sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

[Aparecido rasga o verbo] Porções indeterminadas de furtos com arteirices

Aparecido Raimundo de Souza

Essas redes de beira de estrada que encontramos às margens das principais BRs que cortam e interligam as capitais, com nomes pomposos em excessivos letreiros inflamados de neons chamativos, onde os ônibus interestaduais param para que as pessoas desçam, estiquem um pouco os cambitos e comam ou bebam alguma coisa, utilizam um sistema único de ficha eletrônica (SUFE), onde, na entrada, simpáticas mocinhas com sorrisos de putas baratas oferecem, a cada um dos passageiros, uma ficha com a qual, as pessoas correm por toda a extensão dos estabelecimentos, desembocando, no final da caminhada, numa espécie de funil que, por sua vez, como uma foz de rio, desagua nos caixas, onde são somados os gastos das despesas efetuadas.

Até aí a coisa é normal. Esses empresários têm mais é que facilitar a vida de quem viaja e utiliza esses serviços rodoviários que, por sinal, são verdadeiros embusteiros, onde os “ladrões de bolsos” agem em surdina, cobrando por um simples cafezinho três reais e cinquenta, e, por um pão com manteiga quatro reais e vinte e cinco centavos.

Na verdade, um ataque violento nas carteiras e bolsas desses infelizes que se veem com vontade de despistar as lombrigas. Ao entrarem nesses cognominados “pontos de apoio”, os incautos, sem se aperceberem, são pegos de surpresa, pelos larápios que roubam sem usar a força de uma arma de fogo.

Esses espertalhões, em nosso entender, são tão ou mais bandidos, piores que os facínoras que matam e estupram nas grandes cidades. Ou para espalhar a bosta em âmbito maior, como os Poderosos do Epicentro Brasília, que, por sua vez, também são bandoleiros e vivem disfarçados de deputados, senadores, governadores, e outros “ores”, tudo com o intuito de meterem as mãos em nossos ricos e suados caraminguados.

Dias atrás, na Via Dutra (para quem não sabe, rodovia que liga o Rio de Janeiro a São Paulo), presenciamos uma cena insolente e atrevida, bastante desagradável, por sinal. Um casalzinho de idosos passou por um afronto inconcebível na saída de um desses pardieiros.

Foto: Rodrigo Madaschi
Eles entraram, receberam a tal ficha, mas, por descuido, o sessentão a esqueceu em algum lugar. Aproveitando-se disso, um filho da puta qualquer, vestido de anônimo, certamente se beneficiou, comendo e bebendo, tendo o cuidado, claro, de esconder a sua própria ficha, e, na hora de passar pelos caixas, apresentou a que estava em branco, justamente a do velhinho que se encontrava sem nada marcado, o que o levou, evidentemente, a deixar o local sem desembolsar um tostão. Conclusão: os anciões foram obrigados a pagar cento e cinquenta reais (isso mesmo, senhoras e senhores, cento e cinquenta reais) pela bendita ficha de acrílico, esquecida, sabe-se lá, em que lugar.

A senhorinha voltou para o ônibus chorando, levando, pelo braço, seu companheiro cabisbaixo choroso e humilhado. Fora avisada, ou melhor, ameaçada: se não pagasse pela ficha perdida acabaria na delegacia de polícia mais próxima.

Para quem não sabe, ou nunca viu, vamos reproduzir o que vem escrito nessas “pegadoras de trouxas”.

“UTILIZEM ESTA FICHA PARA SEUS PEDIDOS EM CADA SETOR;
APÓS FINALIZAR SUAS COMPRAS ENTREGUE-A AO CAIXA PARA A SOMA TOTAL DE SUAS DESPESAS;
MESMO QUE NÃO A TENHA UTILIZADO, DEVOLVA NA SAIDA;
EM CASO DE EXTRAVIO OU DANOS, SERÁ COBRADA UMA TAXA FIXADA NO CAIXA”.

Alguns empresários desses segmentos, até pouco tempo atrás, fixavam um valor. Outros, evidentemente para evitarem problemas com as autoridades responsáveis, Kikiki... passaram a mencionar, apenas, a “taxa” que seria fixada no caixa, não especificando, todavia, valores.

Algumas perguntas não querem calar: a cobrança dessa taxa é correta? Se existe alguma “coisa” realmente a ser suportada pelo consumidor não deveria existir um aviso CHAMATIVO, como um elefante dentro de uma bacia de água, ou um cartaz AFIXADO NAS PAREDES, UM LEMBRETE MAIS AMPLO E À VISTA DE TODOS, para que os usuários, desde o instante em que recebessem a ficha tivessem ciência de que, se a perdessem seria cobrado um valor a título de sanção pela perda do respectivo objeto? Repetindo, senhoras e senhores, a taxa é ilegal, porém, se houvesse um aviso mais satisfatório...

Em linha paralela, cadê a porra do Código de Defesa do Consumidor? Ou em outras palavras. Onde está o PROCON? Nos quintos do inferno, com certeza!

“EM CASO DE EXTRAVIO OU DANOS SERÁ COBRADA UMA TAXA FIXADA NO CAIXA”.  Em que artigo este absurdo pode ser encontrado dentro do Código de Defesa? Qual seria o “dano”? Acaso estragar a ficha, enfiando a dita cuja no rabo de uma daquelas vagabundinhas que transitam para lá e para cá e sequer perguntam se estamos satisfeitos com os serviços prestados??!! 

Vamos nós mesmos às respostas, já que não temos nenhum cidadão de peito, de brio e vergonha na fuça - que se candidate a vir a público e mostrar que não tem medo de represálias - e, no mesmo norte, exigir que se cumpra a lei.

A taxa, segundo essa merda de Código de Defesa do Consumidor é ilegal. Deveria haver – se legítima fosse –, ao menos um aviso ao usuário, em caso de perda ou esquecimento. Todavia, para algumas pessoas, o CDC (Código de Defesa dos Canalhas), nada mais é que um feixe de normas insculpidas para beneficiar, favorecer, propiciar a ricos e poderosos. Duvidamos que esses senhores oportunistas e larápios venham a sofrer algum tipo de penalidade. Igual São Tomé, meus amados leitores, só acreditamos naquilo que vemos.

Quanto ao PROCON – este órgão foi criado para beneficiar os manda chuvas. Nasceu para tornar legal o ilegal, o desonesto, o errado, ou seja, o PROCON tem como finalidade única varrer para baixo dos tapetes as sujeiras, as imundícies e as porcarias de seus asseclas, sectários e apaniguados. Não vemos, não vislumbramos, nem entendemos de outro modo o descaso, a falta de respeito e hombridade ao chamado CONSUMIDOR.

Um país onde para tudo se paga impostos, com os mais variados nomes (emolumentos, custas, despesas, tributos e tarifas, entre outros), cenas como a que presenciamos dos velhinhos, continuarão a acontecer por aí afora, indefinidamente, sem que ninguém faça nada ou tome alguma providência.

Por derradeiro, deixamos no ar a seguinte indagação: onde estão os nossos queridos e amados políticos que não propõem uma lei severa para punir com rigor, com severidade, esses vigaristas que agem pelos quatro cantos do país a seu bel prazer e as margens da lei?

O quadro sistêmico que vemos de canto a canto, nos leva a deduzir com grande pesar - somos um enorme e infindável bando de marionetes. Os grandalhões, os empresários, meus caros e amados, de fato nos manipulam como querem e desejam. O resto, o resto que vá para a casa do caralho.

AVISO AOS NAVEGANTES:
PARA LER E PENSAR, SE O FACEBOOK, CÃO QUE FUMA OU OUTRO SITE QUE REPUBLICA MEUS TEXTOS, POR QUALQUER MOTIVO QUE SEJA VIEREM A SER RETIRADOS DO AR, OU OS MEUS ESCRITOS APAGADOS E CENSURADOS PELAS REDES SOCIAIS, O PRESENTE ARTIGO SERÁ PANFLETADO E DISTRIBUÍDO NAS SINALEIRAS, ALÉM DE INCLUÍ-LO EM MEU PRÓXIMO LIVRO “LINHAS MALDITAS” VOLUME 3.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista, de Campos dos Goytacazes, norte do Estado do Rio de Janeiro RJ, 17-2-2017

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