Cesar Maia
1. O Populismo inevitavelmente exige, como base, partidos ou
movimentos de massa. O líder/caudilho acha que as informações que precisa já
foram acumuladas por ele e explicam porque ele chegou ao poder e porque com
essas informações ou simplificações ele pode governar.
2. Com isso, a formação dos parlamentos reproduz o DNA do
líder/caudilho com parlamentares à sua imagem e semelhança. As eleições
proporcionais reproduzem a lógica e o perfil dos líderes/caudilhos. Essa
aptidão ou formação requer tempo para o aprendizado. E os parlamentos têm tido
um perfil etário de maior idade. Mas isso vem mudando.
3. Em geral, as razões dessa ascensão do líder/caudilho lhe dão uma
carência, que termina se diluindo no tempo. Mas isso vem ocorrendo em tempos de
carência cada vez menores. Na América Latina, onde a frequência do Populismo é
muito maior que em outras regiões, ocorreu um processo de exclusão dos
“quadros” para fora dos parlamentos, concentrando-se nas universidades e no
setor privado. Os partidos de “quadros” minguaram.
4. No Brasil, o PT ascendeu ao poder como sendo um partido de
quadros. As imagens no programa de Lula na TV em 2002, desenhado por Duda
Mendonça, mostravam isso, num enorme salão de intelectuais. Mas no governo, o
que prevaleceu foi Lula caudilho e um partido/movimento de massas. Esse caminho
deu certo por um tempo – especialmente com o empurrão da economia mundial. Mas
sem esse sopro, a aposta só num partido/movimento de massas se diluiu.
5. Nos últimos anos se tem visto, em vários países
latino-americanos, uma lenta, mas sustentável inversão desse processo. No
Brasil, a obrigação por lei de que da verba do Fundo Partidário uma porcentagem
significativa se dirija às Fundações e Institutos dos Partidos é uma razão
clara para isso.
6. Se os parlamentos de DNA populista tendem a ter um perfil etário
mais velho, o natural é que, na medida em que ascenda a proporção de “quadros”,
ele se torne mais jovem. Nos últimos anos, a esquerda vem perdendo o monopólio
da organização das juventudes. Cada dia mais as Juventudes dos partidos de
centro-direita vêm ganhando importância, com peso na formação universitária. E
isso reforça a tendência para a expansão da proporção desses “quadros” dentro
dos partidos.
7. No Brasil isso ocorre claramente dentro dos parlamentos em todos
os três níveis: municipal, estadual e federal. É natural que sua escola tenha
sido seu núcleo político familiar. A novidade é terem ascendido tão precocemente
na hierarquia dos partidos e do parlamento. No acompanhamento das eleições
recentes para a mesa diretora da Câmara de Deputados uma lente política mais
intensa teria percebido isso.
8. Por exemplo, a matéria do Estado de São Paulo, de 4 de janeiro,
a respeito. Leia um trecho: “A Mesa Diretora da Câmara vai ser formada por
deputados jovens e que têm o DNA da política, a começar pelo presidente. A nova
cúpula foi eleita anteontem e comandará os trabalhos da Casa pelos próximos
dois anos. Três dos onze integrantes da Mesa têm menos de 30 anos. Todos estão
no primeiro mandato de deputados.”
Título e Texto: Cesar Maia, 7-2-2017
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