segunda-feira, 19 de junho de 2017

[Para que servem as borboletas?] Estaremos vivendo algum humanismo no futuro?

Valdemar Habitzreuter

O que poder-se-ia dizer sobre o conceito de humanismo? Em primeiro lugar, o termo humanismo surgiu com o Renascimento no século XIV - um movimento intelectual que se inspirou nos valores humanísticos da tradição greco-romana tida como exponencial quanto à integralidade e autossuficiência do ser humano; a paideia grega (educação) voltava-se à formação do ser humano como um todo físico-mental centrada na própria essência e força humana.

Com o advento do cristianismo desenvolveu-se a ideia de uma proposta moral teocêntrica para a conduta do homem na sociedade. A ênfase não mais era tanto a integração perfeita do homem na Natureza, e sim alimentar uma perspectiva além-mundo: a conquista de um reino que não é deste mundo.

O Renascimento do século XIV surgiu, pois, no sentido de descentralizar o teocentrismo vigente na Idade Média e adotou, preponderantemente, o antropocentrismo. Adveio, assim, a modernidade em que o sujeito toma as rédeas nas mãos e o teocentrismo deixado de lado. A partir daí concebeu-se o ser humano como o centro e responsável pela construção da História da humanidade com a inserção de valores éticos e morais segundo a dialética dessa História, com as consequentes mudanças de costumes das sociedades nas sucessivas épocas.

Daí terem surgido várias facetas de humanismos ao longo da história humana segundo os valores éticos e morais inseridos e vivenciados. O ser humano é essencialmente racional e isso o leva a chamar sobre si a responsabilidade da viabilidade da vivência em sociedade. É o senso de comunidade que se impõe e que gera a jurisprudência, ou o império da lei como diretriz de conduta para viver em sociedade. Era assim, então, que, na modernidade, o subjetivismo reinante desencadeava os vários humanismos.

E hoje estamos às voltas com o pós-modernismo.... Significa isso também o pós-humanismo? De fato, a contemporaneidade não tem mais o acento no sujeito, mas é o mundo da técnica que se impõe e suas infinitas possibilidades de tecnologias. Aos poucos inverte-se o papel: não mais o sujeito está no controle da situação, e, sim, a tecnologia que se expande automaticamente sem o controle do sujeito humano.

A inteligência artificial, embora seja criação humana, se auto prolifera e estende seu domínio sobre a humanidade. Na era computacional já não podemos voltar para o passado e vive-lo daquela forma.

A internet, por exemplo, é um feito tecnológico imprescindível na era contemporânea. Se ela nos faltasse, nos dias de hoje, estaríamos vivendo um verdadeiro caos.  Assim, as tecnologias nos locupletam como extensões de nosso ser, com a tendência de tornar-nos máquinas, desaparecendo, assim, o lado humanístico....

Se já há a possibilidade de se substituir órgãos vitais de um corpo humano por artefatos artificiais (coração, rins...), podemos imaginar que um pós-humanismo é bem provável de se impor com o avanço da tecnologia. A inteligência artificial, que na contemporaneidade está cada vez mais avançando com notável progressão, quem sabe não estará, definitivamente, apta a se auto reproduzir, proclamando-se independente do cérebro humano e ilimitadamente mais poderosa...

Reflexão: A tecnologia desenfreada pode abolir de vez o humanismo?
P.S. Recomendo o filme: “HER” (disponível na Netflix).
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 18-6-2017

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6 comentários:

  1. JAMAIS meu caro, VH.
    Por mais que a AI tenha crescido, a linguagem binária ainda não foi destituída.
    O computador é BINÁRIO, SÓ ACEITA SIMS OU NÃOS.
    Lembro do meu Z80, ou 8088 hoje são I7 kabylake 7a geração. Já há imenso progressos com os processadores líquidos, que reduzem suas temperaturas de trabalho e aumentam suas eficiências.

    Não há com fazer-se um programa com TALVEZ.
    O talvez é por incrível que pareça EMOCIONAL.
    Acho que TALVEZ eu seja o primeiro a tentar deduzir que o talvez está nas emoções, nos gostos, nas ideias, ele é inusitado.
    A IBM para derrotar Kasparov com o DEEP BLUE, colocou todas as variáveis dos jogos de Kasparov em 5 gigantes computadores, com tempo de resposta altamente superior ao humano.
    Deep Blue foi um supercomputador criados pela IBM especialmente para jogar xadrez com 256 co-processadores, capazes de analisar aproximadamente 200 milhões de posições por segundo.
    Uma em 1999 o Deep ganhou 2, empatou 3 e perdeu uma.

    Quando fiz meu curso de programador em Linguagem de máquina, hoje elas são de alto nível como HTML, JAVA e BASIC, a parte mais difícil era o "IF"
    Se assim Não, se diferente sim, Mas o o homem jamais programará para todas as possibilidades.
    O humanismo sempre existirá.
    Vou cometar sobre pavões. Muitos dizem sectariamente que o pavão fêmea escolhe o macho pelo visual da cauda e da dança.

    Completamente não.
    Ela escolhe dentro de um padrão rigoroso de não ser da família, e dos feromônios.
    Ela mantém a genética sem fazer exame de genética, esse é o grande TALVEZ da natureza. Até as rats abortam seus filhos se forem de relações incestuosas.

    Nosso mundo é uma grande TALVEZ emocional, os sims e os nãos são decididos pelos computadores, se (if) programá-los.
    fui...

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  2. Legal, meu caro Rocha! Tuas ponderações são sempre elucidativas com tua versatilidade de conhecimentos gerais... Também sou de opinião de que AI não será capaz de revestir-se de sentimentos e emoções, prerrogativas do ser humano.... No entanto, estamos vivenciando um humanismo que reverencia a tecnologia exaustivamente... onde isso vai parar não sabemos...

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    1. Caro VH, quem viu o filme Apocalipse Zumbi, sabe que os zumbis tecnológicos, são imbecis.
      A tecnologia escraviza-os, quando deveria ajudá-los.
      Eu tenho uma TV de 40 led full HD, tem uns 3 anos, mas ela não é SMART. Uma SMART de 40 está por volta de 4000 reais.
      Daí comprei um BLUE RAY da sony com SMART acesso por 290, e minha TV ficou Smart TV.
      Quando me aposentei joguei no baú o celular e o relógio.
      Os dois nos tornam escravos.
      Hoje o celular é o maior X9 das polícias no mundo.
      Ele diz onde você está ou esteve, com quem você falou, seu círculo de convívio, e as empresas gravam todas as suas conversas.
      A CIA, o NSA, os russos, a nossa PF, a nossa ABIN, procuram por palavras chaves diálogos ON LINE 24 horas por dia.
      Eles não tiram os celulares dos presídios porque é uma necessidade operacional.

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    2. Esqueci de assinar o comentário....
      Valdemar

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  3. Meus Caros, se queres ter uma "casa" mais humanizada, tenha um Cão, são campeões em humanizar as pessoas!
    A Tecnologia e a Vida que segue!!!
    Abs,
    Heitor Rudolfo Volkart

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    1. Não estamos a comentar sobre esse humanismo, Heitor.
      Apenas contrapondo os desígnios deístas e sobrenaturais.
      Acredito que Valdemar é universalista, eu sou cosmopolita, acho que os termos são equivalentes.
      Cuidar e ter um cão não é humanismo, no fundo, mas bem no fundo está mais para necessidade e carência.

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