determinada.
Foi com muita determinação que
ela conduziu o país à maior crise econômica de sua história.
Prezados, Ahh! Ela deveria mencionar na tal carta, que se ela voltar, vai trazer de volta, as dezenas de malas cheias que levou para casa em Porto Alegre. E depois diz que é honesta!!! Sinceramente!
ResponderExcluirHeitor Volkart