Nelson Ribeiro Fragelli
O que terá levado
o jornal “Le Monde” a estampar na primeira página de sua edição de 28 de maio
2017 uma grande foto de Mark Zuckerberg?
Não é fácil entender. O
quotidiano francês é socialista e Zuckerberg, o criador do Facebook,
é uma das estrelas do capitalismo mundial. O jornal é pelo nivelamento social
completo enquanto a fortuna de Zuckerberg o coloca bem acima de todos os
níveis. Qual a linha de intersecção na qual essas incongruências se
juntam?
Zuckerberg foi paraninfo dos
formandos 2017 da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Todo paraninfo faz
discurso. A prestidigitação jornalística apresenta o dele como portador de um
ideal para a juventude vivendo “num mundo que perdeu seu sentido”. Uma
página inteira do jornal resume as suas palavras. Qual jovem Moisés, Zuckerberg
é apresentado como capaz de levar a juventude a atravessar as águas estagnadas
deste mundo sem ideal até a outra margem onde está o “sentido da vida”. Sua
filosofia equivale ao bastão de Moisés, a cujo toque os pântanos deste mundo
estagnado se abrirão. Essa filosofia levou-o à fama e ao enriquecimento. Logo,
seduzirá os que iniciam uma carreira.
Apoiado em seu sucesso,
Zuckerberg passa à segunda parte de sua caminhada rumo à promissão. Ele
explicita a sua filosofia, feita de conhecidos xaropes ideológicos alambicados
pela mídia. Trata-se de xaropada marxista, à qual se adicionaram novas ervas,
bem mais tóxicas, de péssimo paladar. Eis uma pequena dose de seu enjoativo
elixir filosófico: “O mundo perdeu o senso de sua existência; é preciso
que todos encontrem sua razão de ser; não se trata apenas de criar empregos,
mas devemos procurar visões mais amplas; conheço tantos que abandonaram seus
sonhos sentindo-se desamparados em caso de fracasso etc.”.
Após esta insípida
grandiloquência, o orador reafirma velhas falácias da cartilha socialista, que
nada mais são do que o velho marxismo com nova fantasia: “Lutemos
contra o aquecimento global, contra os nacionalismos, contra aqueles que se
opõem à imigração.” Em certo ponto, ele se volta para David Aznar, ali
presente e que é convidado a se levantar para ser aplaudido. Ex-vereador da
cidade do México, David Aznar articulou a legalização das uniões homossexuais
em sua cidade, aprovadas antes mesmo que em São Francisco.
Nesses erros encontra-se a
linha de intersecção entre o capitalismo milionário e o socialismo pobretão.
Mas, a que espécie de terra prometida Mark Zuckerberg leva a juventude?
Título e Texto: Nelson Ribeiro
Fragelli, ABIM,
4-6-2017
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