Ítalo Nóbrega
Muitas pessoas imaginam
ainda hoje que, por um longo período histórico, na Idade Média a superstição
tomou o lugar da razão, os avanços tecnológicos deixaram de ocorrer, a ciência
ficou praticamente abandonada… Por culpa de quem? Da Igreja Católica, é claro…
Porém, ao contrário do que
tais pessoas pensam, a Idade Média foi uma época de grande avanço intelectual e
de progresso em todas as áreas. E isso graças à Igreja Católica.
Estudos recentes de um número
cada vez maior de historiadores têm submetido à revisão esses conceitos
errôneos sobre a Igreja e sua influência durante a Idade Média.
A prática da caridade, o
direito internacional, os hospitais, o sistema universitário, os escritos
antigos, sem falar na própria capacidade de ler e escrever se desenvolveram na
época medieval.
Cito abaixo apenas um exemplo,
entre inúmeros outros, dessa participação da Igreja no avanço científico.
A contribuição do
pensamento cristão para a ciência
Thomas Woods, em seu livro Como
a Igreja Católica construiu a civilização ocidental, faz a seguinte
pergunta: “Terá sido apenas coincidência que a ciência moderna se
desenvolvesse em um ambiente em ampla medida católico, ou houve alguma coisa no
próprio catolicismo que possibilitou o seu progresso?”.
Ele mesmo responde: “Longe
de obstruírem o progresso da ciência, as ideias cristãs contribuíram para
torná-lo possível”.
Tendo como base estudos feitos
pelo Pe. Stanley Jaki, Woods afirma que a tradição cristã concebe Deus como uma
realidade racional e ordenada. Consequentemente, se a obra criada por Ele fosse
irracional e desordenada, seria incoerente com o seu comportamento. Portanto, a
conclusão lógica é que tem de haver racionalidade e ordem no universo, assim
como há em Deus.
Foi esse pressuposto que levou
os cristãos medievais a investir em pesquisas, inclusive quantitativas, como o
esforço para entender o universo.
A ideia de um universo
racional e ordenado — ideia essa indispensável ao progresso da ciência —
escapou a civilizações inteiras. As culturas pagãs não possuíam as mesmas
ferramentas filosóficas; pelo contrário, possuíam estruturas conceituais que
dificultavam o desenvolvimento da ciência.
A razão disso é que, por
carecerem da crença em um Criador transcendente que dotou sua criação de leis
físicas consistentes, essas culturas conceberam o universo de modo panteísta.
Isso tornou impossível o desenvolvimento da ciência. Caso semelhante se deu com
as culturas primitivas, pois acreditavam que as coisas criadas possuíam mente e
vontade próprias.
Coube, pois, à Igreja a tarefa
de despersonalizar a natureza, e a desenvolver a ideia de que as coisas criadas
por Deus têm seu comportamento ditado por leis, segundo padrões que era
possível averiguar.
Foi precisamente essa ideia de
racionalidade e previsibilidade do mundo físico que, em primeiro lugar, deu aos
modernos cientistas a confiança filosófica necessária para se dedicarem aos
estudos científicos. “Foi somente dentro dessa matriz conceitual que a
ciência pôde nascer efetivamente e depois crescer de maneira sustentada”.
Vale lembrar que essa é apenas
uma pequena parcela das contribuições da Igreja Católica para a ciência. Isso
sem contar a grande quantidade de sacerdotes que eram cientistas, e até mesmo a
variedade de descobertas feitas por eles em todas as áreas. Mencioná-las todas
seria escrever um livro.
Estamos diante de uma
realidade silenciada nas escolas e deixada de fora do conhecimento das pessoas.
A Igreja é constantemente difamada neste e em vários outros pontos.
Porém, apesar de todas essas
calunias e investidas, há uma certeza da vitória, pois Nosso Senhor Jesus
Cristo prometeu: “As portas do inferno não prevalecerão contra Ela”.
Título, Imagem e Texto: Ítalo Nóbrega, ABIM,
14-6-2017
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