domingo, 8 de janeiro de 2017

[Aparecido rasga o verbo] A proliferação das igrejas

Aparecido Raimundo de Souza

Num poema de Nauro Machado, intitulado “FUGA E PERSEGUIÇÃO” lemos o seguinte:

“Configurações dos mapas
tentam apagar teu nome:
expulso da geografia,
da história universal.

Teu reino não é deste mundo
de pânico na medula,
de animais devolutos
da raiz da Criação.

Teu reino não é deste mundo
de sobressalto da hora,
de contingência do espasmo
entre arames da nervura.

Teu reino não é destas bombas
de gasolina - em tumor,
despejando combustão
de imundícies sobre a aurora.

Teu reino não é supersônico
chácara do paraíso,
ou elástico suspensório
elevando a dor ao vício.

Expulso da geografia
da história universal,
das fábulas em família,
da inocência dos lábios,
....................................................
Ninguém mais te reconhece”.

E com razão! Ninguém mais te reconhece. Essa poesia do grande poeta maranhense nos leva a acreditar que a porra da linha do tempo está se fechando aos poucos, se confinando gradativamente, se trancando, se enclausurando a cada dia nos limites da vida, a cada minuto, aferrolhando as portas por onde todos, com certeza, passarão.

As pessoas estão se preparando (ou pelo menos deveriam), para algo, e muitas delas nem sabem exatamente para quê.  Simplesmente se deixam seduzir pela moderna revolução coca-cola com suas bobeiras de internet, Google, WhatsApp, Instagram, Twitter, Linkedin, Facebook, e outras merdas existentes.  

Há, pelos lados, e vindos de várias direções, uma crescente insatisfação espiritual, uma necessidade profunda de preencher vazios, buracos e reentrâncias. É como se um vácuo interior dentro de cada um de nós buscasse alguma coisa de muito importante, mas que, no fundo, não sabemos explicar. Seria o portal do mundo? Como mandar o Epicentro Brasília para o inferno e, de roldão, todos os safados que estão no poder?  Estaríamos atrás de algum planeta perdido? Ou será que simplesmente procuraríamos a harmoniosa presença de   Deus?

Faz alguns anos, foi lançado no ar, um dado de estática desgraça. Um dado com pontos marcados por trevas esmigalhadas. Ele permanece no espaço aéreo até hoje. Seus sinais caem brumosos e, se disseminam por diferentes partes do globo, se transformando, depois, em igrejas. Cada movimento brusco do vento aparece, como surgidas do nada, novas congregações. Como os pombos de Maomé, essas imundícies se reproduzem como vermes de esgoto.

Em face desses desenfreios, centenas e centenas de denominações (apenas a título de ilustrações citaremos meia dúzia), Igreja Universal do Reino de Deus, Assembleia de Deus, Igreja dos Santos dos Últimos Dias, Igreja Evangélica Vida, Igreja Batista Betel, Purgatório da Busca do Cristo Jesus, enfim, milhares e milhares de templos independentes que detém a magia do poder  e a força da manipulação inimitável e acima de qualquer suspeita. Se fôssemos enumerar, uma por uma, escreveríamos um romance. Nessa sem travas  imoderadas, nos deparamos com uma multiplicação de seitas, que tentam se impor, no tapa, na força, no vem cá que te curo em troca da grana dos seus bolsos. Os párias apresentam cartazes coloridos e propagandas chamativas com letras impressas em garrafais. Alguns representantes acreditam tanto nas crenças que vomitam (kikikikikikikiki) que fazem suas pregações por detrás de espaços brindados. Naturalmente para não pegarem um resfriado mais brabo.  






Sem exceção, todas essas pocilgas vendem um objeto raro: Jesus Cristo. Esse mercado gritante e apelativo singrou por sendas obscuras visando, pelo ópio da filosofia religiosa, arrastar multidões sedentas, ávidas e aflitas, seres que pretendem estar no lugar certo, na hora precisa, sem atropelos e atrasos na virada inexorável do final de suas vidas.

Os produtos – Fé, Jesus, Deus, Bíblia – cresceram e se deflagraram se agigantando de forma homérica. Os investidores entraram de sola, na raça e agora tropeçam em conflitos constantes, nos moldes de como aplicarem, atualmente as suas boas e puras almas, em títulos cujos valores nominais, a (SALVACÃO) possam realmente ser pagas ou de algum jeito, resgatadas.

Se sairmos à procura, encontraremos, passos adiante, cidadãos que desejam atrair todas as dioceses, comunidades de cristãos, autoridades eclesiásticas e fieis para o enorme liquidificador montado na primeira esquina, objetivando fazer delas uma vitamina só, única, poderosa, insofismável: o ecumenismo. E o que é o enocudosmeninos? Perdão, senhoras e senhores. ECUMENISMO.

Ecumenismo (ou eucumenismo) é o processo de busca da unidade. O termo provém da palavra grega "oikos" (casa), designando "toda a terra habitada". Num sentido mais restrito, se emprega o termo para os esforços em favor da unidade entre igrejas cristãs; num sentido lato. Pode designar a busca da unidade entre as religiões ou, mesmo, da humanidade. Neste último sentido, se usa também o termo "macro-ecumenismo".

O Dicionário Aurélio define “ecumenismo” como o movimento que visa à unificação das igrejas cristãs (católicas, ortodoxas e protestantes). A definição eclesiástica, mais abrangente, diz que é a aproximação, a cooperação, a busca fraterna da superação das divisões entre as diferentes igrejas cristãs.

Muito bem.  Os poderosos e engenhosos senhores dessas igrejas querem uni-las numa imensa organização. Na teoria, vista grosso modo, é um lindo poema de amor, como o de Nauro Machado. Contudo, na prática, um absurdo. Na verdade, uma contradição. E por que contradição?   A resposta é simples: existem diferenças teológicas. Em meio a toda essa balbúrdia, surge a indagação: onde está Aquele que criou o céu e a terra? Onde se encontra o Altíssimo real?

Cadê o Deus Vivo? São tantas as decepções e as falsas doutrinas querendo sugar os seres humanos, como um todo, que acabam fazendo surtir, em torno da confusão desordenada, o chamado efeito contrário. E o que seria esse efeito? Algo que se coma com arroz e feijão?

A nosso entendimento, o efeito contrário nada mais seria que o despontamento desequilibrado ou anarquizado dos ateus. Por via lógica, os atoas. Esses, inclusive, em números cada dia, mais significativos. Aliás, os ateus e atoas, bem como os “atoados” e atolados, vêm crescendo de forma assustadora. Até o Mingau (Mingau não, por tudo quanto é mais sagrado...) o Papa. O Papa Francisco está em dúvida se deve deixar Roma e se filiar ao mais poderoso que ele, o ilustre Pedir Maiscedo, amigo particular e compadre de Salomão.

Na verdade, surge aqui uma dúvida cruel. Não seria esse, senhoras e senhores o objetivo principal desses conglomerados de templos, ou seja, confundir, desnortear, desorientar, atarantar e roubar a fé e a alma dessas pobres e indefesas criaturas?  Nesse caminhar dos acontecimentos, como separar o cachorro da cadela, o boi da vaca, o galo da galinha, o joio do trigo? O grande caso, a combatente verdade é que as sinagogas estão mais na condição de oferta que necessariamente de procura. 

Mas esperem um instante. Deus não é o sol, não é a pedra, o mar, o infinito azul acima de nossas cabeças, a lua, como também o relâmpago e o arco-íris?

Deus, esse ser divinizado que todos procuram e buscam incansavelmente é um Ser Vivo, um Ser que amou o mundo de tal maneira que entregou seu único filho para morrer por nós e consequentemente nos presenteou com a coisa mais bonita que pode ter sido criada até hoje. A Redenção.

A confiança em Deus, ou mais precisamente em Jesus Cristo, senhoras e senhores, é um sentimento que deveria, antes de qualquer coisa, ser puro e verdadeiro. Sem meios termos. Ou se acredita Nele ou não se acredita. Não dá para permanecermos sentados em cima do muro. Com o passar do tempo, as polpas da bunda começam a doer. Enquanto isso, o dado lá de riba, continua espalhando suas sementes.

Uma aqui, outra ali, mais outra acolá. A areia da ampulheta está se esvaindo... se... esvaindo... um inevitável período de sombras difusas se aproxima. Um período negro, obscuro, incerto, tenebroso, cruel, destruidor, avassalador... puta que pariu!  Mais infinitamente feroz e selvagem que as trolhas que nossos representantes no Congresso e Senado enfiam em nossos rabos todos os dias, sem dó nem piedade.

Algumas indagações ficam no alto das nossas cabeças, coçando como chifres em maridos traídos em primeira viagem. Para que se preparam afinal, os povos e os gentios de toda a face da terra? Para a Segunda vinda do Salvador? Para a quinta guerra mundial? Para uma nova e mortífera bomba nos moldes e contornos da atômica sobre Hiroschima? Para que se aprontam, afinal, meus queridos e amados, os cidadãos de toda a face desse mundão sem porteira?

Seria para o enfrentamento de novas doenças? Para a epidemia da AIDS, do câncer, do Ebola, do Zika Virus, da dengue, do chikungunya? Quem sabe para a vinda do Anti-Cristo? Por qual motivo (por favor, nos respondam...) ou por quais motivos toda essa caralhada  de desvalidos se organizam com tanta e ferrenha previedade? Que alguém, em nome do Altíssimo nos esclareça. Um fato é certo. A humanidade inteira anda fodida, perdida, sem teto, sem chão, sem porto seguro. Ponto pacífico.

Entretanto, nada disso importa caros amados. Seja qual for a resposta, o motivo, o objetivo, obviamente não faz nenhuma diferença. Cessante causa, tollitur effectus. Por essa razão, cada um de nós precisamos ter dentro do coração a substância espiritual certa e precisa. A composição honesta e correta, o conteúdo claro, aquele sumo, aquela essência, sem manchas, para excluir, em definitivo, a sensação de ausência da alma combalida e desgastada pelo cotidiano macabro desses filhos da puta que, com falsas profecias, procuram enganar, ludibriar e denegrir a nossa boa fé. Fé inquebrantável que ainda perdura como uma tênue luz prestes a se apagar lá do outro lado do fim do túnel.


Não devemos esquecer jamais, senhoras e senhores, do que está sinalizado em Mateus 24.5: “Porque virão em meu nome dizendo: Eu sou o Salvador e enganarão a muitos”. Com essa confusão mental assolando mais forte  que abraço de puta grávida de nove meses, sem eira nem beira, todos nós, abobados e imbecilizados pela mídia, e não só por ela, pela total falta de esclarecimentos, acabaremos entregando (como o Brasil fez anos atrás, enfiando a sua dignidade nos colhões dos Estados Unidos), a alma espúria ao Pato Donald Trump. Convenhamos senhoras e senhores. Dos males, o pior. Entre sentarmos na boneca ou levarmos o brinquedo no traseiro, melhor não nos subjugarmos por mais quatro (ou oito anos), nas próximas eleições as sandices do pernambucano de Caetés, Luiz Inácio “Pula da Selva” e sua corja de picaretas. 
                    

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Título, Imagens e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista, São Paulo, 8-1-2017

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5 comentários:

  1. Vou dizer o que penso igreja hoje virou comércio, Deus jamais cobra pra vc ter salvação, apenas que vc siga seus ensinamentos ja fui de várias igrejas, e nunca senti a presença de Deus, so FUI sentir a presença dele quando tive câncer no estágio três indo para o quatro em 2000 e foi nesse momento que pude sentir a presença dele porque busquei forças dentro de mim e onde descobri que ele esta em mim em vc na natureza , vento ele é o senhor do universo. E foi onde ofereceram a minha cura, mas teria que pagar pra receber, não paguei porque Deus não exige isso de vc, ele quer que vc creia e tenha fé ,e foi minha fé que me curou a 16 anos atrás.

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    1. Obrigado pela participação!
      Atualmente você professa qual religião/igreja?

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    2. Não!! Deixei de confiar nos ensinamentos nas igrejas em geral,desde que passei por esse processo, não discrimino ninguém,cada tem sua fé, a minha é em Deus que criou a natureza, o universo o ser humano, mas criou pra seguir seus ensinamentos e não vender o nome dele comercializar. Carla

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  2. Não participo de nenhuma igreja ou religião apenas creio em Deus e leio os ensinamentos e procuro seguir, sou falha mas procuro preservar a segunda chance de vida que recebi.

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  3. Vivemos em um mundo conturbado nos dias de hoje . O número crescente de templos religiosos , em especial os evangélicos ( nada a criticar às crenças de cada um) , assim como o engajamento de centenas de adeptos ao islamismo "deturpado" por um sem número de militantes psicopatas ditos religiosos, aparenta ligação com a conturbação, falta de perspectiva , sentido da vida, ausência de projetos para o futuro, indiferença entre pessoas, incertezas diversas e ansiedade geral. O mundo aparenta estar piorando a saúde ( inclusive a mental).
    Milhares , principalmente os mais jovens , ao que tudo indica, encontram alento , refúgio e esperança nas palavras de pastores , líderes religiosos diversos, versos do Alcorão e promessa mil de algo promissor e rico, caso venham a aderir e "contribuir" com essas Mega-organizações , muitas chamadas de "igrejas" .
    Dos mais humildes ou ignorantes , é cobrada alguma importância que , muitas vezes é superior ao ganho desses indivíduos ; lhes é dada a certeza que encontrarão a paz interior , o emprego que buscam incessantemente , ou a casa própria , por exemplo.
    É a exploração da boa fé . E não há como processar aqueles que se locupletam dos incautos .
    Assim é com o Estado Islâmico; arregimentam jovens sem qualquer perspectiva de futuro promissor. É o que o mundo está atualmente experimentando e procurando gerenciar todos esses conflitos . Toda essa série de fatos , somados à ganância desenfreada do poder a qualquer custo, desencadeia ódio, fome , mazelas e todo tipo de infortúnio. E a principal causa deste infortúnio é o fanatismo em grau cada vez mais elevado . Onde isso vai dar é uma incógnita ! O que veremos em um futuro próximo pode ser sorte ou pode ser azar. Depende do que vier depois...

    Abraços em todos.

    Sidnei Oliveira

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