terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Cancro Próstata: tratamento inovador no Hospital Santa Maria – Porto

Um paciente diagnosticado com cancro da próstata foi submetido, com sucesso, a um tratamento que utiliza uma técnica inovadora no nosso país. Trata-se do sistema NanoKnife, um tratamento focal guiado por tecnologia de fusão de imagens de ressonância magnética (RMN) e ecografia que destrói as células cancerígenas sem danificar os tecidos envolventes e preservando as funções da glândula.

O urologista José Sanches de Magalhães, especialista em urologia oncológica e médico no Hospital de Santa Maria – Porto, realizou na sexta-feira, 20 de Janeiro, uma sessão de tratamento com recurso a uma técnica inovadora. Trata-se do sistema NanoKnife, um novo tratamento para o cancro da próstata que utiliza a tecnologia de Electroporação Irreversível.

“É uma técnica que não danifica os tecidos e estruturas adjacentes às lesões, porque em vez de usar calor ou frio extremos, utiliza impulsos eléctricos para destruir as células cancerígenas. Como não tem incisões, há um tempo de recuperação mínimo, com menos dor no pós-operatório. O facto de ser um tratamento focal, guiado por tecnologia de fusão RMN/ecografia permite tratar apenas a zona com doença clinicamente significativa, preservando o resto da glândula, minimizando o aparecimento de efeitos secundários associados aos tratamentos radicais, como incontinência e impotência”, explica o Dr. Sanches de Magalhães.

O tratamento através do sistema de Electroporação Irreversível é minimamente invasivo, sendo realizado pelo médico em bloco operatório, sob anestesia geral, com apoio de imagens ecográficas e de ressonância magnética sobrepostas – o que oferece maior acuidade de diagnóstico e é um factor diferenciador relativamente a outros tipos de procedimento realizados no nosso país. O doente teve alta no dia seguinte ao tratamento, como é espectável neste tipo de tratamento.

Identificada a localização exacta das lesões através da imagiologia de fusão, são posicionados dois ou mais eléctrodos NanoKnife em torno da lesão, sendo criado um campo eléctrico entre eles. Uma série de impulsos de alta intensidade, mas curta duração (micro-segundos), induzem a morte das células cancerígenas. Ao contrário da crioablação ou do HIFU (High Intensity Focused Ultrasound), que utilizam um tratamento térmico para destruir o tecido tumoral, a Electroporação Irreversível trata a lesão cancerígena sem expor os tecidos a calor ou frio extremos, reduzindo substancialmente a inflamação decorrente do tratamento.

Uma das principais vantagens apresentadas pelo tratamento através da técnica NanoKnife é que esta induz apenas morte celular, preservando todos os constituintes da matriz extracelular, tais como a elastina, colagénio, etc., ao contrário do que acontece com todas as técnicas que utilizam tecnologias térmicas.

Dr. José Sanches de Magalhães
Durante o tratamento, a única acção do sistema NanoKnife é abrir orifícios na membrana das células, causando danos irreversíveis que naturalmente induzem a morte destas. Os detritos celulares remanescentes vão ser limpos pelas células especializadas do organismo: os macrófagos.

Uma vez que a matriz extracelular permanece intacta, funcionando como “andaime”, a regeneração ocorre com um retorno a tecido normal, minimizando o aparecimento de cicatriz.

Durante o tratamento as proteínas tumorais intactas ficam expostas ao sistema imune, o que vai aumentar a capacidade do organismo de reagir e lutar contra a doença. Nos outros tratamentos, o calor, gelo ou radiação destroem as proteínas, não havendo resposta imunitária eficiente (em estudo).
Título, Imagens e Texto: Hospital de Santa Maria, Porto, Portugal

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