Carina Bratt
- E aí, senhorita Groselha, chamou o Humberto?
- De Campos? Sim.
- E Machado?
- De Assis?
- Também.
- Não se esqueça do Visconde.
- De Taunay? Com certeza. Esse tem cadeira cativa aqui. Foi um dos
primeiros...
- E o Silvio?
- Acho que não virá.
- Como não?
- Foi pra Santos.
- Por falar em santos, temos alguns disponíveis?
- Sim. O André e o Jerônimo.
- Ótimo. Perfeito.
- Não vamos deixar de fora o Domingos.
- Domingos! Que Domingos?
- De Morais.
- Você é mesmo uma coisa fofa. Pensa em tudo. Sem você a meu lado,
a minha vida seria uma barra.
- E bem funda...
Risos de ambas as partes.
- Lembra que no início da festa teremos a parada.
- Estou ligada.
- Sabe o nome da parada?
- Claro.
- E qual é?
- De Lucas.
- Isso. Ah. Convidei o Brás. Não te avisei, mas depois acrescenta
o nome dele à lista. Lembra do Brás?
- Que Brás?
- De Pina.
- Mais ou menos. É tanta gente...
- Nosso amigo marechal ligou ainda pouco confirmando presença.
Virá sem falta.
- O Hermes? É mais fácil um boi voar do que ele faltar a um dos
nossos eventos.
- E trará o Bento.
- Bento? Bento...?
- É. O Ribeiro. Amigo do Vaz...
- A ficha não caiu... que Vaz?
- Vaz Lobo.
- Mudando de pau para cavaco, o que aconteceu com o Teófilo?
- Brigou com Otoni.
- Otoni, primo do Belo?
- Esse mesmo.
- Uma pessoa que seria inconcebível deixarmos de fora. Jamais. A
Santa
- Eu sei. Já liguei para a dona Cruz.
- E Cruz virá?
- Sim. E trará uma prima, a Aparecida.
- Me lembro dela. Mora no Norte.
- Essa mesma. Não podemos de forma alguma deixar de prestigiar nosso
velho e querido governador.
- Não. Governador não está na cidade. Foi pra Valadares.
- Que pena! Mande um convite para o secretário dele, o Bastos.
- Sim. Falando em Bastos me lembrei do Tigre. Bastos Tigre são
como unha e carne. Sempre juntos. Com certeza virão...
- Acho que não nos esquecemos de ninguém. A propósito: ligou para
o Almirante?
- Barroso? Sim liguei. Falei com o tio dele, o seu Frei.
- Tio Frei? Não me recordo dele.
- Caneca.
- Para terminar, o Amado...
- Batista?
- Não, linda, o outro, o Jorge.
- Esse infelizmente não marcará presença.
- Como não? Você não o convidou?
- Nem poderia...
- Como assim, nem poderia? Festa sem Jorge...
- Não posso fazer nada.
- Liga para ele agora. É uma ordem.
- De forma alguma. Impossível.
- E por que impossível senhorita Groselha?
- O senhor não sabe o que aconteceu?
- O que aconteceu? Fala mulher. Desembucha!
- Jorge... Jorge morreu.
Título e
Texto: Carina Bratt, secretária e
assessora de imprensa do jornalista e escritor Aparecido Raimundo de Souza. De
Santa Rita do Passa Quatro, interior de São Paulo. 1-9-2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-