Cesar Maia
1. A implosão fiscal e financeira do Estado do Rio - na dimensão
que alcançou e os graves desdobramentos sociais que produziu, especialmente nas
famílias de 400 mil servidores ativos, aposentados e pensionistas - teve duas
etapas. A primeira em que prevaleceu o jogo antigo de oposição vs governo.
2. A oposição - em nível estadual - lastreada pelas efetivas
responsabilidade dos últimos dois governos nesta crise fiscal-financeira,
estimulou a mobilização do corporativismo e o confronto, resistindo às medidas
que deveriam ser tomadas para assinar o ajuste fiscal proposto pelo governo
federal.
3. Com isso, a discussão com vistas à decisão teria que subir para
a esfera federal. E, então, o que se viu foi um comportamento exemplar da
bancada federal, gerando o consenso necessário para que a negociação com o
governo federal se desse sem os excessos tecnocráticos da proposta inicial. Foi
aprovada a lei e corrigidos os excessos no nível administrativo.
4. O problema para articular este consenso entre partidos e
parlamentares que se enfrentarão em pouco mais de um ano nas eleições de 2018
era como realizar esta coordenação. Os líderes partidários não eram
suficientes. Da mesma fora não eram suficientes os líderes das bancadas no Rio
de Janeiro.
5. A feliz coincidência do Presidente da Câmara de Deputados ser um
deputado federal do Rio de Janeiro, de seu estilo aglutinador demonstrado por
sua atuação no plenário e nos bastidores, foi o ponto fundamental, o tipping point.
6. E mais ainda: suas declarações que não disputará as eleições
majoritárias em 2018 finalizou essa capacidade de coordenação. Seu conhecimento
específico das matérias e suas relações com o Ministério da Fazenda em tantas
outras questões, lhe deu a condição de avalista do acordo junto ao governo
federal, sem despertar qualquer ciúme entre suas e seus companheiros
parlamentares do Rio de Janeiro.
7. Todos os órgãos federais cumpriram com a parte que lhes tocava,
mantendo suas coerências e entendendo a gravidade da situação e o multiplicador
de imagem do país que tem o Rio de Janeiro e, assim, aceleraram as decisões.
8. Agora, nesta terça-feira, dia 5 de setembro, será assinado o
acordo entre o governo federal, o estadual e toda a representação parlamentar
do Rio de Janeiro.
9. Um processo exemplar que deve servir como paradigma para as
futuras votações críticas em nível federal, onde o velho jogo oposição vs governo terá que ser superado em
votações especiais, como ocorreu agora com o Rio de Janeiro.
Título e Texto: Cesar Maia, 5-9-2017
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