José Manuel
Parece que o nosso povo ainda não entendeu muito bem o que
se passa, haja vista a baixíssima presença nas manifestações de ontem, 26 de
março. Enquanto isso, no mesmo dia, milhares saíam às ruas na República
Dominicana, protestando contra a presença e as propinas da Odebrecht no país.
Quem me conhece sabe, em especial neste momento político que
atravessamos, que não sou exatamente um adepto de uma intervenção militar, seja
em que governo for, em que país for refutando inclusive postagens em redes
sociais sobre o assunto, apesar de ter absoluta convicção, pois vivenciei a
época, de que o período 1964/1985 foi o mais profícuo que o país já teve em 126
anos de república.
Venho pregando abertamente ser a favor de uma mudança
urgente e radical em nosso regime presidencialista de governança, que já vem
provando há mais de um século não ser o ideal, muito pelo contrário, ser o
principal culpado pelo estado degradado em que o país se encontra neste
momento.
Sou totalmente a favor de um parlamentarismo republicano e
que jamais se entregue a chave do cofre de um país pobre, política e
intelectualmente, como o nosso, a psicopatas, políticos de ocasião, políticos
semianalfabetos, populistas, políticos sem uma graduação superior, técnica ou
humanas, pois, caso contrário, é um desastre completo, como nos dois casos mais
recentes.
Uma vez com a chave desse riquíssimo cofre na mão, esse tipo
de gente faz o que quer com o dinheiro alheio (do povo) e ainda se acha no
direito de não dar a menor satisfação aos que os elegem, exatamente por
conhecer os seus eleitores e saber que estão lidando com vaquinhas de presépio.
Foi o caso dos gastos público-particulares da impichada
Dilma, das hospedagens em hotéis cinco estrelas em suítes presidenciais,
jantares em restaurantes de luxo, quando chefes de Estado, por praxe
diplomática, se hospedam em embaixadas. E por aí vai, se for enumerar o que
essa mulher gastou sem ordem nossa, fora os aviões para lá e para cá, gastos
pessoais, personal cabeleireiro etc.,
não paro mais de escrever.
Os gastos público-privados para a manutenção dos alegados
exércitos do Lula, MST, Cut, vagabundos de ocasião e outras
aberrações, como ônibus de luxo chegando lotados às grandes cidades para as
manifestações mortadela, distribuição de diárias a manifestantes profissionais
pagos, são os exemplos mais vivos do que acontece quando se entrega a chave do
cofre a esse tipo de gente.
Hoje o parlamentarismo está presente em vinte e cinco
países, os quais são os que têm melhor qualidade de vida, melhor
desenvolvimento tecnológico, maiores PIB no planeta e onde não se vêm
barbaridades como as que se cometem aqui, servindo de um belo exemplo a ser
seguido. O Brasil, que viveu 42 anos no sistema parlamentar monárquico,
desde 1889 não teve jamais um período tão longo de estabilidade.
A Lava Jato está entrando no terceiro ano, sem a mínima
condição de vislumbre do final da linha e já explode mais um escândalo podre,
fruto da mistura putrefata entre políticos, funcionalismo público e empresários
do setor de carnes, que ainda vai nos mostrar coisas que já sabemos, mas que
infelizmente temos que aguardar, como, por exemplo, imensas fazendas de gado no
Norte, em áreas impunemente desmatadas, que apareceram de repente, da noite
para o dia.
Os maiores frigoríficos brasileiros, isso é público, é só
pesquisar, em menos de quinze anos compraram indústrias gigantes nos EUA,
Inglaterra, Irlanda, Austrália, e hoje são os maiores fornecedores de carne do
mundo.
Nem a Argentina, em séculos de tradição exportadora de carne
com excelência, conseguiu semelhante proeza em tão pouco tempo.
Os frigoríficos são de longe os maiores doadores de
campanhas eleitorais do país, e se torna interessante verificar em dados
públicos a evolução das contribuições. Vejamos o que diz a Wikipédia, numa rápida pesquisa
sobre apenas um frigorífico:
Em 2002 a doação eleitoral foi de apenas R$ 200 mil.
Em 2006, quatro anos depois, pulou para R$ 19,7
milhões.
Em 2010 quatro anos após foi para R$ 83 milhões.
E em 2014 as doações sempre do mesmo, chegaram a R$ 391,8
milhões.
Espetacular o crescimento dessas doações sem paralelo em
nossa história e em apenas doze anos, o que configura uma evolução financeira
extraordinária para tão breve período.
Mais interessante ainda são os períodos em que os fatos
ocorreram que coincidem com as grandes aquisições internacionais, a partir de
2005, fato digno de nota.
E esse escândalo explodiu pouco antes do que já estava sendo
aguardado para emergir, com a delação da Odebrecht. São escândalos
cadenciados que, pelo visto, não vão ter fim, face ao que o país e o seu povo
legaram à nação com esse tipo de permissividade durante décadas, sem punição.
Não podemos esquecer de que se existe corrupção é por que
existem corruptos e corruptores, e se eles existem livre e impunemente é porque
o povo de certa forma é conivente, deixando de fiscalizar o que se passa no seu
país.
Afinal, povo, literalmente é um conjunto de pessoas que
falam a mesma língua, tem costumes e interesses semelhantes, história e
tradições comuns, e por isso, um amálgama de sociedades, civis, públicas,
religiosas e militares.
Há, evidentemente, em todos os tempos, população
e povo. Os dois termos designam a mesma coisa apenas na fase inicial da
história humana, a da comunidade primitiva, quando não existem
classes: povo é então toda a população. A divisão do trabalho assenta
em condições naturais e não em condições sociais; assenta nas condições de sexo
e idade: o homem realiza determinado trabalho; a mulher, outro; o velho, outro.
É uma divisão natural: não torna alguns elementos mais ricos do que os outros,
nem mais poderosos. Mas quando a sociedade se desenvolve, surgem as classes
sociais e, com elas, a divisão social do trabalho: uns trabalham, outros
usufruem do trabalho alheio. A partir desse momento povo já não é o
mesmo que população: os termos começam a designar coisas diferentes. E não há,
a partir de então, critério objetivo para definir o conceito
de povo que não esteja ligado ao conceito da sociedade dividida em
classes.
Nelson
Werneck Sodré - Conceito de povo
Começo a ter dúvidas e ao mesmo tempo receio se a Lava Jato
e o Ministério Público Federal conseguirão ter êxito no combate à corrupção,
não pela confiabilidade dessas instituições, mas pela complexidade, emaranhado
e tamanho da metástase em que o país está envolvido, e se não acabaremos
chegado a algo mais forte, por causa disso.
O caso deste último escândalo da carne, no meu ponto de
vista, foi o pior até agora, pois configura uma postura totalmente ineficiente
do Estado frente a uma coisa sagrada, a alimentação e saúde dos seus cidadãos,
e a confiança por eles depositada tanto no Estado como órgão fiscalizador,
assim como no fabricante dos produtos descobertos adulterados.
Medidas severas terão que ser tomadas de uma vez por todas,
e a participação mais ativa do povo deve ser considerada como prioridade.
Acabo de ler uma paródia, um texto irônico de autor
desconhecido, que aqui vou reproduzir, mas que neste momento muito para lá de
uma brincadeira, de uma ironia, nos coloca para repensar o nosso momento.
É RIDÍCULO TER SAUDADES DO GOVERNO MILITAR.
Como alguém, em sã consciência,
pode ter saudades de um governo que tinha, apenas, doze ministérios? Prova
inequívoca que o país não era bem administrado.
Como confiar em presidentes que morreram pobres? Um homem que ocupa o cargo máximo de uma nação, sem fazer fortuna, prova que não sabe aproveitar oportunidades, nem gerir o patrimônio próprio. Um incapaz.
Como ser saudoso de uma época de ditadura, onde todos os cidadãos tinham direito ao livre acesso às armas de fogo? E pior, a repressão era tão violenta que, mesmo armados, os cidadãos não se matavam. Isso demonstra o medo da população contra aquele governo bárbaro.
Como respeitar um regime que criou o INSS, o PIS, o PASEP, regulamentou o 13º, instituiu a correção monetária, criou o Banco Nacional da Habitação, o FUNRURAL, construiu mais de 4 milhões de moradias e abriu 13 milhões de vagas de emprego?
Melhor nem falar de
infraestrutura. Em 21 anos, conseguiram, apenas, asfaltar 43.000 Km de
estradas, construir 4 portos, reformar outros 20, instalar as maiores
hidrelétricas do mundo, decuplicar a produção da Petrobrás, criar a
Embratel e a Telebrás, implementar dois polos petroquímicos, entre outras
coisinhas sem importância.
A educação era ridícula. Pegaram o
país com 100 mil estudantes secundaristas e transformaram em 1.3 milhões.
Criaram o Mobral, o CESEC, a CNPQ e o programa de Merenda Escolar.
Nestes vergonhosos anos de chumbo,
onde o PIB cresceu 14%, as exportações saltaram de 1.5 para 37 bilhões, atingimos
a 7ª economia mundial e nos tornamos o 2º maior produtor de navios do planeta.
Uma catástrofe!!
Realmente, durante essa página negra da história nacional, pelo visto, apenas os presídios funcionavam. Esses, sim, um exemplo. Neles entraram terroristas, assassinos, assaltantes, guerrilheiros, sequestradores, e saíram deputados, ministros, governadores e, até, dois presidentes. Isso é que é recuperação.
Título e Texto: José
Manuel – ("FHC diz que sistema político do Brasil se esgotou:
É preciso outro.", Folha de São Paulo em 25-3-2017),
27-3-2017
Colunas anteriores:
JM, parabéns pelo seu texto! Impressionante, tantas verdades, tenho o mesmo medo, diante da grandiosidade dos desvios do dinheiro público e das corrupções generalizadas, não é só a Petrobras, Fundos, Correios, etc, são muitos os focos a serem ainda descobertos.
ResponderExcluirNão sei se a Lava Jato conseguira desvendar tudo isto.
É preocupante.
Heitor Rudolfo Volkart
HÁ DIVERGÊNCIAS QUE PRECISAM SER COLOCADAS.
ResponderExcluirJM, a lista aberta ou fechada não modifica o jeito de votar brasileiro porque ainda usamos a tal proporcionalidade e a suplência na liturgia política brasileira.
Tanto o parlamentarismo como o presidencialismo necessita do voto distrital puro, livre e aberto.
São 42 países com regimes parlamentaristas, dentre os quais existem poucos honestos e muitos corruptos.
Bósnia, Etiópia, Grécia, Espanha, Portugal, Itália, Índia, Iraque,Líbano, Paquistão, Tunísia e Turquia entre alguns corruptos.
Alguns Ditos honestos:
Reino Unido, Japão, Suécia, Noruega, Dinamarca, Monarquias constitucionais
Alemanha, Islândia e Finlândia parlamentaristas
PIB é uma discussão diferente, ou analisamos a União Europeia, ou individualmente.
USA 18 trilhões
UE 16 trilhões Sem a Inglaterra 13 trilhões
Depois viria a CHINA COMUNISTA 10 trilhões
DOM PEDRO I FOI MONARCA CONSTITUCIONAL COM A CF DE 25 DE MARÇO DE 1824
O BRASIL ENDIVIDADO EXTERNAMENTE COM PORTUGAL.
DOM PEDRO II FOI TAMBÉM MONARCA CONSTITUCIONAL
O INSS FOI CRIADO para fechar o endividamento bilionário com os caixas de pensões.
O PIS, PASEP foi criado para que o governo diminuísse suas contribuições ao sistema previdenciário.
O décimo terceiro foi regulamentado, porque um trabalhador que recebia semanalmente, tinham um mês de trabalho remunerado a mais do que os que recebiam mensalmente.
Um ano tem 52 semanas, 12 meses civis tem 48 semanas.
Com o advento do PIS, PASEP e INSS, terminaram com a estabilidade e fizeram o FGTS.
CONSIDERAÇÕES MINHAS...
Acho o CARNE FRACA, UM ENGÔDO.
Para baixar o preço da exportação e o de venda interno.
É muito difícil frigoríficos grandes fazerem dolo aos clientes.
Os embutidos de frigoríficos pequenos sempre foram dolosos.
Me dê 10 milhões e eu serei Senador no ACRE.
Darei 10 mil reais a 100000 eleitores.
Então sou a favor do sistema americano, se optar pelo orçamento eleitoral público todo mundo recebe a mesma quantia. Se optar pelo privado tem que fazer declaração de todas as doações, e não recebe o público. As doações privadas tem que ser de pessoas jurídicas e físicas, não de empresas.
Não existe caixa 2.
fui...
podem reclamar.