Cristina Miranda
O Governo criou um programa para a geração dos “nem-nem” ou seja aqueles
miúdos barbudos com idade para ter juízo e responsabilidade que nem querem
saber de estudos nem de trabalho.
Muito bem. Ora parece que este
programa vai dar 700 euros mensais a estas criaturas que deverão desenvolver um
projeto de empreendedorismo que a ser selecionado, permitirá aceder a um apoio
de 10 mil euros para iniciar um negócio próprio. Ou seja, o governo que
gosta de começar as casas pelos telhados com o dinheiro dos outros não entende
que encontrou nesta fórmula apenas mais um impulso retardador, financiado, para
que estes “jovens peludos” continuem a gozar seu precioso tempo livre à
conta dos papás. Não funciona.
Para resolver o problema desta
“juventude” temos de ir ao fundo da questão e isso, ninguém quer porque dá
muito trabalho e responsabiliza todos aqueles que querem ver sua culpa
sacudida: a família e o Estado.
A família é o pilar da
educação. É de tenra idade que se ensina a ter objetivos e responsabilidades,
princípios básicos da vida em valores com os quais o indivíduo crescerá. São as
primeiras ferramentas. Com estas bases sólidas ingressa depois para a escola
que lhe dará outros conhecimentos que irão complementar essas bases e farão
dele um cidadão capaz de integrar o mercado de trabalho.
Ora o problema está quando
ambas instituições se demitem do seu papel. Os pais educam os filhos como
pequenos príncipes onde tudo lhes é garantido sem qualquer esforço nem mérito.
São suprimidas todas as adversidades porque não os querem frustrar dizendo “sim”
a quase todos os desejos para não os “traumatizar”. Na escola, não se
ensina cidadania nem se prepara o indivíduo profissionalmente. Debita-se sim,
um extenso programa curricular que é preciso cumprir a toda a força. Resultado:
homens e mulheres que acabam o secundário (alguns nem isso) sem saberem lutar
na vida, alheios completamente ao que se passa no Mundo. Crianças grandes
impreparadas, mimadas e ignorantes que só pensam em ter muitos likes no
facebook, Instagram e concorrer à Casa dos Segredos.
É preciso tomar consciência
que foi a sociedade que criou os “nem-nem” e terá que ser a sociedade a
reverter este longo processo. Porque eles não são mais do que um produto das
sociedades ditas socialistas que promovem o laxismo. Estudar por exemplo nunca
foi tão fácil. Já se pode passar de ano com 7 negativas. Nem é preciso ser-se
bom aluno, agora, para entrar nas universidades onde já se entra com médias
também negativas. Deixou de haver excelência. Exigência. Qualquer um pode ser
doutor mesmo que não tenha jeito nenhum. Por outro lado, subsidia-se tudo e
mais alguma coisa o que reduz o esforço coletivo. Para quê matar-me a procurar
trabalho se posso estar em casa a receber salário mínimo? Porque razão hei de
aceitar um trabalho dito menor se posso ter subsídio até ter o emprego ideal? É
isto. E sem alterar toda a estrutura que leva ao laxismo, pouco adianta criar
programas para o empreendedorismo porque só empreende a quem lhe foi incutida
de pequenino essa habilidade, em casa e na escola. Não nasce com o indivíduo.
Estimula-se e desenvolve-se.
A mim, como mãe, este assunto
não me preocupa de todo. Sei que nunca vou ter filhos “nem-nem”. A primeira já
com 31, está em Londres a trabalhar na área dela com distinção. A do meio, está
completamente focada no objetivo de acabar o 12º ano, ser trabalhador-estudante
e independente a partir dos 18. O segredo destes meus jovens cá de casa está na
forma como os eduquei desde o berço. Sem lhes privar do essencial, sempre
souberam que tudo o que era supérfluo tinha de ser conquistado por eles com o
esforço deles. Nunca me preocupei em não frustrá-los com “nãos” porque eles
fazem parte da vida. Logo cedinho, foram estimulados a trabalhar em casa ou nas
férias da escola para comprar os ténis de marca (dos outros nunca houve falta),
dinheiro para concertos ou simplesmente para fazer poupanças. Sempre souberam
que o dinheiro não nasce das árvores. Que sem esforço não se alcança objetivos.
Sempre foram estimulados para serem adultos proativos de excelência. Aprenderam
cedo a serem responsáveis pelas suas tarefas que tinham de cumprir
escrupulosamente. O mérito era sempre compensado. Já o laxismo, castigado.
Mesmo com as falhas na escola que não cumpre nem de longe seu papel (não por
culpa dos professores, mas sim, do Estado), só com a educação de casa,
tornaram-se indivíduos capazes de enfrentar as adversidades da vida sem culpar
os outros por isso. Mas podiam ser ainda muito melhores.
O meu plano para os
“Nem-Nem” começa por alterar toda a educação de base nas famílias e nas
escolas. Essa é a prioridade. Porque sem isso pouco adianta este ou outros
programas do género. Durarão apenas até o dinheiro do subsídio acabar sem
qualquer resultado prático.
Porque a geração
“Nem-Nem” só existe porque a estimulamos. É o produto da ineficácia da
sociedade em construir cidadãos responsáveis.
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