Estado de S. Paulo
Diante de uma plateia no Instituto de Altos
Estudos Internacionais de Genebra, a ex-presidente afirmou haver o risco de que
os ocupantes do poder no Brasil tentem impedir nova eleição de Lula da Silva
Não satisfeita com o desastre
causado ao País pelos seus cinco anos de governo – cujos efeitos daninhos são
ainda sentidos diariamente pelos brasileiros –, a ex-presidente Dilma Rousseff
dedica-se agora, assim fazem crer suas ações e palavras, a envergonhar o Brasil
mundo afora. Seu comportamento em Genebra, onde participou de palestras e
seminários, é sinal de que sua falta de discernimento, seja em questões
nacionais, seja em relação às suas capacidades pessoais, não tem fim.
É conhecida sua dificuldade
para se expressar na língua portuguesa. Como bem sabem os brasileiros, a
beligerância de Dilma Rousseff com o idioma pátrio não exige condições
especiais, podendo ocorrer até mesmo em casos de comentários triviais ou
argumentos despidos de qualquer complexidade. Ela facilmente se embaralha com
palavras e pensamentos, o que muitas vezes deu a eventos oficiais no Palácio do
Planalto contornos de show humorístico.
Pois bem, essa mesma Dilma
Rousseff, que já tanto maltrata a língua portuguesa, achou que podia, em sua
viagem à Europa, dialogar em francês. O programa de televisão no qual a
ex-presidente teve a ousadia de usar a língua de Victor Hugo é de incomum
constrangimento, com alguns apresentadores em sérias dificuldades para manterem
a compostura diante de tamanha agressão ao idioma francês. Mais do que simples
gafe, a participação de Dilma no programa de televisão corrobora sua invencível
incapacidade de realizar qualquer tipo de autocrítica.
Não falta, porém, a Dilma
Rousseff discernimento apenas em questões de idioma. Ela ignora – e alardeia
sua ignorância mundo afora – questões institucionais. Diante de uma plateia no
Instituto de Altos Estudos Internacionais de Genebra, a ex-presidente afirmou
haver o risco de que os ocupantes do poder no Brasil tentem impedir nova
eleição de Lula da Silva. “Podem tentar condenar o Lula por duas vezes, podem
mudar as regras da eleição presidencial, por exemplo, com introdução do
parlamentarismo e, terceiro, podem simplesmente adiar a eleição presidencial do
ano que vem”, disse Dilma.
É grave que uma ex-presidente
fale de forma tão irresponsável sobre a democracia e as instituições no Brasil.
Eventuais discordâncias de Dilma Rousseff com a decisão do Congresso de
condená-la por crime de responsabilidade não lhe dão direito a tratar o País da
forma vil como ela o tem tratado.
Ainda que imperfeita, a Lei da
Ficha Limpa contribuiu para a moralidade das eleições no País, ao barrar
candidatos que tenham sido condenados criminalmente em segunda instância. E o
Poder Judiciário é independente, não mero instrumento de manobra do Poder
Executivo, como dão a entender as palavras da ex-presidente. O que ela
indevidamente aplica ao Brasil ocorre em países de seu especial agrado, como é
o caso da Venezuela. No entanto, a respeito desse abuso Dilma sempre preferiu o
silêncio.
Dilma ainda tratou de duas
possíveis manobras para afastar Lula da Silva da Presidência da República: o
parlamentarismo e o adiamento das eleições de 2018. A ex-presidente manifesta,
assim, seu completo desconhecimento da realidade política e institucional do
País. Ainda que seja plenamente legítimo, o parlamentarismo não é um assunto
atual do Congresso. E a menção a suposto risco de adiamento das eleições é mais
do que simples irresponsabilidade. Trata-se de uma acusação grave, sem qualquer
prova ou indício, contra a democracia brasileira. Observe-se, a favor de Dilma,
que ela não aventou a possibilidade da restauração da monarquia para manter
Lula fora do poder.
Por mais que Dilma Rousseff
não goste, há lei e há instituições no Brasil. O panorama é bem diferente do
que ela alardeou na Suíça. Já em relação ao retorno de Lula da Silva à
Presidência da República, os obstáculos estão bem evidentes, dispensando os
tremendos esforços mentais de Dilma Rousseff. O principal óbice é ela mesma,
pelo estrago que causou ao País. E, em segundo lugar, o próprio Lula, com sua
incapacidade de emendar-se.
Título e Texto: Editorial, Estado de S. Paulo, 15-3-2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-