quinta-feira, 20 de outubro de 2016

E centrais sindicais vêm com a ideia cafona da “greve geral”. E o que quer Paulinho da Força?

Deputado do Solidariedade votou a favor do teto de gastos, mas sua central quer greve contra a reforma da Previdência, sem a qual não há teto de gastos

Reinaldo Azevedo

Não pensem que a inviabilização de um país é tarefa de um dia. Como se sabe, o subdesenvolvimento é uma construção que demanda o esforço de gerações e pede a colaboração de muitos atores, não é mesmo?

Líderes de todas as centrais sindicais, incluindo a Força Sindical — e já digo por que o destaque — se encontraram nesta terça e decidiram que é hora de fazer, ora vejam, uma “greve geral” contra a reforma da Previdência. A proposta foi aprovada por unanimidade. Há um novo encontro marcado na CUT — sim, na CUT — nesta quarta para, digamos, afinar a proposta. Suponho que seja um dia nacional de paralisação para, vamos dizer assim, testar o poder.

Pois é…

O deputado Paulinho da Força (SD-SP) [foto], que manda de tal sorte na central que resolveu incorporá-la a seu nome fantasia, está nessa mobilização contra a reforma da Previdência.



Ora vejam que graça! O homem votou a favor da PEC 241, que estabelece o teto de gastos do governo federal. Trata-se de uma evidência matemática o fato de que, sem a reforma da Previdência, não há efetividade possível para o teto de gastos. É simples assim. Querer um e não querer a outra corresponde a advogar a quadratura do círculo.

Bem, agora dá para entender com mais clareza por que o país foi à breca, não é mesmo? Dilma e o PT eram reféns desses grupelhos e movimentos que não estão nem aí se o país vai ou não quebrar. Não é problema deles, desde que seus privilégios sejam mantidos e desde que o estado seja um poço sem fundo para financiar suas ações.

Sabem por que há mais de 12 milhões de desempregados no Brasil?

Sabem por que há uma recessão de quase 4% no país?

Sabem por que os juros estão em 14,25% ao ano?

É simples! Porque tivemos, por 13 anos, um governo que decidiu gastar sem perguntar de onde vinham os recursos. Que a reunião para debater uma greve geral seja realizada na CUT, eis o emblema maior da impostura, não é mesmo? A central foi a grande sabuja e beneficiária do governo petista nesse tempo.

Assistiu inerme à quebra do país. Assistiu calada à explosão do desemprego. Assistiu embevecida ao mergulho na recessão. E seu dirigente máximo, Vagner Freitas, em palácio, ainda prometeu pegar em armas para defender o governo petista.

Agora, quando se abre a oportunidade de dar uma resposta para a crise — resposta que terá os pobres como principais beneficiários —, os nababos do sindicalismo anunciam a resistência. E é claro que considero Paulinho o retrato da contradição: ele quer teto de gastos, mas não abre mão de que a Previdência continue a sangrar o país.

A política, com efeito, pode ser um ambiente bem pouco salubre.

Greve geral? Santo Deus! Trata-se de uma daquelas cafonices de esquerda que o mundo moderno sepultou.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, VEJA, 19-10-2016

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