Durante o transporte de
dezenas de quadros entre o Museu Soares dos Reis, no Porto, e o Museu do
Chiado, em Lisboa, foi roubado um quadro de Amadeo de Souza Cardoso. Os cinco
suspeitos – Arnaldo, Branco, Carlos, Diogo e Eduardo – foram interrogados
individualmente.
O inspetor Mascarenhas, com 30
anos de serviço e uma grande intuição para interrogatórios, liderou todo o
processo. Ao fim do dia encontrou-se com o diretor do Museu do Chiado.
- Senhor diretor, já reuni as
declarações dos suspeitos.
- E chegou a alguma conclusão?
- Nenhum deles estava
propriamente nervoso, mas também nenhum estava à vontade. Tenho a certeza que
todos disseram exatamente uma mentira.
- E devem ter declarações
contraditórias…
- Exato – respondeu o inspetor
Mascarenhas, consultando as notas. – O Arnaldo declarou “Não foi o Eduardo. Foi
o Branco”. O Branco disse “Não foi o Carlos. Não foi o Eduardo”. O Carlos
garantiu “Foi o Eduardo. Não foi o Arnaldo”…
- E os outros dois?
- O Eduardo afirmou “Foi o
Diogo. Não foi o Arnaldo”.
- E o Diogo?
- Esse esteve claramente a
brincar com o nosso tempo… “Foi o Carlos. Foi o Branco”, disse ele.
- E porque pensa que ele
estava a brincar?
- O quadro foi roubado apenas
por um homem.
- E já sabe quem foi o ladrão?
- Sei, claro. Vim só
transmitir-lhe que vou fazer a detenção…
[Qual dos suspeitos roubou
o quadro?]
Título e Texto: Joana Pereira da Silva, Maria João Vieira,
Renato Rocha
PISTAS
Arnaldo, Branco, Carlos, Diogo e Eduardo foram interrogados
individualmente. Cada um fez duas afirmações e mentiu numa delas.
O quadro foi roubado apenas por um homem.
Solução:
ResponderExcluir“Quem roubou o quadro foi o Carlos. Comecemos pelas afirmações do Diogo: “Foi o Carlos. Foi o Branco.” As duas afirmações são contraditórias, e sabemos que uma delas é mentira e a outra verdade. Logo, ou foi ou o Carlos ou o Branco.
Se suspeitarmos do Branco, e relermos os depoimentos dos suspeitos a essa luz, depressa percebemos que das duas afirmações do Branco, “Não foi o Carlos, não foi o Eduardo”, uma é falsa. Visto que o Eduardo não é o criminoso, que tem de ser o Carlos ou o próprio Branco, a afirmação de que não foi o Eduardo é verdadeira, e portanto a que diz que não foi o Carlos tem de ser falsa. Assim, o criminoso é o Carlos.
Resta-nos reler todas as afirmações supondo que o criminoso é o Carlos para confirmar que todos os suspeitos fizeram uma afirmação verdadeira e outra falsa. Logo, só a sua culpa valida a coerência dos depoimentos.”