Paulo Roberto
Campos
Convocada por movimentos esquerdistas, a
“greve geral” do dia 28 de abril malogrou. Foi um fiasco retumbante e
vergonhoso.
O comércio funcionou apenas parcialmente,
não por causa da adesão dos brasileiros à greve, mas por terem sido impedidos de
circular por piqueteiros do PT, que criaram dificuldades aos meios de
transporte. Escolas ficaram fechadas, mas tampouco por adesão dos alunos à
greve, e muito menos de seus pais, mas devido à adesão de sindicatos de
professores e à paralização do transporte.
Ônibus incendiados e pneus queimados em
ruas e rodovias a fim de impedir que os trabalhadores honestos pudessem exercer
seus direitos; estabelecimentos depredados, placas de sinalização do trânsito
arrancadas e lançadas contra vidraças; paus, pedras e garrafas jogados contra
as forças de segurança; lixo espalhado pelas vias percorridas por grupelhos
organizados e financiados por sindicatos filiados ao Partido dos Trabalhadores.
Mutatis
mutandis, o mesmo se poderia dizer das manifestações organizadas e financiadas
por Sindicatos no dia 1º de maio último: elas mais pareceram ser pelo “Dia do
Sindicalista” do que pelo “Dia do Trabalhador”. Aliás, como comemorar tal dia,
se o Brasil conta com quase 14 milhões de trabalhadores que ficaram
desempregados graças aos governos petistas?
Fazendo um sintético balanço da
sexta-feira de “greve geral”, sou levado a crer que da velha e enferrujada
espingarda petista partiu mais um tiro que saiu pela culatra; mais um tiro no
pé do próprio Lula, mais um prego no caixão do próprio PT.
Esse “tiro” atingiu também muitos padres
da “esquerda católica” e bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O
próprio secretário-geral da CNBB, D. Leonardo Steiner, pediu que seus membros
apoiassem à CUT e os sindicatos que promoveram tal greve e recomendou que os
colégios católicos aderissem à paralização geral.
Nessa tentativa fracassada de incendiar
o País, vimos que esses eclesiásticos em vez de pregarem a palavra divina de vida
eterna para a salvação das almas, eles se meteram de cabeça para pregar —
utilizando os mesmíssimos pretextos das esquerdas — sobre previdência social, leis
trabalhistas e lucros das grandes empresas... Em vez de pregarem a harmonia
evangélica entre as classes sociais, pregaram a luta de classes própria da arenga
comunista. Atitude inconcebível que causou escândalo em muitas fileiras do
laicato católico, indignadas com a posição marxista da CNBB, a qual elas
responsabilizam, por exemplo, pelo abandono de igrejas e pelo êxodo de fiéis em
benefício das seitas protestantes.
A propósito desta “greve geral”, cujo
objetivo era lançar o Brasil em convulsões revolucionárias — que poderiam empurrar
o País para a implantação de um regime tipo “cubazuela” — recordemos um admirável
apelo de Plinio Corrêa de Oliveira aos brasileiros, para não se deixarem
arrastar pelas agitações subversivas.
BRASIL DA BONDADE, AFETIVO E CRISTÃO
Plinio Corrêa de Oliveira
O povo brasileiro sempre foi conhecido como afetivo, ordeiro e
pacífico. Tal feitio de alma lhe vem da tradição profundamente cristã. E
constitui um nobre obstáculo a que a Nação se deixe levedar pelos fermentos
revolucionários indispensáveis para o êxito do socialismo e do comunismo.
É por isto que as forças da desagregação e da desordem deitam
tanto empenho em criar a ilusão do contrário, apresentando nossa população como
desordeira, agressiva, revoltada.
Lanço um apelo para que o Brasil da bondade, o Brasil afetivo, o
Brasil cristão continue idêntico a si mesmo, e não se deixe arrastar pelas
solicitações da violência, seja física, seja moral. Nós brasileiros não somos
afeitos à revolta e à subversão, ao contrário do que propalam os agitadores. E
por mais razões que tenhamos para estar descontentes, procuramos resolver
nossos problemas dentro da paz autêntica, da paz cristã que Santo Agostinho
definiu lindamente como sendo a tranquilidade da ordem.
Nosso povo tem bem consciência dos imensos recursos e
possibilidades do território nacional, e sabe que o aproveitamento de toda esta
potencialidade através de um trabalho empreendedor e confiante, pode tornar o
Brasil uma das primeiras nações do mundo no século XXI.
Trabalho que exige esforço árduo, ânimo forte. Mas não foi assim
que nossos antepassados dilataram as fronteiras do País? Embora sem a
comodidade oferecida hoje pelo progresso, eles galgaram serras, venceram
florestas, atravessaram rios e transpuseram pântanos. E extraíram da terra,
pelo plantio, pela criação e pela mineração, os recursos de que hoje vivem os brasileiros.
Por que não podemos recobrar essa fibra, essa força de alma que nasce da Fé
católica que eles nos legaram?
Não será, pois, com revoluções mortíferas, dissensões internas,
tensões estéreis entre irmãos, de que haveremos de aproveitar as vastidões
ainda inexploradas de nosso território. Mas é com esse espírito empreendedor,
ordeiro e cheio de Fé, que podemos alcançar de Deus, por intermédio de Nossa
Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, a grandeza cristã, que deve
ser a nossa, nas novas etapas históricas que se aproximam.
(Plinio Corrêa de Oliveira, Agitação
social, violência: produtos de laboratório que o Brasil rejeita, Editora
Vera Cruz, São Paulo, 1984, p. 44).
Título e Texto: Paulo
Roberto Campos, 2-5-2017
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