Cristina Miranda
A política não passa de um
jogo. Por vezes sujo. Muito sujo. É um imenso tabuleiro onde os jogadores
manipulam as peças a seu bel prazer com um único objetivo: ganhar. Não importa
o que se diz. Não importa o que se promete. Não importa se é mentira. Não importa
as consequências. O que importa mesmo é ganhar seja a que preço for. Dizer hoje
uma coisa e desmentir amanhã é socialmente aceite porque instituiu-se que faz
parte do “fazer política”. Tudo muito normal. José Miguel Júdice assim o afirma, sem pudor algum.
Desde sempre que nos fazem
crer que para governar é necessário saber fazer política. Que tem de ser gente
com conhecimentos dentro dessa área para poder desenvolver um bom trabalho na
governação de um país. Abrem-se cursos. Forma-se gente que vai direto das
incubadoras das universidades para o Parlamento. Sem qualquer experiência da
vida real. Nada. Só blá-blá-blá muito sofisticado para parecer inteligente
alguns com mestrados. Como resultado fomos votando nos mais bens falantes,
naqueles que melhor expressam a vontade do povo, que mais prometem, que mais
sabem iludir, mais do que por participação ativa na sociedade. E o resultado
qual foi? Décadas de destruição de um país. Sem fim à vista…
Por causa da política somos
pobres e falidos. Não, não foi a Europa, não foi o colapso do sistema
financeiro mundial, foram os nossos políticos que puseram o país de tanga.
Conscientemente. Sem responsabilização imputada aos governantes. Sem qualquer
peso nas consciências. Faz parte. Dizem eles… com uma lata monumental. Porque
“as dívidas não são para se pagar, gerem-se”, dizia Soares sem gaguejar.
Não se compreende (ou talvez
sim) como podemos ter mar, terra, paisagens, clima e nem com toda esta riqueza conseguimos
estar à frente de países com menos recursos tão pequenos quanto o nosso como a
Bélgica ou Suécia ou do Luxemburgo que está no topo da tabela do rendimento per
capita! Somos assim tão incompetentes?
A resposta é tão simples:
somos governados por políticos e na política vale tudo. Vale roubar o erário
público à descarada. Vale empregar os familiares e amigos todos que se
entender. Vale favorecer em negócios todos os que convier. Vale desviar
dinheiro para contas pessoais de “luvas”. Vale ter apenas um curso sem nunca
ter mexido uma palha na vida. E depois quando falta dinheiro para pagar
salários e pensões, assegurar o Estado social, vale fingir que a culpa é dos
outros e estender a mão ao FMI ou UE enquanto se pede mais impostos à
população. Sempre que fizer falta. Sem limites.
Portugal só mudará o rumo
quando forem buscar à sociedade civil gente muito determinada, com sentido de
Estado, que fruto de uma experiência vasta de trabalho efetivo em economia e
gestão, em conjunto com outros de áreas relevantes, sejam capazes de agarrar o
desafio da governação como uma missão de quem tem pela frente uma “empresa
doente” a precisar de reestruturação. Que saberão pegar no mal pela raiz e sem
qualquer ligação a lobbies, maçonaria, ou qualquer interesse político, agarrem
este “touro pelos cornos” e limpem o país desta praga devastadora de inúteis.
Gente com determinação para enfrentar tudo, sem medo. Líderes.
Até lá, será um gira e volta a
girar num sistema eleitoral que permite colocar todo o tipo de gente nula,
gaiatos sem escrutínio, no Parlamento, a decidirem nossas vidas como se
tivessem legitimidade para isso, a quem nem sequer podemos imputar
responsabilidades por via de uma Constituição, feita à medida, que os favorece
e protege.
Porque a política não passa de
um jogo onde quem joga assegura sempre que jamais perde.
E isso tem de mudar.
Título e Texto: Cristina
Miranda, Blasfémias,
24-4-2017
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