segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Não foi “a esquerda”, mas a extrema-esquerda que saiu perdendo nessas eleições

Luciano Ayan

Não concordo com o argumento dizendo que “a esquerda” saiu perdendo nessas eleições. O erro decorre de cairmos em uma camisa de força verbal criada pela extrema-esquerda, que, no fundo, foi a grande derrotada nessa eleições. Já os partidos de esquerda moderada e de centro-esquerda saíram fortalecidos.

Essa não é uma má notícia para uma direita pragmática, que precisa finalmente começar a ter candidatos de direita, mesmo que alguns deles ocupem espaços em partidos de esquerda. É o caso de João Doria e Nelson Marchezan Junior, que decididamente são candidatos de direita, mesmo estando no partido esquerdista PSDB.

O primeiro trabalho para a direita pragmática é nos livrarmos da extrema-esquerda. Nisto, ainda temos muito trabalho pela frente para evitar que eles não retomem o protagonismo em 2018 e 2022. Mas as eleições de 2016 já foram um ótimo passo neste sentido.

Em seguida, o trabalho da direita é começar a viabilizar ainda mais candidatos na linha de Marchezan e Doria. Enquanto esse trabalho está apenas no início, podemos nos conformar com o fato de que as eleições atuais foram dominadas pela centro-esquerda e pela esquerda moderada. Assim, não tivemos uma derrota “da esquerda”. Nem era esse o foco para um primeiro momento.

É importante nomear as coisas como elas são. Nosso problema atual é lutar contra a extrema-esquerda, que não pode ser definida como “a esquerda”.

O truque da extrema-esquerda ao se definir como “a esquerda” é posicionar candidatos de centro-esquerda e esquerda moderada como “de direita”. Acreditar nisso é cair em uma ilusão e nos conformarmos com pouco, quando na verdade ainda há muito trabalho no longo caminho de termos o estabelecimento de uma direita no Brasil. Esta direita, aliás, precisa se acostumar a nomear partidos como PT, PCdoB, PSOL, Rede e PDT como extrema-esquerda, e não “a esquerda”.

A diferença é clara. A esquerda é avaliada pela luta pelo poder com base em estados inchados. Mas a extrema-esquerda depende do mesmo tipo de poder, só que em estados, além de inchados, totalitários. Dizer que estes últimos são “a esquerda” fazem com que percamos a percepção da diferença entre lutar ou não pelo totalitarismo (como eles fazem). Sem a capacidade de percepção, nossa luta contra os totalitários perde eficiência.

Assim, esta eleição não marcou uma derrota da esquerda, mas da extrema-esquerda.
Título, Imagem e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo Político, 30-10-2016

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Um comentário:

  1. Não foi só a extrema-esquerda que levou uma lavada, a "Cultura", a soberba dos 'universitários' e a arrogância de comentaristas, jornalistas e quejandos também foram levados pela... lavagem!
    Oxalá aconteça o mesmo nos EUA no próximo 8 de novembro! A ver iremos!

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