Sérgio Barreto Costa
Estou extremamente feliz com
os resultados das eleições para o Parlamento alemão. É verdade que a CDU de
Merkel alcançou novamente o primeiro lugar, mas parece que perdeu uma grande
quantidade de votos e de deputados para a AfD, um partido radical que muitos
acusam de pertencer à extrema-direita. Devagar se vai ao longe e tenho
esperança que nas próximas legislativas consigam acabar com a Angela de vez. E
digo nas próximas porque na Alemanha ainda vigora essa antiquada e
despropositada tradição de ser o vencedor a governar.
Gostava de sublinhar que nada
me aproxima das ideias defendidas pela AfD e por outros movimentos do género,
mas acho que é importante manter o pragmatismo na política e, na cabine de
voto, optar sempre pelo mal menor. E parece-me que, neste caso, a transferência
de votos ocorrida foi extraordinariamente benéfica.
A AfD surgiu durante a crise
do euro e tinha como grande objetivo lutar contra os resgates económicos aos
países do sul da Europa; entretanto, tornou-se num partido anti-imigração, antiglobalização
e antimulticulturalismo. Ora, mesmo não sendo eu anti nada dessas coisas,
continuo a achar essas doutrinas menos perigosas do que as ideias da CDU da
Chanceler.
Note-se que, por falta de
tempo e de dotes linguísticos, nunca consegui acompanhar a imprensa
internacional no que à estadista alemã diz respeito; mas segui com atenção tudo
o que foi dito e escrito em Portugal sobre o assunto entre 2011 e 2015. E isso
chega-me.
Ao longo de 4 anos ouvi alguns
dos mais prestigiados políticos, comentadores, sindicalistas, intelectuais e
jornalistas portugueses a dizerem que Angela Merkel era uma reencarnação de
Adolf Hitler e que perseguia o sonho nazi de colocar toda a Europa debaixo da
alçada germânica.
E vi inúmeras caricaturas da
governante com uma suástica no braço, um bigodinho em cima do lábio superior ou
um braço direito esticado a fazer a saudação romana. Não querendo eu acreditar
que alguns dos mais prestigiados políticos, comentadores, sindicalistas,
intelectuais e jornalistas portugueses são meros demagogos de feira ou pobres
maluquinhos da aldeia, levei a sério o que foram dizendo.
E é por isso que estou
extremamente feliz com os resultados das eleições para o Parlamento alemão.
Apesar de não gostar da intenção de alguns membros da AfD de meter todos os
estrangeiros num comboio e mandá-los de volta para a terra deles, tenho de
admitir que é uma estratégia ferroviária bastante mais inofensiva do que a que
foi levada a cabo pela Alemanha nazi em meados do século passado.
Raios partam esta m….. Afinal a Merkel já não é nazi? Porra pá, ela era nazi nos quatro anos da troika. Agora já não é? Vcs “adecidam-se” pá!
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