Para os irmãos Batista, que moram em Nova Iorque
e cujos negócios estão, em sua maior parte, no exterior, pouco importa o caos
que sua irresponsabilidade criminosa ajudou a criar no Brasil
O Estado de S. Paulo
O Brasil está sofrendo
prejuízos incalculáveis com as delações dos donos da JBS. Mas houve quem saísse
no lucro – em especial os próprios delatores. E que lucro.
O acordo para a delação premiada
dos irmãos Joesley e Wesley Batista, fechado com o Ministério Público Federal,
prevê imunidade completa para os dois. Eles não passarão um minuto sequer na
cadeia nem terão de usar tornozeleira eletrônica, podendo deslocar-se pelo
mundo como bem entenderem, inclusive com residência fora do País. Tampouco
serão obrigados a deixar o comando da JBS. A única punição para os Batistas
será o pagamento de uma multa, além da entrega dos negócios ilegais da JBS.
Foi um negócio da China. A ser
verdade o que relataram aos procuradores, os Batistas cometeram diversos
crimes. Na gravação que chegou ao conhecimento do público e que está no centro
da crise enfrentada pelo governo de Michel Temer, Joesley comenta com o
presidente que comprou políticos e até um procurador da República para obter
informações sobre investigações contra a JBS. Em outros anexos, o empresário
relata como corrompeu dúzias de parlamentares, servidores públicos e partidos.
Tudo isso deveria ser
suficiente para condenar os irmãos Batista a uma longa temporada na cadeia e a
JBS a perdas proporcionais aos estragos que causou, a exemplo do que está
acontecendo com Marcelo Odebrecht e a empreiteira que leva seu sobrenome. Mas,
por razões que somente a Procuradoria-Geral da República será capaz de
explicar, nada disso vai acontecer.
Para quitarem a multa e saírem
livres, os irmãos Batista poderão recorrer aos estonteantes ganhos que
certamente obtiveram ao comprar entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão no mercado
de câmbio antes da divulgação das primeiras informações comprometedoras sobre
Michel Temer. Enquanto a notícia sobre o presidente circulava e causava
estragos, o dólar subia quase 8,5%. Fazendo-se as contas, os donos da JBS, que
tinham a informação privilegiada sobre a delação que eles mesmos fizeram, podem
ter embolsado mais de R$ 260 milhões.
Mas não foi só isso. Em abril,
quando já haviam negociado a delação, os irmãos Batista, decerto cientes de que
o escândalo faria despencar as ações da JBS, venderam R$ 329 milhões em papéis
à espera da divulgação do depoimento. A Comissão de Valores Mobiliários, é
claro, abriu investigação.
Não foi apenas esse tino para
os negócios que construiu o império dos irmãos Batista. Eles contaram com o
farto financiamento do BNDES nos governos petistas – foram mais de R$ 10
bilhões em operações prejudiciais ao banco, que acabou se tornando sócio da
JBS. Nenhum grupo empresarial foi tão beneficiado – em troca, agora se sabe, de
propinas pagas à fina flor do condomínio que se instalou no poder com o PT.
Depois de tudo isso, para
coroar a desfaçatez, Joesley Batista divulgou uma nota em que pede “desculpas”
por ter recorrido a “pagamentos indevidos a agentes públicos”. Afirmou ainda
que, em razão de seu “espírito empreendedor” e de sua “imensa vontade de realizar”,
teve de se submeter a um sistema que “cria dificuldades para vender
facilidades”. Segundo informou o empresário, cujos negócios cresceram
astronomicamente à base de dinheiro público e corrupção, “em outros países,
fora do Brasil, fomos capazes de expandir nossos negócios sem transgredir
valores éticos”. Agora, ele assume o “compromisso público” de ser “intolerante
e intransigente com a corrupção”. Esses termos, que aparecem com palavras
equivalentes em outros documentos de igual efeito, têm uma única e suspeita
inspiração, indissociável de órgão público cujos membros insistem em que as
instituições nacionais estão podres, exceto a que os abriga.
Para saírem impunes e salvarem
suas empresas, os irmãos Batista sabiam que tinham de entregar ao Ministério Público
o prêmio mais cobiçado – a possibilidade de destruição integral do mundo
político, tão desejada pelos procuradores. Para os irmãos Batista, que moram em
Nova York e cujos negócios estão, em sua maior parte, no exterior, pouco
importa o caos que sua irresponsabilidade criminosa ajudou a criar no Brasil.
Para os que aqui ficam, resta a duríssima tarefa de proteger as instituições
democráticas dos muitos aventureiros que nessas horas sempre se oferecem para
salvar a pátria.
Título e Texto: Editorial, Estado de S. Paulo, 22-5-2017
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Estes Batistas são Corruptores nojentos!
ResponderExcluirEste cara é um mau Caráter de primeira, se agigantou, formou um império durante mais de dez anos com o governo do PT, e quem ele entregou? O PMDB e o PSDB, está nitidamente protegendo a todos, que junto ao BNDES e ao Legislativo, com emendas e ao Executivo com MPs os tornaram Poderosos mundialmente.
O PMDB e PSDB são sujos, isto já sabíamos. Mas o que nos surpreende, e é a última esperança do Brasileiro, é a suspeita dos Tribunais Superiores estarem corrompidos. Aí ..........
Se participar disto tudo é dar um Golpe de mestre, e sair como estes caras estão saindo ilesos, pagando uma mixaria de multa perto do que ganharam com ilegalidades, então isto será um grande incentivo ao Crime!
Heitor Volkart