sábado, 17 de dezembro de 2016

[Aparecido rasga o verbo] Em nome de Jesus te repreendo... sai, sai, sai...

Aparecido Raimundo de Souza

O Pastor de ovelhinhas Silas Malavaia está furioso, possuído, enraivecido, trombeteado com a justiça. Coisas do tinhoso devorador, sem sombras de dúvidas. Esse nobre foi alvo, dias atrás, de uma operação cognominada pela Policia Federal de “Agnaldo Timóteo”. Nome de um cantor gospel conhecidíssimo, se não nos enganamos inserido nas Escrituras Sagradas em 1982, como  deputado federal pelo Rio de Janeiro, encobertado pela sigla  PDT (Partido dos Timóteos). Pois bem. Dão conta, as notícias, que o cidadão Malacaia, se apresentou na sede da Polícia Federal, Zona Oeste de São Paulo, onde prestou depoimento durante uma hora e meia. 

Esse “se apresentou”, a nosso entendimento, está meio inteiro capenga destoado da realidade. Se apresentar de livre e espontânea pressão, digo vontade, não se configura condução coercitiva. E o que venha a ser condução coercitiva? É aquela forma carinhosa, elegante, gentil, meiga e afetuosa de levar qualquer cidadão (menos os ricos e os bons de bolsos) a um determinado lugar, seja na presença de uma autoridade policial ou judicial, enfim, independentemente de sua vontade. A contra gosto. 

Vamos dar um exemplo mais abrangente. Já que citamos o cantor Agnado Timóteo, vamos nessa linha. Hipoteticamente, Roberto Carlos, é convidado para comparecer à presença do doutor delegado de polícia da delegacia da 37ª DP da Ilha do Governador. Por qualquer motivo, o artista não vai. O delegado, por se tratar do Rei (e não de um Zé Mané), manda uma segunda solicitação e a figura igualmente não dá as caras. O delegado se encarniça, se arrouba e se inflama e manda buscar o elemento onde ele estiver e o leva à sua beira, na força, na marra, no tapa, não necessariamente nessa desordem. No geral, condução coercitiva se resume nisso. Trazer na aba, no tête-à-tête do agente da lei, de forma impositiva, qualquer do povo, independentemente do seu credo religioso, idade, sexo, raça ou posição social. Pelo menos é o que reza, ou melhor, o que ora a lei. 

A condução coercitiva está prevista no (CPP) Código de Processo Penal, como forma de obrigar qualquer um, pobre rico (rico temos cá nossas dúvidas) feio, bonito, amarelo, verde ou negro, que deva comparecer a ato do poder público (não importa o motivo desse ato), para o qual o convocado não o fez, e pior, não dando a mínima importância a quem o mandou sindicar.

No caso do Pastor Malaraia o religioso, dono da  pobríssima Assembleia de Deus, é suspeito de emprestar contas bancárias de sua instituição para ajudar a ocultar dinheiro. “Isso é uma safadeza, é uma molecagem” berrou o homem de Deus frente às câmeras de televisão, num show psicodélico (desculpem pirotécnico), transmitido Brasil e mundo afora em cadeia nacional. “Foram na minha casa, minhas netas estavam a meus cuidados  – fungou o Endeusado – enraivecido, bufozo, lacrimoso, pê da vida –,  com a Polícia Federal, as pequenas chorando, a quem interessa isso?”.

Se fosse um Zé Cagado, morador da Favela da Rocinha, ou do Complexo do Alemão, da Mangueira, da Penha, São Carlos ou da Serrinha, essa mesma condução coercitiva não daria tanto alarde, tampouco IBOPE. Não chamaria a atenção. Não venderia jornais, nem revistas. Contudo, senhoras e senhores -, vejam bem, se tratava da pessoa bem apessoada do senhor Bispo (bispo não, cavalo, porra, o certo é torre, não, não, é torre, é líder) líder religioso, me perdoem, pela gafe, líder religioso Silas Malavolta. Silas não é um borra botas, um pudrico qualquer. Não estamos aqui tratando de um boçal do Complexo do Alemão, mas de uma Divindade que carrega, nas costas, um título honorífico, de solenidade respeitosa, um líder religioso, como os demais de outras denominações, como o Padre Marmelo Tossi, da Igreja Católica, Missionário David Debanda, da Deus é Amor,  Pedir Maicedo, da Universal, apostolo Valdemiro Semtiago, da Poder de Deus, bispa Sonia Hernandes, da Renascer em Cristo... 

Condução coercitiva para esses Adorados e Intocáveis, provoca polêmica, discussão, controvérsias, um problema do caralho. Como, de fato, gerou fofocas e picuinhas. Seria como trazer em baixo e vara Desmond Tutu, Wayne Dyer, Deepak Chopra, Rhonda Byrne, Thich Nhat Hanh Dalai Lama, Tiririca, o magro Paulo Caolho, e outros idolatrados que alimentam diariamente a mídia escrita, falada, televisada, conclamada, desesperada, etc. etc. Essa galera de peso vende no escuro, motiva a somas enormes de grana viva, dinheiro a rodo, ao passo que o pobretão e fodido “Nego Cabeçudo”, do Pavãozinho, daria porcamente, uma notinha de rodapé, se muito.

A condução coercitiva carrega em seu bojo alguns melindres. Não pode isso, não pode aquilo. Inclusive, o “conduzido”, pode ser algemado, com direito, claro, a tapar o rosto, com a cueca, caso a vergonha a que estará exposto seja de grande porte e lhe venha a acarretar futuros constrangimentos.     

No caso do Líder religioso Silas Malavolta um tal de Jader (seria o Jader Caralho ... Barbalho?! depositou em sua conta, em nome da salvação da alma espúria, uma ofertinha boba, besta, ínfima, pequena, insignificante de R$ 100 mil. Pelo amor de Deus, amigo pastor Michael Aboud, da Igreja Embaixada do Reino, em Balneário Camboriú, nos apresente a esse seu amigo Jader. Estamos carentes e privados da bem aventurança, o espírito quebrantando, precisando de uma doaçãozinha para ajudar na sobrevivência dos filhos. Vosmicê tem plena consciência de que a vida está uma merda, com tantos ladrões em Brasília metendo as mãos em nossos bolsos. De qualquer forma, se o prezado for tocado pelo Altíssimo, R$ 100 mil está de bom tamanho. Sem contar que, se preciso, lavamos dinheiro. Papo federal. Sem a Polícia Federal de olho, disfarçada pelos cantos, na figura jactanciosa do Japonês. Trouxemos da Zona Franca de Manaus umas máquinas “maneiras” que lavam dinheiro, secam e passam sem estragarem as notas. Uma beleza!


A patacoada do senhor Silas Malacheia, suas declarações a altos brados e clamores, põe em cheque se Jesus Cristo (a quem ele jura de joelhos no chão, amar acima de qualquer coisa, e a quem apregoa sua vida ostoporicamente religiosa e reta, sem curvas e desvios), o Primogênito de Deus, nosso Emanuel morreu na cruz. Morreu meu caro Silas? Comparado com a maioria das pessoas do seu tempo, Jesus teve uma vida bem documentada. Tácito, um historiador romano que escreveu no início do segundo século menciona que “Christus foi sentenciado à morte pelo governador romano Pôncio Pilatos. Sua morte, não fez cessar a “superstição perniciosa” de seus seguidores”, assim como não fez, amigo Silas, após a sua sublevação, ou explosão quando do regresso da condução coercitiva de sua pessoa à Policia Federal. O que uma coisa tem a ver com a outra?  Diga o senhor, o dono da verdade. Lembra, porém, que voltando a morte de Jesus, e, de contrapeso, seu suposto envolvimento com picaretagens, fontes judaicas igualmente concisas, com exceção de Flavius Josephus, historiador do primeiro século, deixa no ar certo uma pontinha de suspeita. Josephus relata como, depois de condenado à crucificação por Pilatos, Jesus “parecia... ter ganho nova vida, pois os profetas de Deus haviam visionado isso e inúmeras outras coisas maravilhosas sobre ELE”.

Oxente, meu amado Silas, minhas queridas senhoras e meus nobres senhores. Um morto que volta à vida não pode ser considerado um detalhe biográfico de pouca importância. Ainda mais em se tratando de Jesus. Fica difícil imaginar que Tomás nuca ouvira falar nisso, ou que se esquecera de mencionar em seus escritos a morte desse Homem tão importante e a sua volta triunfal do sepulcro, no terceiro dia. Sendo assim, muitos autores concluíram que a ressureição foi uma invenção, não de Jesus ou seus seguidores, contudo, de cristãos que surgiram mais tarde, provavelmente no reinado de Marcos. Estamos certos ou errados? O senhor tem a palavra... Foi intriga da oposição, ou... sua condução coercitiva continha, ainda que distante um pequeno fundo de verdade??!!

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Título, Imagens e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, 63 anos, jornalista, Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, 17-12-2016

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8 comentários:

  1. Quando vi Malafaia discursando contra a corrupção pensei; um que se salvou, engano meu e de muitos, é tão safado corrupto com todos que estão nessa panelinha, nosso Brasil está assim, se correr os corruptos te roubam, se ficar os corruptos te roubam não tem escapatória nosso Brasil esta tendo uma morte por falência múltiplas. Carla Rejane -RJ

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  2. Obrigado, Carla, pelo seu carinho, e, sobretudo, pela divulgação dos meus trabalhos.

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  3. Gostei do texto ! Voce disse tudo que estava atravessado na minha garganta.

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  4. Excelente texto que traduz em sua narrativa a realidade dos fatos, ninguém está acima da lei, Deus e só, como está expresso no artigo 5 da cf/88, somos todos iguais perante a lei ou não????

    Gostei do reinado do Marcos Nanhay kkkk

    Meus parabéns ao brilhante autor Raimundo Aparecido de Souza

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  5. Todos os políticos são iguais independente de ser evangélico ou não,por isso,não se refira a religião e sim corrupção de todos os políticos.

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  6. Este meu texto foi traduzido para a língua inglesa por Eric Nepomuceno.
    Aparecido Raimundo de Souza, de Santa Cruz do Rio Pardo, interior de São Paulo.

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