sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

[Aparecido rasga o verbo] Eternas bombas-relógio

Aparecido Raimundo de Souza

Segurança Pública ou Insegurança Póbrica (de pobreza bem rampeira) à beira de um ataque de nervos? Em qualquer dos temas, um verdadeiro caso de Polícia. No Brasil, não importa onde o cidadão comum esteja. O “trinta e oito” sempre foi e será eternamente, o passaporte para o “sumiço repentino”, de cena, o documento de identidade hábil de um bom número cada vez maior de imbecis que continuam fazendo, de seus revólveres, os executores de suas próprias leis.

Nunca, porém, em todo o histórico da história, detectamos índices tão alarmantes de violências e impunidades. Ambas andam juntas, de mãos dadas, como duas sapatonas em busca da mesma finalidade. A ejaculação da baderna infame na sua melhor forma de expressão. Nesses desenfreios, a sociedade se flagra inóspita, confinada, enclausurada e depauperadamente assustada. A sociedade, senhoras e senhores, não tem mais a quem recorrer.  A fonte da felicidade escafedeu de vez para a casa do caralho.

O País se tornou canhestro na proteção da população. Enquanto isso, organizações criminosas as mais diversificadas (como escolas de samba em dias de carnaval) desafiam a frágil estrutura policial. Sem treinamentos, armas, carros, pessoal especializado, em preparações práticas e sérias e, pior, sem um eficiente programa de combate ao crime organizado. Por essas e outras, a máquina se tornou emperrada, para sermos mais exatos, virou vulgarmente um aglomerado de merda, mero instrumento decorativo.

Na atualidade, bandidos assaltam, estupram, matam, ao sabor do “conosco não há pudosco”, forma antiga e antiquada de “comigo ninguém pode”.  Caminho igual, os desordeiros desafiam os esdrúxulos representantes da boa ordem (seria realmente boa ordem?!) e fim de papo. Não há um dia em que não deparamos nos jornais de fim de noite, com vagabundos invadindo delegacias com armamentos pesados, ou tomando prisões nos tapas e beijos.  Como se fosse a coisa mais corriqueira, os sagazes e dispostos a tudo, libertam, à luz do dia, seus companheiros e comparsas.



No quadro geral, todavia, ninguém vai preso. Ordens são dadas a torto, e a torta de pêssegos, à direita e à esquerda, inquéritos são abertos, perícias requeridas, um calhamaço de denúncias entopem os cartórios das varas criminais dos judiciários, vindas dos representantes do Ministério Público. Na sequência do circo armado, mandados são distribuídos, prisões decretadas por juízes brabos, com caras de bundas mal lavadas.  Final das contas, todas essas ações pleiteadas (ainda que em conjunto) acabam nos cafundós de belas casas de massas, onde garçons vestidos e engravatados a rigor, servem pizzas dos mais diversos sabores a fregueses antigos com as marcas de seus traseiros desenhadas em confortáveis assentos cativos.


O recente acontecimento, envolvendo a fuga em massa no Complexo Anísio Jobim, alcunhado carinhosamente de “Compaj”, ou mais precisamente na BR 174, rodovia que liga Manaus a Boa Vista, e onde, igualmente, ocorreram cinquenta e seis mortes, mostra a todos nós, que o sistema penitenciário, como um todo, está obstruído, empacado, fodido. Mais que isso, falido, sem contar que vive às moscas, ao deus dará.


Essas espeluncas estão, na verdade, à beira de um ataque de nervos, sem condições de reverterem a situação, a não ser que aconteça um milagre divino. Ora, senhoras e senhores, convenhamos. Um estabelecimento com capacidade para quatrocentos e cinquenta e quatro foras da lei, “abarrotadamente”  entupido mais que trem da central com destino a Japeri, no Rio de Janeiro, em horário de pique, perfazendo um total de mil duzentos e vinte e quatro figuras amontoadas, seria humanamente impossível não prever, que mais hoje, mais amanhã, ocorreria uma desastrosa tribulação  sem precedentes. A matemática é simples. Bastam os bobalhões sentarem, ajustarem os neurônios das cacholas para pensarem e concluirão, sem nenhum trabalho, que o que aconteceu simplesmente era INEVITÁVEL.  Como a famosa e bem conhecida TRAGÉDIA ANUNCIADA.

Permitam abrirmos um pequeno parêntese para falarmos num outro massacre ocorrido em outubro de mil novecentos e noventa e dois. Os senhores, por acaso, se lembram desse episódio?  Refresquemos as memórias adormecidas. Aconteceu em São Paulo, no antigo Carandiru. Duvidamos que os prezados ainda se olvidem desse infortúnio!  Tudo começou com uma briga de presos no Pavilhão nove da antiga Casa de Detenção. A “tomada, no coice e na raça”, pela Polícia Militar, liderada pelo coronel Ubiratan Guimarães, tinha como justificativa (vamos rir um pouco, kikikikikikikiki) acalmar uma pequena e insignificante rebelião local.
IMAGEM CARANDIRU

Sobreviventes, todavia, afirmaram, de pés juntos e dedinhos cruzados, que o número de mortos depois de cessado o furdunço, excedeu aos enfiados, à força, na galera da imprensa que cobria o evento. Na ocasião, a promotoria pública, para mostrar serviço, classificou a bela e fusgólica “intervenção”, como “desastrosa e mal preparada”. Entre mortos, feridos e falecidos pela metade (como explicar “falecidos pela metade?!”.  Defuntos “falecidos pela metade”, são aqueles cadáveres com partes dos colhões na terra e, ao mesmo tempo, no inferno) passaram desta para melhor, não somente os cento e onze detentos. O correto beiraria a marca de duzentos e cinquenta. Isso posto fechamos o pequeno parêntese aberto.

Voltemos ao parágrafo do milagre divino. As sessenta mortes no “Compaj”, de novidade, apenas mudou de endereço e cidade. Uma beldade deu a ordem, um coronelzinho de gabinete tomou para si a responsabilidade, dominou o complexo e despachou, numa cajadada certeira, uma cambada de sanguessugas e desocupados de uma só vez. Outros, sem números definidos, saíram voando, certamente disfarçados de agentes e carcereiros.  Até agora, kikikikikikikiki, nenhum camarada restou  responsabilizado.       

Como não poderia deixar de ser, fazendo politicagem, mostrando o terno novo e talhado a Daniele Alessandrini, o ilustre Chefe da Danação (perdão, Nação), Michel Jackson Temer classificou o enlace matrimonial como “um acidente pavoroso”. Na oportunidade, informou que mais cinco puteiros, perdão, presídios, serão construídos, inclusive dois deles, na Capital do Brasil, um de segurança máxima, ao lado do Palácio da Alvorada e outro, de segurança mínima, coligado ao Palácio do Planalto. Segundo ele, nosso “Presidoente”, com a finalidade de prender bem prendido os corruptos. O maunistro Alexandre de Moraes, por sua vez, também apareceu foférrimo diante das câmeras, jogou a culpa da confusão na empresa terceirizada responsável pela segurança da penitenciária, a Umanizzare Gestão Prisional e Serviços Ltda. Essa firma teria mamado seiscentos e cinquenta e três milhões nas tetas do Estado da Amazônia, entretanto, pelo acontecido, não humanizou porra nenhuma.      

Não mencionamos outras desgraças isoladas em cadeias como a de Pedrinhas, no Maranhão, onde perderam a vida sessenta e dois detentos, num acúmulo de lotação de dois mil cento e oitenta e seis, quando deveria comportar apenas mil setecentos e setenta e a de Ênio dos Santos Pereira o famoso “Urso Branco”, em Porto Velho, etc. etc...

Tudo gira como num imenso carrossel, em torno de brigas de facções que, rivais entre si, se matam, se digladiam em nome do tráfico de drogas. Raciocinem comigo, senhoras e senhores. Vemos uma única saída para pôr um fim definitivo nessas desavenças e picuinhas que viraram modas nos presídios e casas de detenções e custódias, Brasil afora. Não seria mais viável, mais sensato, mandar toda essas infâmias para os quintos? Esses miseráveis vegetam às nossas custas, sem contar os malandros no Senado, na Câmara, nos ministérios, que, fora dos presídios comem nossos rabos à moda mineira. Pelas beiradas. Não teria chegado a hora de dar um basta definitivo? Todos os nossos problemas cessariam de uma vez por todas.

Devemos levar em conta, em outra ótica, que não podemos andar pelas ruas sem o temor de sermos assaltados. Menores delinquentes investem sobre nós, pacatos cidadãos, com a certeza de que não serão molestados pela inoperância da desleixada policia. Ademais, a certeza da impunidade criou forma e vida.  E se alastrou.

Mesma rota, não podemos estacionar nossos carros. Quadrilhas travestidas de fiscais, flanelinhas, guardinhas municipais, lavadores, o escambau, aparecerão da puta que pariu, para nos roubarem, nos depenarem, impondo, de forma pejorativa, os seus métodos. Se porventura revidamos as agressões, logo haveremos de nos confrontar com as leis de bosta que protegem e garantem a esses meliantes as isenções de seus atos.

Estatísticas mostram que os índices de criminalidade, Brasil de ponta a ponta, aumentaram em mais de 90% (noventa por cento) nesse período de começo de ano, em relação a 2016. Em conclusão, os indivíduos no gozo dos direitos civis e políticos, os Caras de Cus e os Eduardinhos Cunhas Punheteiros, não dispõem de  garantias, seja da Polícia Civil, seja da Militar. Do Estado, idem. Neca de pitibiriba. A válvula de escape menos degradante, não seria outra, senão a de apelarmos para a segurança pessoal, pagando verdadeiras fortunas a quadrilhas especializadas em nos prestar guarida fajuta, metendo as mãos em nossos bolsos, usque estivermos fora de nossos domicílios familiares, ou, via condexa, a caminho de nossos trabalhos.   

A violência, ponto pacífico, impera principalmente na parte da noite, quando nossas polícias preventivas kikikikikikikiki... como, num passe de mágica, desaparecem das ruas. Ora, senhoras e senhores, se educação, saúde e segurança são deveres inerentes do Estado, onde está -, indagamos estarrecidos e boquiabertos, pasmos e desolados: onde está esse filho da puta do Estado que não “aparece” para exercer, com garra e determinação, todas as atribuições a que temos direito conforme normas insculpidas na droga da Constituição Federal?!

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Título, Imagens e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista, Manaus (Presídio Anísio Jobim), na Amazônia, 6-1-2017

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4 comentários:

  1. O articulista detalha bem a situação na qual o Brasil atual se encontra.
    E os fatos não são de hoje ; isto vem se arrastando ano a ano. E tudo não passa de uma questão cultural - governantes e povo . Somos o que somos e estamos onde estamos pela nossa real maneira de pensar.
    E isso me lembra uma palestra dada, certa vez, na Diretoria de Ensino da extinta VARIG por um diretor da consultoria Mandelli . O palestrante
    ministrou aulas de reengenharia humana . Saímos de lá muito mais ricos do que antes !

    O conto:
    " Um certo indivíduo vinha por uma estrada no interior dos Estados Unidos, quando percebeu que o combustível do carro estava na reserva;
    percorreu uns poucos quilômetros e avistou um posto de gasolina ,desses de beira de estrada, com um sujeito adormecido em uma cadeira à espera de um eventual cliente.
    Aproximou-se para perguntar se o posto estava funcionando, se havia combustível e água gelada . O calor ali era insuportável. Notou , então, algo estranho.
    Junto ao idoso frentista, um cachorro que estava sentado próximo a bomba gania bem alto , como se estivesse sofrendo e cheio de dores...
    O passante perguntou ao frentista porque o cão gania tão alto.
    O frentista respondeu:
    - É que ele está sentado em cima de um prego pontudo !
    Indignado com aquilo, o viajante tornou a perguntar:
    - e por que ele não sai de cima do prego ???
    O frentista esclareceu:
    - Não sei , moço , talvez não esteja doendo tanto assim ... "

    Tudo indica que os brasileiros ( e talvez outros povos) estejam sentados sobre pregos bem pontudos , mas , por enquanto, a dor dá para suportar...
    Esperamos que algum dia , e esse dia há de chagar, a dor se torne insuportável de tal forma que todos comecem a pular e levantar a bunda de cima dos pregos pontiagudos! Então tudo irá mudar . Só não se sabe se para melhor... mas mudará.

    Grande abraço a todos e um ótimo
    final de semana.

    Sidnei Oliveira

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  2. Há de se discernir as etapas que o Brasil viveu.
    Não sou o imbecil que culpa a colonização portuguesa. àqueles que o fazem, são beócios faltos da história.
    Houve 4 períodos históricos do Brasil, e não vou catalogar o Brasil colônia, pois, era colônia e nessa época com o tratado de Tordesilhas de 1494, tudo a leste seria português e tudo a oeste para a Espanha.
    O Brasil tem esse tamanho todo devido ao Tratado de Madrid em 1750.
    Quando Dom João VI fugiu para o Brasil obrigou-se a dar independência à colônia para evitar a perda do trono por abandono.
    Em 1822 efetivou-se a independência do Brasil como império nas mãos do filho do rei de Portugal.
    A constituição de 25 de março de 1824 foi o INÍCIO DA CORRUPÇÃO NO BRASIL.
    O Imperador deu cargos vitalícios e foro privilegiados à senadores, juízes da corte e militares.
    Getúlio revogou esses privilégios em 1937.
    As regalias foram novamente instituídas exceto os cargos vitalícios em 1947.
    A constituição de 1967 novamente retirou os privilégios dos políticos.
    Novamente outorgado na constituição dita cidadão de 1988.
    Dom pedro II lutou bravamente para mudar a constituição e não conseguiu, nunca maioria no senado, no Supremo tribunal e com os militares. Acabou exilado.
    A constituição de 1891 instituiu oficialmente o CORONELISMO NO BRASIL, QUE PERDURA AOS DIAS DE HOJE.
    A ÚNICA VEZ QUE PEGAMOS EM ARAMAS DESAFIANDO O GOVERNO FOI EM 1835.
    Por isso nós gaúchos ainda carregamos em nossa Bandeira o símbolo e as palavras de REPÚBLICA RIO-GRANDENSE, esse foi o tratado de capitulação em 1845, válido aos dias de hoje.
    Capitulamos demais, nos dias de hoje somos 27 capitanias hereditárias de novo, nas mãos dos coronéis de colarinho branco.
    Infelizmente não se faz revolução sem armas, a revolução feita com palavras de revolta não surte efeito.
    Os filhos devotos do corruptos assumem os lugares dos pais, tios e manos.
    Para não perder a piada, continuem sentados nos pregos e REZEM PARA NÃO DOER.
    FUI...

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  3. Meu amigo como sempre arrasando em seus contos e fatos verídicos. Parabéns.

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