Luciano Ayan
O site Implicante traz
um questionamento:
Revoltado com o bloqueio da
avenida Paulista, um homem gritou na frente dos manifestantes que protestavam
contra o impeachment de Dilma Rousseff: “Viva a PM!” No instante
seguinte, em torno de vinte pessoas tentavam linchá-lo. No dia seguinte,
São Paulo amanheceria com suas principais vias interditadas por pneus em
chamas. No centro do protesto, o MSTS, uma organização de esquerda cujos
líderes já foram detidos por envolvimento com o PCC e o tráfico de drogas na
Cracolândia.
Nada disso estimulou a
imprensa a chamar esses militantes de “extrema-esquerda”. Mas basta qualquer
crítica mais dura ao esquerdismo para a “extrema-direita” ser evocada no
noticiário, nas análises políticas, no temor dos apresentadores que cobrem ao
vivo os casos mais bombásticos.
A resposta à pergunta do
título parece clara, mas é sempre bom repetir: porque a imprensa é esquerdista.
E nem acha de fato ruim quando a extrema-esquerda apronta das suas.
A questão é até mais simples
do que isso.
Basta imaginar que há um jogo.
Tal como o futebol e o basquete. Cada vez que alguém mete a bola nas redes, é
um gol, no futebol. Cada vez que alguém enfia a bola dentro do aro, são dois
pontos, no basquete.
Da mesma forma, no jogo da
política, cada vez que alguém rotula um adversário, ele marca um “ponto” na
guerra política.
Agora basta realizar outra
constatação: uma das rotulagens mais poderosas é definir o oponente como
“extrema” ou “ultra”. Isso porque o cidadão médio prefere a opção “moderada”.
Ora, sendo assim, posicionar o oponente como “extrema” ou “ultra” é
subcomunicar – e isso será percebido em níveis inconscientes – que você deve
ser ouvido, enquanto seu adversário, que foi definido como o “extremista”, não.
No caso da imprensa, não é que
ela é de esquerda, mas de extrema-esquerda. Só isso faz com que ela não aceite
o rótulo de extrema-esquerda aos seus aliados. Em suma, a mídia de
extrema-esquerda joga o jogo político.
Cabe a nós exigirmos que cada
vez mais formadores de opinião de nosso lado os rotulem da maneira correta:
extrema-esquerda.
Título, Imagem e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo Político, 1-9-2016
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