segunda-feira, 24 de abril de 2017

A Política é Um Jogo

Cristina Miranda

A política não passa de um jogo. Por vezes sujo. Muito sujo. É um imenso tabuleiro onde os jogadores manipulam as peças a seu bel prazer com um único objetivo: ganhar. Não importa o que se diz. Não importa o que se promete. Não importa se é mentira. Não importa as consequências. O que importa mesmo é ganhar seja a que preço for. Dizer hoje uma coisa e desmentir amanhã é socialmente aceite porque instituiu-se que faz parte do “fazer política”. Tudo muito normal. José Miguel Júdice assim o afirma, sem pudor algum.

Desde sempre que nos fazem crer que para governar é necessário saber fazer política. Que tem de ser gente com conhecimentos dentro dessa área para poder desenvolver um bom trabalho na governação de um país. Abrem-se cursos. Forma-se gente que vai direto das incubadoras das universidades para o Parlamento. Sem qualquer experiência da vida real. Nada. Só blá-blá-blá muito sofisticado para parecer inteligente alguns com mestrados. Como resultado fomos votando nos mais bens falantes, naqueles que melhor expressam a vontade do povo, que mais prometem, que mais sabem iludir, mais do que por participação ativa na sociedade. E o resultado qual foi? Décadas de destruição de um país. Sem fim à vista…

Por causa da política somos pobres e falidos. Não, não foi a Europa, não foi o colapso do sistema financeiro mundial, foram os nossos políticos que puseram o país de tanga. Conscientemente. Sem responsabilização imputada aos governantes. Sem qualquer peso nas consciências. Faz parte. Dizem eles… com uma lata monumental. Porque “as dívidas não são para se pagar, gerem-se”, dizia Soares sem gaguejar.

Não se compreende (ou talvez sim) como podemos ter mar, terra, paisagens, clima   e nem com toda esta riqueza conseguimos estar à frente de países com menos recursos tão pequenos quanto o nosso como a Bélgica ou Suécia ou do Luxemburgo que está no topo da tabela do rendimento per capita! Somos assim tão incompetentes?

A resposta é tão simples: somos governados por políticos e na política vale tudo. Vale roubar o erário público à descarada. Vale empregar os familiares e amigos todos que se entender. Vale favorecer em negócios todos os que convier. Vale desviar dinheiro para contas pessoais de “luvas”. Vale ter apenas um curso sem nunca ter mexido uma palha na vida. E depois quando falta dinheiro para pagar salários e pensões, assegurar o Estado social, vale fingir que a culpa é dos outros e estender a mão ao FMI ou UE enquanto se pede mais impostos à população. Sempre que fizer falta. Sem limites.

Portugal só mudará o rumo quando forem buscar à sociedade civil gente muito determinada, com sentido de Estado, que fruto de uma experiência vasta de trabalho efetivo em economia e gestão, em conjunto com outros de áreas relevantes, sejam capazes de agarrar o desafio da governação como uma missão de quem tem pela frente uma “empresa doente” a precisar de reestruturação. Que saberão pegar no mal pela raiz e sem qualquer ligação a lobbies, maçonaria, ou qualquer interesse político, agarrem este “touro pelos cornos” e limpem o país desta praga devastadora de inúteis. Gente com determinação para enfrentar tudo, sem medo. Líderes.

Até lá, será um gira e volta a girar num sistema eleitoral que permite colocar todo o tipo de gente nula, gaiatos sem escrutínio, no Parlamento, a decidirem nossas vidas como se tivessem legitimidade para isso, a quem nem sequer podemos imputar responsabilidades por via de uma Constituição, feita à medida, que os favorece e protege.

Porque a política não passa de um jogo onde quem joga assegura sempre que jamais perde.

E isso tem de mudar. 
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias, 24-4-2017

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