A esquerda não se interessa pelos direitos
dos homossexuais – a esquerda apenas quer saber dos votos dos homossexuais e
instrumentaliza-os de acordo com a sua agenda política
João Lemos Esteves
1. Imagine, caríssima leitora
e caríssimo leitor, que as manas Mortágua encontram alguém na rua – e este
alguém é uma jovem mulher, com ar esbelto, professora de química, uma
intelectual, muito inteligente, radical no discurso político e… homossexual
assumida. Qual seria a reação das estrelas do Bloco de Esquerda?
Seria certamente de
congratulação por finalmente encontrarem a substituta ideal de Catarina Martins
– Mariana Mortágua teria feito uma amizade para toda a vida, juntas pelas
mesmas causas do feminismo, da luta contra as elites políticas, contra os
burocratas de Bruxelas e a “bem da revolução”.
2. Pequeno senão: a jovem
mulher, doutorada, feminista e homossexual que atrás descrevemos é… Alice
Weidel [foto], a mulher de confiança de Franke Petry (líder da AfD), e candidata nas
eleições de amanhã pelo partido de extrema-direita alemão.
Ou seja, a jovem que parece a
Mariana Mortágua alemã é, afinal, não da extrema-esquerda, mas da
extrema-direita – e muitos intelectuais de esquerda (do Bloco lá do sítio)
apelidam-na de “lésbica nazi”. E esta,
hein?
3. Este é, sem dúvida, um
pesadelo para a esquerda: o seu discurso político vai (praticamente na íntegra)
no sentido de nos convencer de que gozam de uma superioridade moral que lhes
advém da defesa dos direitos das minorias, dos mais “desfavorecidos” e dos
“excluídos” da sociedade.
E com esta lengalenga –
devidamente amplificada pelos órgãos de comunicação social que dominam – fazem
obnubilar o modelo totalitário de sociedade que advogam: na verdade, o objetivo
último da esquerda é tomar de assalto o Estado, blindar o acesso aos cargos do
Estado e à função pública de cidadãos que não perfilham as suas ideias
políticas, nacionalizar os bens dos cidadãos (tidos como “milionários”, apesar
de integrarem apenas a classe média, e frequentemente a classe média baixa) e
lançar um amplo programa de “redistribuição de riqueza”.
Redistribuir para quem?
Para os camaradas do partido e
respectivos amigos ideológicos – já não é o princípio do “a cada um segundo as
suas necessidades”; agora é mesmo só “ a cada um segundo as suas afinidades”.
4. Pois bem, a esquerda (nesta
lógica de maquilhagem do programa político violento e brutalmente autoritário
que defendem) assumiu como bandeira a defesa do “feminismo” e os direitos das
minorias, designadamente dos cidadãos homossexuais. Neste sentido, os arautos
do esquerdismo folclórico assumiram que todos os homossexuais são de esquerda –
e quem não é de esquerda, não pode ser homossexual.
E que, no fundo, as pessoas
que são homossexuais adquirem uma espécie de “pacote” – não podem ser
simplesmente homossexuais. Não!
A homossexualidade vem no
mesmo pacote da militância no Bloco de Esquerda ou da JS (qual deles será mais
radical nos dias que correm?), de ser apologista do domínio da economia pelo
Estado, de gostar de boinas do Che Guevara, de só pensar nas alterações
climáticas, de ser totalmente a favor das fronteiras escancaradas, de defender
todo o tipo de terroristas, desde as
“legítimas reivindicações” da ETA até
aos “coitadinhos” do ISIS – e, claro, ser tolerante com os cidadãos que
professam a religião islâmica tem que significar necessariamente o
branqueamento ou desculpabilização do terrorismo islâmico radical.
5. O que prova esta arrogância
autoritária da extrema-esquerda e da esquerda que se deixou assaltar por
trotskistas e comunistas?
A tese que já aqui expusemos,
segundo a qual a esquerda não se interessa pelos direitos dos homossexuais – a
esquerda apenas quer saber dos votos dos homossexuais e instrumentaliza-os de
acordo com a sua agenda política.
Quando a esquerda precisa de
esconder algo, que lhe é eleitoralmente desvantajoso, lá traz para a agenda
mediática a premência do aprofundamento da defesa dos direitos dos homossexuais
e de outras minorias.
É, pois, esta política de
género e de identidade sexual que tem minado a qualidade da discussão pública –
e ofendido os homossexuais, que são convertidos em meros instrumentos ao
serviço de um discurso partidário.
O que, como já demonstrámos,
viola a dignidade da pessoa humana.
Tal como Mao Tsé-Tung fazia
com os agricultores, tal como Estaline fazia com os pobres – a esquerda
finge-se defensora dos homossexuais (e de outras minorias) para depois, na
verdade, as prejudicar ainda mais.
Note-se que também na União
Soviética, Estaline auto intitulava-se como o “pai do Povo”, o defensor dos
pobres – esquecia-se, porém, de dizer que era ele que produzia grande parte
(senão a totalidade) destes pobres…
6. Aí está a reação ao
politicamente correto e à instrumentalização dos homossexuais para fins
políticos: a AfD – partido que muitos consideram, porventura excessivamente, neonazista
– está a registar um apoio considerável de cidadãos que se assumem como
homossexuais.
Lá está: é a afirmação por
parte dos cidadãos homossexuais que são tão dignos como qualquer outro cidadão
– e que a sexualidade não esgota a sua identidade, muito menos a sua
personalidade.
Rejeitando, eles próprios, a
ideia de que por serem homossexuais têm que ser progressistas e trotskistas!
Há homossexuais à esquerda,
como há ao centro, como há à direita – e até na extrema-direita!
Porque eles são cidadãos – que
têm a mesma liberdade de pensamento e ação política que nós, heterossexuais:
pela simples razão de que a sexualidade não interessa nada para a afirmação da
dignidade da pessoa humana e, logo, para o exercício de direitos e liberdades
políticas e cívicas.
Para nós, aceitar que um
homossexual possa ser do centro, da direita ou até da direita nacionalista – é
normal e salutar porque promove o dinamismo pluralista das sociedades. Já para
a Mariana Mortágua e seus camaradas, os homossexuais que não sejam do Bloco de
Esquerda (ou da JS, satélite do BE) são “traidores”.
7. Em conclusão: a esquerda – e
o discurso do politicamente correto que alimenta – já gerou uma pequena revolta
na Alemanha.
Surgiu, assim, aquilo a que esquerda
caviar já chama de “lésbica nazi”.
O que, apesar da intenção
insultuosa, para a visada deve ser um excelente elogio: desta forma, ainda vai
capitalizar uns quantos votos entre a comunidade homossexual, bem como entre os
críticos viscerais do politicamente correto; e, à noite, nos bares de Berlim,
ainda vai capitalizar umas amizades coloridas, pondo em prática a liberdade
sexual que advoga (é o chamado “walk the talk”).
Até porque se, em Portugal,
tanto se elogiou a revelação pública da homossexualidade da Ministra Graça da
Fonseca – temos agora de admitir que é louvável a coragem de Alice Weidel, ao
declarar-se abertamente homossexual num partido de direita conservadora e
nacionalista… É de mulher! É de mulher!
Não é, Mariana Mortágua?
Admita lá: é de mulher!
P.S – Recordam-se que a esquerda
acusava o Presidente Trump de ser (sabe-se lá porquê!) misógino, racista, antifeminista
e anti-gay… então e agora? O que será Alice Weidel? Parece que a esquerda
perdeu adjetivos…
Título e Texto: João Lemos Esteves, SOL, 22-9-2017
Pois, parece que a AfD ficou em terceiro lugar. Patético ler as reações da Esquerda!
ResponderExcluirAh, os socialistas do SPD, Martin Schultz - amigão do socialista António Costa - foram varridos. Pena que ele, Schultz, não possa fazer o mesmo que Costa fez em Portugal...
ResponderExcluirA AfD é extrema-direita, xenófoba, nazista... o que mais??
ResponderExcluirImportante ter em conta que Angela Merkel, embora em primeiro lugar, teve 30% dos votos de QUEM FOI VOTAR!
Aí, uma centena de idiotas vai "protestar" contra a eleição da AfD em Berlim, e TODAS as televisões fazem disso uma matéria de abertura!